Grace estava impaciente. Ela odiava hospitais e já estava a dois dias ali.
Dois dias sem ver seus bebês, pois ela precisou ficar totalmente de repouso até que a doutora tivesse certeza de que o sangramento parara. E dois dias sem ver Torrent também, a saudade corroía seu coração.
Trisha explicou que Grace, por ser Nova Espécie, deveria ter fator de cura acelerada, mas tudo indicava que ela não tinha. Isso fazia sentido para Grace quando ela considerava que a droga de regeneração que ela tinha tomado no parto dos bebês, tinha feito efeito por pouco tempo. Quando Torrent a jogou no chão, ela se machucou.
Depois ao cair com Tempest no colo, teve um sangramento.
Trisha disse que nunca tinha visto uma Nova Espécie como Grace.
"Bom dia, bonequinha." Seu pai entrou no quarto e Grace estendeu a mão. Ele envolveu sua mão com a enorme dele, se sentou na cadeira e a beijou na testa. O sentimento de proteção e carinho que ele despertava nela a acalmou no mesmo instante.
"Oi, papai. Veio me levar daqui? Por favor, diga que sim."
Ele sorriu o sorriso malandro de Peter. Engraçado como ele era tão sério que precisava sorrir para se parecer com seu filho.
"Mais ou menos." Ela ergueu as sobrancelhas. Algo dizia que não gostaria do que ele ia dizer
"Torrent, entre." O coração de Grace quase saiu pela sua boca. Ela estava sentada, devia estar descabelada e usava a roupa hospitalar, não devia estar com uma boa aparência.
Ele entrou sério como sempre. Seu cabelo estava solto, caindo pelos ombros, partido de lado. Seus olhos azuis, tão escuros quanto o mar alto. Grace teve de fazer força para segurar um suspiro. Torrent, porém inspirou audivelmente, deixando claro que sentia o cheiro de excitação de que ela mesma não sentia, mas sabia que devia estar exalando.
"Viu, não daria certo." Ele a ignorou e faltou olhando com cara feia para Vengeance.
"É apenas a parte humana dela, Torrent. Não significa que ela vai se jogar em cima de você." Seu pai disse.
O problema era que ele não dizia a verdade. Grace se jogaria sobre ele sempre que tivesse oportunidade.
"Sobre o que estão falando?" Ela achou melhor perguntar do que ficar tentando deduzir sobre o que eles discutiam.
"Seu pai sugeriu que eu, você, Tempest, Storm e mais tarde, Harmony, moremos juntos. Você precisa de cuidados, sua gestação é de risco. Meus filhotes ficaram comigo esse dois dias, seria ruim para eles ficarem de casa em casa. Eu concordo, desde que não compartilhemos sexo." Ele cruzou os braços.
Grace abriu a boca sem saber o que dizer. Era muita empáfia dele exigir que não fizessem sexo, quando ele podia saber que ela o desejava, mas ela não. Grace olhou o mais discretamente que conseguiu para a virilha dele, e viu que ele não era indiferente a ela. O formato do pau dele semi-ereto se desenhava sob o moletom.
"Você não vai tentar transar comigo?"
Ele estreitou os olhos. Seu olhar estava escuro e frio. Grace teve um certo desconforto.
"Você é uma fêmea, Grace. Eu, como macho, sou afetado por você, do mesmo jeito que sempre fui por qualquer fêmea. Não tenho problemas para reprimir meu desejo, fui celibatário durante muitos anos, se não fosse aquela maldita substância, ainda seria."
As palavras eram duras mas verdadeiras. Ela entendeu o ponto de vista dele, e se sentiu culpada. O plano dela e de Fiona era terrível, se tivesse dado certo, hoje, talvez alguns daqueles filhotes fofos estariam órfãos. Ela inclusive não teria descoberto que era filha de Vengeance.
"Não se culpe, bonequinha. Tudo deu certo, estamos aqui, todos juntos e bem."
Ele revirou os olhos. Se por seu pai chamá-la de bonequinha, ou por ele não ser tão misericordioso quanto Vengeance, não era possível saber.
"Como eu já disse, eu concordo, e você?" Ele perguntou.
Grace tentou não se excitar com a idéia de morar com ele. Pensar nele andando nu pela cabana como tinha costume de fazer, ou no rio, que corria atrás da cabana dele, onde eles fizeram amor incontáveis vezes, tudo aumentava a temperatura dela.
"Você não quer cuidar de mim, papai?" Ela achava que a idéia tinha seus méritos, mas talvez fosse melhor ficar com seu pai.
"Mas é claro que vou cuidar de você! Só que Tempest e Storm não merecem ficar longe da mãe ou do pai deles, não quando você está grávida de novo. Eles precisam do amor e cuidado dos dois. Eu estarei sempre presente, tanto que você vai enjoar de mim." Ele sorriu para ela, mas deu uma olhada de advertência para Torrent.
