Mental Code

Kang Jaehyun

Hyunjae pegou um metrô até o prédio da Prism, que ficava entre a parte industrial da cidade e o centro comercial, numa localização privilegiada. Ali perto também ficava a fábrica onde o hacker havia perdido seu braço em um acidente. "Apenas mais um dia de trabalho'', pensou, enquanto olhava para as pessoas amontoadas no mesmo vagão. Algumas tinham próteses, assim como ele mesmo, mas dessa vez Hyunjae não parecia um mero trabalhador da linha de produção, pois estava arrumado, de blazer, óculos, cabelos bem penteados e nenhuma falha à vista. 

Hyunjae entava bem até descer na frente do grande prédio: foi quando sentiu um calafrio e suas mãos se fecharam com força. Ele precisou entrar na recepção e mostrar o ID falsificado — seu coração pulsando forte enquanto ele tentava com toda sua concentração, manter o sorriso. Sua mão de carne e osso suava enquanto a protética segurava a maleta. Dentro dela um fundo falso com todos os dispositivos de espionagem.

"Kang Jaehyun. De Goyang. Origem humilde. Estudei muito para estar aqui…" Ele pensava repetidamente conforme recordava de todas as instruções que Juyeon havia repassado no dia anterior. Recebeu um crachá e foi levado para uma sala onde estavam outros aprendizes, esses que realmente tinham feito a prova, diferente dele. Sentou-se no final da sala e prestou atenção no instrutor que os explicou como a fábrica funcionava e qual seria o dever de cada grupo durante a fase de treinamento. O homem apresentou os principais profissionais a quem os aprendizes poderiam recorrer, deu boas vindas a todos e logo os grupos de cinco pessoas foram divididos e encaminhados para cada setor da empresa.

Respirou fundo enquanto andava pelos corredores claros, rumando o setor de inteligência, o "Cérebro", ao lado de mais quatro jovens, três garotas e um rapaz. Quando chegaram, viram o enorme departamento composto por salas de vidros e laboratórios onde os droides eram atualizados. Havia também uma parte central onde estavam os computadores, a área conectava a passagem de quatro corredores: o de entrada, que ele estava; o da direita, que Juyeon havia dito que levava até os escritórios dos diretores e do CEO; o da frente conectava o setor de engenharia; e o da esquerda, que estava interditado para obras.

O instrutor que guiava os aprendizes, dividiu-os novamente, dessa vez entre os cientistas que ali trabalhavam. Hyunjae foi designado a ser ajudante de um homem baixinho, loiro e meio bochechudo, tinha uma expressão jovial e simpática. 

— Ju Haknyeon — disse ao se apresentar — sou um dos cientistas-chefes, junto com Kevin. Seja bem-vindo ao Cérebro, é como chamamos aqui.

— Kang Jaehyun — Hyunjae respondeu, fazendo uma reverência respeitosa — Obrigado, senhor.

— Ah! Não há necessidade para isso — Haknyeon sorriu envergonhado vendo a reverência — li na sua ficha que você é dois anos mais velho que eu!

— Oh… Você tem uma ficha minha?

— Sim! Apenas informações importantes, idade, telefone… Essas coisas.

— Ah! Claro! — Hyunjae sorriu, envergonhado.

— Venha, vamos começar.
Então o loirinho o levou até uma longa mesa onde havia teclados enormes e monitores holográficos, eram materiais mais avançados que os do seu setup, mas Hyunjae os conhecia bem.

— Esse é o nosso workspace. E embora nossas cadeiras sejam afastadas, a Prism possui um Sistema de Integração Digital, então poderemos visualizar e alterar os mesmos arquivos em tempo real. Também é como uma matriz, uma biblioteca onde existe tudo que já construímos. Já deve ter ouvido falar dele, apelidamos de SID.

— É como um servidor massivo — respondeu Hyunjae, olhando em volta.

— Isso, o maior do mundo. — Haknyeon completou com orgulho e então pediu que o outro se sentasse à mesa e passou a explicar as funções que ambos desempenhariam: naquela primeira semana, o Ju iria repassar códigos de interface e Hyunjae os revisaria, seria como um teste inicial. Explicou que não havia pressa em analisar todos os códigos de uma vez, pois havia um prazo gentil para os aprendizes. E para Hyunjae, era a coisa mais simples do mundo: se estivesse trabalhando ali de verdade, faria um programa que resolvesse aquela demanda para si, mas não havia tempo para brincar, seu objetivo secreto era outro. Precisava grampear o escritório do CEO.