Reações Involuntárias

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A noite se iniciava na metrópole, agitada e fria como de costume. Havia uma sirene e um ronco de motor em toda esquina, a cada segundo em que o trânsito continuava a fluir incessante entre os enormes arranha-céus, placas de led e hologramas de propaganda. A cidade era barulhenta e as pessoas quietas como fantasmas; mas não era esse o tipo de caos que se instaurava entre as quatro paredes do pequeno quarto de Hyunjae.

Afinal, os gemidos de Juyeon estavam bem mais próximos de seu ouvido enquanto ele recebia a intimidade rígida do outro em seu interior; seus corpos nus sobre a cama de solteiro se moviam em conjunto e o ambiente estava quase completamente escuro, exceto pela luz roxa e verde que entravam pela janela do pequeno apartamento. Hyunjae assistia as expressões de deleite do detetive enquanto se apoiava no colchão usando ambos os braços; suas costas contraíam e relaxavam enquanto ele movia a cintura contra a de Juyeon, cada vez mais rápido, pois sentia seu orgasmo se aproximar.

Um dos braços que se apoiavam firmes ali era na verdade uma prótese mecânica que Hyunjae usava em seu dia-a-dia, e ela passaria despercebida em momentos como aquele, se não fosse dois dos ligamentos artificiais se soltando, fazendo com que ele caísse próximo ao rosto de Juyeon. Ele, por sua vez, soltou uma risada meio consoladora e tomou os lábios do garoto de prótese num beijo sensual, agora que estavam tão próximos. O momento coincidiu com o orgasmo do detetive que apertou as pernas ao redor da cintura de Hyunjae, também fazendo com que ele gozasse com o estímulo. Ofegou profundamente por entre os lábios entreabertos, conforme sentia aquele calor todo chegar ao seu limite. Quando terminou, Hyunjae se afastou do interior alheio e afundou o rosto no travesseiro que estava sob a cabeça de Juyeon. Eles ficaram quietos por um instante, cada um recuperando o fôlego.

- Desculpa por essa merda... - Hyunjae sussurrou, apontando para o braço mecânico que agora estava vacilante ao seu lado, Juyeon apenas riu baixinho - para de rir.

- Eu não me importo, tá tudo bem. Nada fora da normalidade - Disse o detetive, colocando um dos braços atrás da cabeça e fechando os olhos. Hyunjae limpou a própria garganta com um som e se apoiou no seu braço humano para se levantar dali, procurando suas roupas. Acendeu o pequeno abajur holográfico de luz branca que havia ao lado da cama, ele iluminou onde suas roupas estavam e também mostrou as horas. Hyunjae suspirou, subindo a calça meio folgada.

- Isso tá me irritando um pouco - disse ele, olhando o braço travado - mas essa noite vem um droide de reparo continuar o concerto... E ele provavelmente vai me dar uma bronca.

- Quer que eu vá embora? - Juyeon perguntou tranquilamente, coçando o abdômen definido. Hyunjae deu de ombros.

- Se quiser - O castanho colocou um kimono escuro, com uma certa dificuldade por conta de seu braço defeituoso, e sem se importar em por uma camisa por baixo por conta do calor que ainda sentia. - Não tem nenhum caso para investigar?

Das poucas coisas que sabia sobre Juyeon, o fato dele ser um detetive particular era o que mais deixava Hyunjae curioso, imaginando que o moreno parecia um dos personagens dos videogames que ele já chegou a jogar: forte, misterioso, na cola do crime. Contudo o de cabelos pretos continuou com os olhos fechados, sem expressão.

- Estou quase falindo. Esses dias estão sendo muito gastos e poucos resultados... Clientes que descobrem o que não querem e se recusam a pagar... Esse tipo de coisa.

- Bem, espero que seja só uma fase ruim.

Juyeon murmurou um agradecimento meio indiferente. Logo Hyunjae tinha saído do quarto para ligar seu setup que ficava na sala principal ali ao lado, sobre um balcão largo, e reunia um conjunto de monitores e luzes led coloridas. O resto da sala também era bem equipada, ao que parecia que o de cabelos castanhos colecionava muitos computadores, tablets, chips interativos e high drives. Na breve ausência dele, Juyeon se limpou e vestiu rapidamente, colocando a calça, camisa e sobretudo e saiu do quarto, olhando em volta. Só tinha estado ali por duas noites e ainda se surpreendia com os detalhes na bagunça cinza-azulada que encontrava toda vez que saía do quarto escuro de Hyunjae depois de uma transa casual. O detetive suspirou, um pouco incomodado com aquela vista perturbada e pegou as chaves de seu carro; enquanto isso, Hyunjae se concentrava em achar um dos discos de vinil que insistia em guardar para ouvir durante o jantar. Alguns tinham sido de seu pai.

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