17.5 - Lobo e Serpente - Bônus

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Ayshe sentia-se leve quando perto do Hashira da Serpente, Obanai Iguro. A sensação, por falta de palavras melhores, era estranha, embora ela gostasse disso.

A primeira vez que entrou em contato com o dito Hashira, ela estava sozinha com ele — Emma e Ray estavam ocupados com uma missão de baixo nível. Em um primeiro momento, ele havia sido extremamente rude, não deixando-se abalar por sua fraca habilidade com o manuseio da katana, pois percebera que ela deveria ser boa com algum outro tipo de arma.

Enquanto ela fazia uma série de exercícios leves com a katana como uma espécie de aquecimento, Iguro virou-se pra ela:

— Diga-me, você sabe manusear outra arma, certo?

Embora tenha tentado parecer seca, mas educada, sua intenção passou longe. Por algum motivo, ela sentia-se bem com o referido Hashira. De alguma forma, sabia que podia confiar nele.

— Sim. Armas de fogo são meu forte. Como soube? — disse enquanto balançava a espada de treinamento contra um manequim.

— Seu jeito. Sua postura indica que você está acostumada com armas de longo alcance. Sua perna esquerda está dobrada demais, quase como se você estivesse ajoelhando no chão pra ganhar apoio. Além disso, você segura na katana com as duas mãos, tendo a direita mais pra frente, quase na posição do gatilho.

Ayshe travou. O Hashira era observador, tanto que ele foi o único a citar aquilo. O modo de sua postura. Saiu da posição que havia parado — com a espada pra frente e ambas as mãos segurando na arma. Diabos, nem mesmo ela tinha percebido!

Iguro chiou.

— Espero que esse detalhe não atrapalhe em seu desenvolvimento — logo, pegou uma espada de treino também. — Vamos, ataque-me.

Ela avançou, postura impecável. Rapidez incrível e, acima de tudo, análise tática de outro nível. Embora ainda não pudesse se comparar a qualquer uma das habilidades dos Hashiras, Obanai teve de admitir: a garota era boa.

Kabarumaru enroscou-se no pescoço do Hashira e fez uma leve barulho; alertando-o de um ataque vindo de sua esquerda pela troca repentina feita da espada na mão da garota.

A luta continuou por pouco tempo; Ayshe não se comparava com um Hashira, principalmente aquele que tinha a serpente como auxiliar nas horas da luta. No entanto, uma coisa havia sido perceptível: em momento nenhum ela mirou em Kabarumaru. Havia tentando até mesmo evitar o rabo dele.

O suor que escorria na testa da garota logo foi limpo por uma toalha entregue por um dos assistentes da mansão do Hashira da Serpente.

— Você não atacou Kabarumaru em nenhum momento — Obanai disse. — Nem mesmo quando houve uma brecha.

Os lábios de Ayshe se inclinaram um pouco, dando o indício de um sorriso.

— Se ele é seu companheiro, mesmo que esteja contra mim nesse momento, em outro estará comigo. — ela afirmou convicta. — Animais são extremamente leais a quem eles respeitam e vão protegê-los até o fim. Por isso, eu não ataquei Kabarumaru; ele precisa de você tanto quanto você precisa dele.

Obanai acenou compreendendo e sentou-se no engawa.

— Você fala como se por experiência.

A garota apenas seguiu os passos do Hashira, sentando ao seu lado, mas mantendo uma distância, e logo deu um assobio.

— Conheça meus protetores. — ela sorriu e, logo, três lobos apareceram.

Iguro riu.

— Uma surpresa bem vista e vinda, eu diria.

Flores da Esperança (Tpn x KnY)Onde histórias criam vida. Descubra agora