"E iremos morar na casa grande que Peter e Charlie construíram. Depois de ver a mansão que ficou, eles preferiram construir uma casa pequena." Seu pai sorriu satisfeito quando Torrent falou da casa.
"Isso mesmo. Tem até piscina, os filhotes vão adorar."
Grace sorriu, mas não achava que seria uma coisa boa, morar com ele por causa dos filhos deles.
"Até quando?" Se fosse pra sempre, seria um casamento. É claro que ela não queria isso.
"Acho que uns dois anos, Grace. Os filhotes estarão totalmente independentes e você já terá se recuperado. Acho que poderemos ser amigos e desenvolver um relacionamento agradável para que os filhotes se sintam amados e protegidos por nós. Eles não têm culpa de terem pais que não se amam."
Ele deu de ombros. Tinha razão. Os bebês eram pequenos e ainda não entendiam por que seus pais não moravam juntos. Se morassem juntos até o momento em que eles estivessem mais maduros para compreender a situação de seus pais, talvez conseguissem viver com isso sem sofrer.
"Certo, acho que devemos tentar. Sempre que eles vão para sua cabana é doloroso pra mim. Vamos ver no que dá. Você sabe que a excitação que sinto, seria por qualquer um, não é?"
Ele fez uma cara assustadora. Grace não entendeu o motivo.
"Não vai compartilhar sexo com nenhum macho daqui. Farei em pedaços qualquer um que te tocar." Grace se surpreendeu com o tom. Ele falava sério.
"Por que? Qual o problema? Não nos amamos, então, podemos transar de vez em quando com outras pessoas. Só como diversão."
"Não. Não aceitarei você se divertir com nenhum outro macho. Você pode engravidar. É isso que quer? Ter vários filhotes com machos diferentes?"
Grace sorriu. Ele estava com ciúmes? Mas não dizia toda hora que não a amava?
"Existem maneiras de se evitar uma gravidez, Torrent. Não usamos por que não estávamos em nosso normal quando fizemos os bebês. Não quero mais filhos, nunca pensei que teria mais de um!"
Ele pareceu indeciso.
"Como seria isso? Você compartilharia sexo com o macho na casa em que vamos morar, com os filhotes escutando seus gemidos?"
Ela imaginou a situação em sua mente. Não queria nenhum outro a tocando, pelo menos ainda não. Deveria ser algum resquício da substância.
"Filhotes tem ótima audição, Torrent. São ensinados desde cedo que seus pais compartilham sexo e que os sons fazem parte. Eu posso deixar você usar minha cabana, filhote. Afinal você foi criada como humana. Mulheres humanas saudáveis gostam de sexo casual."
Cada palavra de seu pai causou desconforto a ele, mas ele tentou disfarçar.
"Tudo bem. Eu não posso exigir que você seja como eu. Se não for onde iremos morar, você pode compartilhar sexo com quem quiser. Vamos logo? Eu e os trigêmeos pescamos e eles estão fritando os peixes. Você gosta de peixe?"
Ela acenou, dizendo que sim.
"Vou procurar Destiny para te ajudar."
Ele disse e saiu.
"Pai, acha uma boa idéia? E se os bebês sofrerem mais ainda quando ele se for? Acho que não dará certo."
Vengeance segurou as mãos dela e travou seu olhar azul cristalino nos dela.
"Minha idéia foi para que vocês se acertassem. Não quero meus netos vivendo com pais separados, Grace. Essa é a chance para você conhecer Torrent melhor e ver que ele é o macho certo para você."
Ela arregalou os olhos.
"Como assim?"
Vengeance continuou com os olhos fixos nela.
" Vocês passaram por uma situação peculiar, Grace, mas podem ser felizes juntos, pelo bem de vocês e dos meus netos. Use essa situação para ver se poderiam ser felizes juntos."
"Ele não parece querer ser feliz junto comigo." Era verdade. Ele sentia desejo, mas deixava claro que não a amava.
"Ele está confuso, do mesmo jeito que você. Mas eu vejo que podem ser uma família muito feliz, minha querida, basta você lutar para isso. Ele é um cabeça dura, mas eu não conheço alguém melhor para ser companheiro da minha bonequinha." Ele a beijou na testa.
"Grace, querida! Hora de ir embora? Só espero que venha me ver de vez em quando, eu adorei conversar com você. Ou se desejar outra coisa, também estou disponível." Destiny entrou no quarto com um sorriso em seu rosto delicado.
Antes que Grace pudesse responder Torrent rosnou.
"Faça seu trabalho e cale a boca."
Seu pai sorriu para ela. Talvez eles pudessem ser uma família feliz afinal.
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TORRENT
FanfictionTorrent tinha tudo que um macho poderia querer. Morava num lugar bonito, calmo e tranquilo na Zona Selvagem, longe do caos que era a área familiar. Ajudava Leo com seus animais, curtia o melhor de ser celibatário: não ter que lidar com as frescuras...