24. Histórias

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- Ei! Sakura! Por que você está tão sumida? - Naruto chamou, atravessando a rua, puxando Sasuke pela mão até ela, que estava andando pensativa.

- Hum? - perguntou, um pouco perdida.

- Onde você estava? Caramba, nem sei quando foi a última vez que te vi - reclamou.

- O que você está aprontando? - Sasuke indagou.

- Nada, trabalhando - Sakura não queria mentir, mas Sami a fez jurar que não contaria sobre ela ir até o outro mundo de vez em quando, pois Naruto iria querer ir também, e isso viraria férias, como Sami afirmou.

- Não está, não - Sasuke rebateu. - Te procuramos ontem no hospital, Tsunade disse que era seu dia de folga.

- Diz logo porquê você some! - Naruto mandou.

- Por nada! - Recomeçou a andar.

Naruto puxou Sasuke, indo atrás dela.

- Sakura!

- Me deixa! Vão passear por aí, vão - Mandou.

- Só depois de você responder! - Naruto afirmou.

- Deixa ela, Naruto - Sasuke pediu. - Deve ser algo dela, depois ela conta - Parou, o fazendo parar também.

- Isso mesmo, Sasuke - Sakura continuou andando. - Depois a gente se fala, meninos, tchau.

Virou a esquina.

- Você é muito curioso, mocinho - Sasuke disse, sorrindo.

- Você também queria saber, Sasuke.

- Queria, mas ela não quer contar. Vem, vamos comprar o picolé - Levou Naruto para a direção que seguiam desde quando saíam da casa dele. - Você vai querer de chocolate, certo?

- Sim!

.

Sakura seguiu para sua casa, banhou e se arrumou rapidamente para ir trabalhar. Estava muito enrolada com seu trabalho no hospital e com Sami.
Tsunade ficava nervosa com cada atraso e Sami emborrecia quando não tinha a atenção de Sakura.

Mas tudo ia bem. Depois de receber a carta, não demorou para Sami brotar em seu quarto e a levar para conhecer as meninas. Finalmente Sakura pôde conversar com aquelas garotas que tinham a mesma idade que a sua mas vivências tão diferentes. Diferentes e aterrorizantes.

Agradecia internamente por Sami ter a convidado para conhecer as meninas e tentar ajudar outras de mesma situação. Mas não tinha ainda coragem o suficiente para dizer isso a ela. 

Sakura conheceu muitas garotas e se tornou amiga delas.

Tinha Amy, que sempre foi pobre e participava de aulas de luta livre na sua comunidade, ela era muito boa e, por isso, foi chamada para participar de uma competição, mas, quando chegou no país dessa competição, ficou sabendo que era mentira, ela foi levada para aquele hotel de Nail e à noite era obrigada a se prostituir. Sua família era ameaçada e isso a impedia de socar todo mundo, então a única família que teve foi Nala, Lia, Suzi e Ange; mas duas delas já tinham morrido. Amy sentia que tinha sorte e azar por ter sobrevivido. E agora tentava tratar os abusos que sofreu com uma psicóloga.

Nala era a que mais se mantinha firme, mas Sakura ouviu uma vez ela deitada chorando na casa onde morava agora, Nala veio de um continente mais afastado, conhecido como Africa, Sakura não sabia onde ficava, mas parecia ser bem legal, pois Nala falava com muito amor sobre ele, isso a fez ficar com vontade de visitá-lo, depois falaria com Sami. Demoraria um tempo até que Nal pudesse voltar.

Sakura conheceu Mia, uma menina muito linda, com uma bela voz, Sakura pediu que ela cantasse, mas a garota apenas gaguejava. Dizia não se lembrar mais de músicas, não lembrar mais das melodias, e quando tentava lembrar, em sua mente vinha as drogas que tocavam no local onde elas eram escravizadas.

Tinha Lia, mas não tinha como saber muito sobre ela. Lia não falava. Mas não foi sempre assim, Nala contou que já conversou com a garota quando se conheceram, mas, na primeira noite em que Lia foi "trabalhar", ela foi abusada e não mais falou. Isso talvez, Nala contou, que Lia tenha sido obrigada a ficar com mais de 15 homens em apenas uma noite.  E isso foi logo que chegou, inocente, não conseguiu mais falar.

Cintya foi mais uma chegada de Sakura, as duas se deram bem porque Cintya tinha bom humor mesmo depois de ter passado por tudo. No entanto, Sakura odiava quando ela decidia brincar com o que lhe aconteceu, fazendo piadas que não tinham graça, isso aborrecia a outra. Ela lhe contou que veio de um país chamado Brasil. Que ele era quente, muito quente às vezes, mas que era bom, que sentia saudades, que tinha uma filhinha, mas que a deixou para ganhar alguma grana trabalhando como empregada em um país gringo. E foi enganada, como quase todas as outras.

A que não foi enganada, morreu. Suzi morreu de overdose. Quando Sakura ouviu suas confições, antes da moça ingerir mais drogas do que o possível, Suzi estava bêbada e resolveu contar sua desilusão com uma garota linda e fofa que conheceu naquela droga de vida.

A menina era fofa e pura, Suzi jurava. Se remetia a ela como Anja. Anja porque a garota tinha fé que sairia daquela vida, tinha certeza que conseguiria ainda ser bailarina, que brilharia em um pauco e faria as pessoas vibrarem com sua apresentação de cisne negro. Mas não aconteceu. A menina que Suzi gostava foi perdendo o brilho aos poucos, perdeu um pouco da fé em cada uma das três tentativas de fuga e, na terceira, quando pensou que voaria, ela foi pega pelas asas, mas decidiu que nunca mais tentaria fugir, que nunca mais seria pega, nunca mais dançaria, nunca mais brilharia, nunca mais estaria na presença de Suzi, não mais falaria do seu namorado Tom, não mais veria sua família; então atirou na própria cabeça depois de destinar seu último olhar à Suzi, como um pedido de desculpa.

Desculpa porque sabia que Suzi era apaixonada por si. Sabia que Suzi só era feliz quando estava perto de si. Que ela era a mais esperançosa entre todas, mas que foi a única que teve a chance de se tirar daquela droga. Então se tirou. Atirou e secou a única semente de fé que ela mesma plantou em Suzi.

Horas depois da história, Suzi morreu.

Sakura sabia que a Anja era Angelique, respirou fundo, fechou os olhos, impediu lágrimas de descerem e decidiu que não deixaria mais garotas tão novas perderem seus sonhos em meio à podridão.

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O tráfico humano é um dos crimes ilegais mais lucrativos do mundo.

Em média, 70% dessas vítimas são mulheres.

Para Outro Mundo { NaruSasu }Onde histórias criam vida. Descubra agora