Supressão

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Na noite anterior, Juyeon havia chegado em seu apartamento bem exausto e já bastante ansioso com seu novo caso; acabou por colocar o pequeno gravador sobre a mesa e ouvir toda a entrevista com Choi Chanhee mais uma vez, enquanto preparava seu jantar e comia. Seu apartamento era mais espaçoso e mais organizado (se fosse comparar com o de Hyunjae), mas o detetive não passava tanto tempo assim em casa no fim das contas: estava sempre zanzando nas ruas da metrópole, seguindo casais de amantes, ou fingindo ser mais um pedestre na rua apenas para colher informações úteis. 

Nenhum caso que recebia era fácil, muito menos aquele novo e Juyeon já conseguia sentir a pressão vinda da voz do CEO. Ela que agora ecoava entre as paredes da sala de jantar; mesmo quando Chanhee tentava ser impassível, parecia afetado, um pouco desesperado. Contudo, tudo que o Lee podia fazer naquele momento era marcar novas entrevistas, e a primeira seria com a mãe dos Choi, a senhora Daeun.

Então, cedo pela manhã que se seguiu, Juyeon já mandava mensagens para seus próximos entrevistados e também para seu contato na polícia, a fim de se atualizar com o que eles já sabiam sobre o caso. Pensou também em visitar o escritório do falecido CEO durante aquela semana. Queria conhecer seu ambiente de trabalho, as pessoas que os cercavam, seus últimos projetos, e claro, disfarçar a intenção de suas perguntas para que as respostas que ele precisava viessem naturalmente. 

Esfregou o rosto enquanto tomava café, mal tinha começado e já se sentia exausto ao lembrar de todos aqueles itens na sua lista de tarefas. Lembrou de Hyunjae por um instante e se desanimou ainda mais por perceber que não sobraria muito tempo para vê-lo novamente. Mas iria tentar; aquela frustração toda precisava findar em algum lugar, nem que fosse entre as paredes do quarto abafado de Hyunjae, ou do próprio quarto (assim como ambos combinaram no último encontro).

Para seu contentamento, a senhora Choi Daeun não demorou para responder sua mensagem e confirmou, de forma seca e clara, que podiam se encontrar na sala de sua casa, ainda naquela tarde. Talvez Chanhee já a tivesse alertado sobre a nova investigação; Juyeon suspirou ao se vestir, colocando seu casaco longo e recordando do jeito misterioso e organizado dele. Esperava que ele se mantivesse longe de seu trabalho, mas sabia que essa não foi muito bem a impressão causada pelo Choi.

“Não faça nenhuma merda”.

— Tudo bem Sr. Choi — murmurou, falando sozinho enquanto dirigia pela cidade naquela tarde, que passava tão depressa. 

Juyeon procurou pelo endereço que lhe foi dado e encontrou uma bela mansão nos arredores da metrópole, ali onde era mais quieto e o metro-quadrado custava uma fortuna. Ele encostou o carro na rampa de acesso para se identificar ao lado do leitor e quando o fez, notou outro carro saindo pelo portão de saída ao lado; tentou ver quem poderia estar em seu interior, mas os vidros eram escuríssimos, portanto se atentou nos últimos dígitos da placa do carro. O leitor ao seu lado emitiu um som irritante por não reconhecer seu rosto quando o virou, então Juyeon suspirou e olhou novamente para o pequeno laser na parede, fazendo o procedimento de novo.

Quando finalmente chegou na mansão, encontrou a Sra. Choi exatamente como a imaginou: sentada na sala de visitas do segundo andar, vestindo roupa de grife e bebendo licor caro; ela era tão bonita e elegante quanto Chanhee, porém um tanto mais calma e mais indiferente. Ofereceu-lhe um pouco da bebida antes que ele aceitasse de bom grado e se sentasse no acolchoado confortável, começando com as perguntas usuais.

— Minha relação com o Donghee era mínima. Ele era um menino teimoso e meio mal agradecido, mas eu o amava muito; com certeza nos deixou um legado maior do que eu poderia ter deixado para ele. Então sempre fui orgulhosa, apesar de tudo.

— Você tem ideia do que ele vinha fazer aqui na noite que morreu, se tinha deixado algo?

— Não… Mas a primeira coisa que pensei é que ele sabia que algo ruim estava prestes a acontecer, sempre foi assim; independente de quanto ele me negasse, sempre voltava pra mim.

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