CAPÍTULO 14

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Era meia noite e eles saltaram pela janela. A noite estava quente, então, não trocaram seus pijamas. Eram pijamas velhos de flanela, um de cada cor. Como se estarem cada um com uma cor ajudasse a distinguí-los.
Eles ficaram por um tempo sondando o ar. Ninguém a vista. As casas da direita faziam parte da área familiar. Tirando a cabana do seu tio e a de Slade, todas as outras tinham filhotes pequenos, o que significava que todos estavam dormindo. Filhotes eram cansativos.
Florest gostava de estudar de madrugada e estaria envolvido demais em alguma matéria qualquer para perceber algum barulho que fizessem. E estavam usando valeriana, só alguns poucos poderiam percebê-los. Seu tio mesmo estaria no hospital com Fiona. Talvez ele aparecesse, mas ele sabia de tudo, não era um problema.
Torrent era. Ele parecia totalmente esquecido do que descobriu, mas todo cuidado era pouco com ele. E ele não dormia muito, estava apaixonado, ou pior: enfeitiçado. Suas noites deviam ser uma droga. Ele tinha olheiras e estava um pouco mais magro. E seu cheiro! O dia que um deles teve que ir pescar com ele foi uma tortura! Esperma por todo o corpo! Ele tomava banho, é claro, mas não anulava para o faro deles. Se tinha estado lá, eles sentiam.
O lago apareceu a frente deles, e suspiraram. Era lindo! Como tudo ali. Tudo e todos ali eram preciosos e lindos, perfeitos em suas imperfeições. Era o lar deles, e eles lutariam por aquele lugar com tudo o que eles tinham. Tiraram os pijamas e se lançaram na água, estava fria, ótima para acordar os músculos. Qualquer outros poderiam competir, mas eles não, foram nadando, suas braçadas sincronizadas. Eram uma frente unida, tentaram ser individuais, mas era incrível demais o que eles eram, pelo menos na opinião deles, não conseguiram.
A pequena ilha no meio do lago apareceu e eles jogaram seus corpos cansados pelo esforço. Ficaram durante um tempo só respirando, até que suas respirações voltaram ao normal.
"Torrent. O que faremos? Pride disse que a mente dele é forte. Talvez devamos sugestioná-lo de novo." Um deles sugeriu. As reuniões deles eram um momento de falarem abertamente. Eles não corriam o risco de deixar o disfarce cair na casa. Seus irmãos eram idiotas, as florzinhas não.
"Pride não é como nós. Ele está totalmente ligado às suas sugestões e elas despertam a sede de sangue, ele não usa seu poder máximo." Era um ponto.
"Devemos observá-lo. Mais que aos outros. Eu percebi que quando nos olha, ou se questiona por que somos tão iguais, ele sente dor. Com o tempo vai decidir acabar com a dor e vai se forçar a nem nos olhar."
"Não podemos ser arrogantes. Vimos o que deu na outra vez." Eles balançaram as cabeças.
"E Grace?"
"Nosso tio nos impediu de interferir. Ela não é tão diferente de nós. Quando era uma ameaça, ela foi uma inimiga terrível, mas agora, eu acredito que ela quer ficar segura aqui com os filhotes."
"Ela e Torrent, devemos juntá-los?"
"Acho meio arriscado. Ela parece gostar dele, ele ainda está agindo sob a influência da droga. Acho que devemos só observar. É claro que precisamos saber mais sobre ela."
"A história que ela contou, é verdadeira. Mas diferente do que ela acredita, os Novas Espécies não vieram para cá ou Homeland. Acho que algum deles matou o pai dela, sob influência de alguma droga, depois eles mataram os Novas Espécies. Acho que eram irmãos de Silent. O projeto deles foi abandonado. Seria muito fácil matar alguns e ficar com outros."
"James não vai gostar de investigar isso. Joe está envolvido demais com Mary, passa os dias conversando on line com ela, James está sobrecarregado de trabalho."
"Florest?"
"Muito caro. O idiota está precisando de dinheiro, aparentemente a faculdade a distância é muito cara. Não vai fazer de graça."
Eles ficaram em silêncio. Eles eram bons em informática, mas levaria tempo, e chamariam a atenção. Sem falar que James, Joe e Florest eram hackers, os melhores.
