Capítulo 7

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Shisui: S/n! — correu até mim. — O que aconteceu?

Eu estava sentada no chão da cozinha com alguns cortes na mão. Porque eu estava com raiva o suficiente para fazer o mundo implodir, mas decidi descontar nos copos e taças dos armários que, agora, estavam em cacos no chão.

Expliquei para Shisui detalhe por detalhe o que havia acontecido. Não pude impedir que algumas lágrimas feitas de ódio rolassem pelo meu rosto.

S/n: Vou matar ele!

Um silêncio pairou sobre nós.

Shisui: O que aconteceu com o "fazer o certo"?

S/n: Tá brincando com a minha cara?! — exclamei. — Não ouviu tudo o que eu acabei de dizer?!

Shisui: S/n... — ele suspirou. — Você disse que estava tentando melhorar... que estava tentando fazer o certo.

Eu levantei rispidamente.

S/n: Isso foi antes daquele psicopata aparecer! Não era para ele estar vivo!

Shisui: Era para você tê-lo matado?!

S/n: Exatamente!

Shisui: Como fez com todos aqueles inocentes?

Senti que meu coração estava prestes a parar.

S/n: Isso... — engoli o choro. — Isso foi golpe baixo, Shisui... — minha voz falhou.

Shisui: Não quis magoar você-

S/n: Aé?! — indaguei.

Shisui: Estou tentando dizer que vingança não leva a lugar algum, S/n. Só te deixa ainda mais no fundo...

S/n: Não me peça algo assim, Shisui. — minha voz estava serena. — Não me peça... não vou dormir sabendo que o nome "Cadman" ainda existe. — o tom da minha voz começou a aumentar. — Não vou dormir sabendo que o nome que arruinou a minha história, arruinou a minha família, arruinou a minha vida, anda pacificamente sobre o mesmo chão que eu.

Shisui: Estou tentando proteger você! — ele tentou se aproximar, mas me afastei. — Proteger de si mesma! Matá-lo não vai fazer as coisas voltarem a ser como eram, S/n. Você sabe disso. Mas está disposta a cometer o mesmo erro!

S/n: Você não vai me impedir...

Ele massageou as têmporas.

Shisui: Nunca vai vencer os seus demônios cometendo os mesmos erros, S/n. — sua voz era pacífica. — Nunca vai superar isso se não perdoar e virar a página de uma vez por todas.

Pela primeira vez, Shisui está conseguindo me tirar do sério. Eu fui idiota ao pensar que ele ia estar cem por cento ao meu lado nessa situação e iria me ajudar a acabar com aquele Cadman. Mas eu estava errada, o que me entristece e enfurece ao mesmo tempo.

S/n: Então foi isso que você fez com o Itachi?! — ele franze o cenho. — Perdoou? Virou a página? — supliquei.

Shisui cruzou os braços, como se dissesse para eu continuar.

S/n: Qual é Shisui... — começo. — Você não quer admitir sua própria raiva.

Shisui: Está falando do que?

S/n: Você evita com todas as suas forças sequer pensar no Itachi. — exclamei. — Você está com medo que sua raiva o domine e o odeie por tudo o que ele fez.

Ele balançava a cabeça negativamente.

S/n: Ele "exterminou" o próprio clã, a própria família... sem questionamentos... sem hesitar...

Shisui: Foi uma ordem. Não tinha o que fazer.

S/n: Qual é Shisui, vai dizer isso até quando? Você diz que faria o mesmo para não ter que odiá-lo. Mas você, melhor do que eu, sabe que haviam milhões de maneiras de resolver essa porra.

Ele pressionou os lábios. Seus olhos estavam raivosos.

S/n: A diferença entre nós dois é que eu sou sincera comigo mesma, com o que eu sinto. Você está apenas maquiando a verdade para se sentir melhor. Para não ter que admitir que o odeia. Para não admitir que odeia a única "família" que lhe resta.

Sei que minhas palavras foram duras, mas essa foi a intenção. Quero que ele consiga entender o que eu estou sentindo. Preciso que me entenda.

Sei que tudo o que eu disse feriu o coração dele como uma faca. Como se o rasgasse por dentro. Como eu já disse, os olhos de Shisui são os mais expressivos que já vi.

Shisui: Está dizendo essas coisas para eu ficar com raiva de você e deixar você ir... deixar que cometa mais erros. — ele se aproxima. — Mas não vou deixar que saia por aquela porta, S/n.

S/n: Pode continuar mentindo para si mesmo, Shisui. Eu não me importo. Só gostaria que você ficasse do meu lado nessa, que lutasse comigo, não contra mim.

Shisui: Não estou contra você, droga! Não está me entendendo?!

S/n: Não, Shisui. É você quem não está me entendendo. Sinto muito, mas eu não sou como você. Não consigo perdoar ou esquecer, não consigo seguir em frente. Não dá!

Massageei a têmpora.

S/n: Estou pouco me fodendo para "a coisa certa a se fazer". — olhei no fundo de seus olhos. — Vou matar aquele filho da puta nem que seja a última coisa que eu faça. E não vai ser você que vai me impedir.

Shisui torceu o rosto. Como se tivesse escutado a coisa mais dolorosa do mundo.

Shisui: Eu significo nada?

Fiquei em silêncio.

Shisui: Eu não sou motivo suficiente para você ficar? — continuei sem responder. — Droga! — gritou. — Eu não sou motivo o suficiente para você esquecer essa merda de vingança?!

Saiu sequer uma palavra da minha boca. Meus olhos encaravam o chão, porque era difícil vê-lo daquela forma.

Shisui: S/n... — sua voz soava quase como se estivesse implorando, quase. — Vai ter que escolher...

Comecei a andar vagarosamente em direção a porta. Passei por Shisui mas não olhei para ele, nem por um segundo. Não podia.

Não podia mudar de ideia. Não podia abandonar a minha vingança. Não podia deixar aquilo barato... em nome da minha família... eu não podia.

Shisui me acompanhou com os olhos até a porta.

Shisui: S/n, pode me esquecer se passar por essa porta.


Foi a última coisa que ouvi da boca dele.



Eu saí sem hesitar. Sem olhar para trás.

Decisão DolorosaOnde histórias criam vida. Descubra agora