Flores da Esperança (Tpn x KnY)

17 - Reunião e Esperança.

O julgamento começaria cedo, pouco antes do meio-dia, o que fez Ray levantar mais cedo que o usual.

Embora esperasse que ninguém estivesse acordado quando saiu da cama, ouviu barulhos vindo da cozinha. Logo, colocou um kimono casual e saiu para verificar.

A cena era relativamente cômica; Ayshe estava lutando pra comer em paz enquanto seus lobos ficavam em seu pé pedindo comida.

— Eles normalmente não são assim... — ela comentou quando o viu. — Não sei o que aconteceu, mas parece que tiveram uma noite agitada.

— Se você quer dizer sobre correr pra lá e pra cá, bem, eles estão fazendo isso todos os dias. É só parar e olhar as pegadas no jardim, cada vez há mais delas.

Ayshe suspirou.

— Sobre isso eu não posso fazer nada. Eles estão alertas dês que cheguei aqui, então acabam mantendo a guarda todo dia, não importa se é de manhã ou de noite. As vezes, peço pra ficarem em frente à porta do quarto de vocês, mas duvido que façam isso, eles tem mais o que verificar nos arredores da residência.

— Entendo — ele respondeu ao sentar-se desajeitadamente ao lado da garota. — Emma já acordou?

— Acho que não. Ela estava bem preocupada ontem sobre o julgamento de hoje. De madrugada, ficou acordada rezando no altar. Aliás, percebi que vocês não andam mais rezando todos os dias, algum motivo para isso?

Ray a encarou por um breve momento, antes de dar uma mordida em seu pão.

— O treinamento nos anda deixando bem ocupados. Mas também há as missões e temos que ficar indo de um lado pro outro, está um pouco difícil, na verdade. Mas acho que agora cada um de nós dois vai se habituar a horários diferentes, já que nossos corvos pararam de avisar por nem sempre estarmos juntos. Eu prefiro rezas antes de dormir para eles. Emma deve preferir de madrugada.

Ayshe assentiu e deu um pedaço da carne que estava em seu prato pros seus lobos dividirem.

— Se você quiser, podemos por a foto ou algo em homenagem a alguém que você perdeu no altar. Talvez lhe de um motivo pra ter um pouco mais de fé nesse mundo. — O garoto disse de forma calma.

— A oferta deve ser tentadora para alguém que tem entes queridos. Eu não tenho ninguém além deles — apontou para seus lobos. — E eu não preciso rezar, não acredito em Deus, mesmo. Além disso, estou apenas motivada aqui para poder voltar ao mundo que pertenço.

O Hashira das Estrelas deu um leve aceno e saiu da cozinha, em direção a área de treinamento.

~~~

Emma acordou tarde, quase uma hora antes do julgamento ocorrer, e por insistência de Ray.

— Dormiu tarde ontem? — O garoto perguntou, enquanto observava a irmã pentear os cabelos ruivos.

— Mais que o usual — disse bocejando. — Sinceramente, espero que as chances estejam à favor do garoto; sei como ele deve estar se sentindo.

— Culpado, você quer dizer?

— Não. Ele sente-se preso por regras que gostaria que não existissem. Carregar um oni consigo, por mais que seja sua irmã, é quase como chegar para Bárbara ou Cislo, logo depois que na conhecemos, é claro, e dizer que estávamos protegendo a "garota do sangue amaldiçoado". — Explicou Emma.

— Mujika... — Ray sussurrou para si mesmo, compreendendo todas as palavras da amiga.

A Hashiras se levantou e foi em direção ao banheiro.