"Temos Lunna, mas ela é como nossas irmãs." Eles bufaram. Lunna era malditamente inteligente. Ela não escondia isso dos pais, podia pesquisar para eles, mas iria querer saber para quê.
E ela despertava coisas neles. Era bonita demais, esperta demais. O tempo em que ficaram próximos dela os fez brigar. Eles nunca brigavam. Lunna era perigosa. Ainda bem que havia ainda muitos anos até se tornarem machos adultos. Mas quando isso acontecesse, haveria outra briga.
"Peter?"
"O rei do drama? Definitivamente não!" Eles riram. Peter era dramático ao extremo, coitado do tio deles!
"O que querem com Peter?" Seu tio disse. Eles se sentaram. É claro que ele apareceria. Eles se aproximaram dele um de cada vez. Beijaram sua mão, seus cabelos e o cheiraram. Era bom. Eles o amavam até mais que a seus pais.
"Pesquisa. Grace contou o que aconteceu com o pai dela." Vengeance fechou a cara. " O falso pai dela."
Ele se deitou com a cabeça sobre as mãos.
"Peter não seria uma boa escolha. Acho que terão que apelar para Lunna."
"Lunna não!" Eles disseram ao mesmo tempo. O tio riu.
"Ah, como vai ser quando crescerem? Essa Reserva vai explodir. Moon não sabe o problema que tem nas mãos."
Eles ficaram calados por um tempo.
Havia um assunto desagradável, que eles estavam protelando.
"Eu sei. Fiona."
Eles soltaram o ar que nem sabiam estar prendendo.
"Sabem o que eu penso sobre segundas chances."
"Segundas? Ela está mais para milésimas." Um deles disse.
"Eu, de alguma forma, gosto dela mais agora do que antes. Ela parecia certinha demais, mas agora ela é como eu."
"Não há mistério nenhum agora, tio. Ela e Grace são comparsas. Grace a esfaqueou, elas armaram com Max para nos ferrar, ela quer o controle da empresa. O tio Francis pode estar em perigo."
"Falando em tio Francis..." Vengeance deixou a sugestão no ar.
"Tentamos, mas não é possível. A sugestão de Pride é orgânica, a nossa artificial. Não dá. Ele é muito velho."
"E Torrent?"
"Plantamos um mecanismo de defesa. Pensar em nossas semelhanças provoca dor. Ele é teimoso, mas vai acabar se rendendo."
"Leãozinhos, eu disse que não poderiam levar isso eternamente. Ninguém iria se importar. Seriam vocês mesmos."
"Sabe que não podemos, tio. Não pelos outros, mas por nós. Acho que acabaríamos nos matando."
"Certo. Estou indo." Ele se jogou na água e nadou. Eles ficaram observando.
"Vamos lutar." O prêmio era ser Simple, o perdedor seria Honest. Ser Candid era o prêmio de Consolação.
"Sem marcas visíveis!
E começaram. No fim estavam exaustos!
Honest disse:
"Que droga, Simple! Você chutou o meu saco com muita força!"
"Vale tudo no amor e na guerra."
Candid riu.
"Alguém quer trocar?"
Só podiam trocar depois de lutar.
"Eu não." É claro que Simple não iria querer.
"Candid?"
"Não. É melhor ficar calado que falar demais." Honest suspirou.
"Mais um mês!" Os outros riram.
"Mês que vem, você será Simple, vai ver, não vai demorar."
"Lunna conversou comigo ontem." Candid disse.
Os outros rosnaram.
"Foi ontem. Eu era Simple, então você tem que saber."
"Se você continuasse a ser Simple, iria falar?"
Candid riu.
"Isso pode nos arruinar." Honest disse.
Eles se lançaram no lago. Agora, com as personalidades definidas, competiam. Candid ganhou. Ele saiu da água silencioso. Simple e Honest discutindo.
Se vestiram e correram de volta. Quando saltaram a janela, Pride os esperava. Droga!
"Onde estavam?"
"Não reajo bem a ameaças, você sabe, Pride." Simple disse.
Ele suspirou.
"Quero que me faça esquecer uma coisa."
Simple acenou.
Candid e Honest sorriram. Não ser Simple tinha suas vantagens.

TORRENTOnde histórias criam vida. Descubra agora