13 - Metáfora e Vida.

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Ayshe aceitou o fato de que a promessa fora feita de forma imprudente e sem concordância de Ray de forma realmente rápida. Não como se Emma esperasse outra reação, a garota era esperta.

Ayshe suspirou. Sinceramente, ela sabia que seria difícil viver em um mundo daqueles; cheio de incertezas e mortes. Onde o cheiro de sangue está em cada canto.

Você já pensou no que aconteceria... se alguém descobrisse? — Ela perguntou pensativa, olhando para a garota ruiva de soslaio enquanto acariciava um de seus lobos.

Emma já estava sentada, tinha contado sobre a promessa enquanto fazia um chá, tal chá que tomava agora, tentando possivelmente se concentrar mais na conversa que certamente demoraria um tanto para acabar.

Não tenho nada em mente, por enquanto. Mas, talvez contar uma meia verdade seja a coisa mais sensata. Não que seja bom, o bom realmente seria se já tivéssemos chegado aqui, nesse mundo, com todo mundo sabendo sobre o nosso mundo. Isso, porém, seria ridiculamente fácil, pois assim seria uma chance de exterminar esses demônios muito mais rápido. Temo que XXX queira que passemos por uma dose de sofrimento para proporcionar a Ele diversão. — Ela tomou um gole do chá e se virou para Ayshe. — Além disso, se tentarmos contar a nossa história a eles, com certeza eles duvidarão. Vamos, nem eu acreditaria se me dissessem, quando eu descobri sobre os demônios, que, em outro mundo, existiam pessoas os caçando para tentar manter a paz.

Talvez o mínimo que possamos fazer seja contar a um deles, aquele que certamente acreditaria ou que tem uma enorme confiança em você, tal confiança que você deverá adquirir.

Emma acenou levemente.

Ambas compreendiam a seriedade da conversa. Um hora ou outra alguém talvez fosse desconfiar ou até mesmo descobrir parcialmente algo sobre eles e isso não deveria demorar muito.

Ayshe, no entanto, só estava querendo fazer Emma refletir. Ela já tinha pensando em varias possibilidades, mas sabia que Emma só pensaria em algo na hora que fosse necessário, por isso, então, ela perguntou sobre. Emma poderia ser sensata e inteligente, mas ainda era ingênua, mesmo tendo passado por milhões de coisas que pessoas da idade delas não deveria ela continuava de certo modo ingênua.

Ayshe deitou-se no chão. Estava cansada, tinha a impressão que aquele mundo não era para elas. Que, talvez, XXX só estivesse brincando com a vida deles como se eles fossem marionetes que divertiriam um certo público.

Sinceramente, eu espero que Aquele bastardo não esteja brincando com as nossas vidas — Ayshe sussurrou raivosa sob a respiração.

Emma riu suavemente.

Ele pode ser um demônio, ou o Deus deles, mas, tenho certeza, que Ele é sensato o suficiente para não fazer isso. Ele diz que estamos proporcionando-o diversão, mas Ele tem medo. Ele teme que esse mundo caia nas trevas assim como o nosso caiu por mais de mil anos. Certamente teme sobre a vida de todas essas pessoas.

Ayshe levantou a cabeça para encarar Emma. O que ela estava falando? Como assim um Deus temeria a vida de meros humanos que nem mesmo eram de seu próprio mundo?

Emma parece ter entendido a expressão indignada de Ayshe, pois continuou:

Você sabe... Ele não é apenas aquilo que se mostra para a gente. Deuses assumem formas e, de certo modo, mundos. Por isso ele teme. Tenho certeza que ele é o Kami desse mundo. Por isso ele teme. Afinal, o que é um rei sem seus súditos? Ou um Deus sem os seus fiéis?

Nada... — Ayshe sussurrou, estava começando a entender o ponto de Emma.

Exato! Ele não é nada. Um rei sem seus súditos não tem um reino e um Deus sem os seus fiéis não é mais um Deus. Ele quer que a gente acabe com o terror desse mundo para que aqueles que ainda tentam ter um pouco de fé tenham mais fé ainda e, desse modo, que Ele não pare de ser um Deus.

Desse modo, Emma se levantou e seguiu o mesmo caminho que Ray tinha feito até os fundos da residência, certamente ambos foram treinar.

Ayshe, no entanto, ficou ali, refletindo.

As palavras de Emma zuniam em sua cabeça, sua raiva, porém, continuava presente. Não como se aqueles argumentos fossem acabar com ela, mas deixaram a garota um pouco mais "leve". Parecia que, agora, alguém tinha explicado o motivo de existência das coisas. De um Deus. E, até mesmo, da vida humana.

De sua vida.

Flores da Esperança (Tpn x KnY)Onde histórias criam vida. Descubra agora