cap 4

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O bolo de Mitsuki exalava um aroma doce e reconfortante pela cozinha enquanto as duas amigas conversavam. Kiara olhou para a janela, observando a chuva que começava a cair, as gotas tamborilando suavemente contra o vidro. A lembrança do sonho de Eijiro e a mudança iminente para o Canadá pesavam em seu coração.

— E como está o seu cotidiano depois que Katsuki fez um ano? — perguntou Kiara, tentando desviar seus pensamentos.

Mitsuki suspirou e sorriu, lembrando-se dos momentos com seu filho.

— Ah, ele ainda é o mesmo desde que nasceu, só que agora parece estar ainda mais ativo! — disse, rindo e passando a mão pelo rosto.

Kiara riu junto, a lembrança de uma jovem Mitsuki passando por sua mente. A similaridade entre mãe e filho era inegável.

— E a Mayara, ela está em casa? — perguntou Mitsuki, curiosa.

O coração de Kiara deu um salto. Ela sabia que precisava contar à amiga sobre a mudança, mas não sabia como.

— Sim, ela está em casa — respondeu, com um sorriso fraco.

Mitsuki franziu a testa, percebendo a tristeza na voz de Kiara.

— Por que está desanimada? Vocês duas brigaram?

Kiara hesitou, tomando um gole de chá antes de responder.

— Não, é que... Quando Mayara voltar para o Canadá... nós vamos nos mudar para lá.

Mitsuki parou, tentando assimilar a notícia.

— Ah, entendi, claro que ela vai voltar... Espera aí, vocês vão se mudar? — perguntou, surpresa.

Kiara assentiu, tentando manter a compostura.

— E os meninos? Os dois são predestinados de alma! — disse Mitsuki, agora claramente preocupada.

— É exatamente por isso que vamos nos mudar — respondeu Kiara, a tristeza evidente em seu rosto.

— O quê? Por quê?

Antes que Kiara pudesse explicar, um grito de Eijiro seguido por um gemido de dor e o choro de um bebê ecoaram pela casa. As duas mulheres se levantaram de um salto, preocupadas. O medo de que o sonho de Eijiro se tornasse realidade tomou conta de Kiara. Elas correram para a sala, onde encontraram Katsuki sentado no chão, chorando, enquanto Eijiro estava afastado, com os olhos dourados brilhando intensamente e seus caninos cravados profundamente no próprio braço direito. O sangue escorria pelo seu braço, e ele rosnava, ofegante. Kiara e Mitsuki ficaram perplexas diante da cena.

— Mitsuki, tira Katsuki daqui! — ordenou Kiara, a voz firme.

Mitsuki correu até Katsuki, pegando-o no colo enquanto ele chorava. Ela o levou rapidamente para o quarto, trancando-se lá dentro.

— Tá tudo bem, meu bebê, já passou — murmurou Mitsuki, tentando acalmar o pequeno com seus feromônios. Quando Katsuki parou de chorar, ela o examinou e constatou que ele estava ileso. Percebeu que Eijiro deve ter empurrado Katsuki para protegê-lo de si mesmo, o que a fez lembrar da conversa que tivera com Kiara e do sonho do menino.

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Na sala, Kiara se aproximou cautelosamente de Eijiro, que ainda estava rosnando e com os olhos dourados.

— Eijiro... filho, está me escutando? — perguntou ela, a voz suave.

Ele rosnou em resposta, os olhos fixos nela.

— Calma, meu bem... é a mamãe... vai ficar tudo bem — disse Kiara, soltando feromônios para acalmar o filho.

Você conseguiu... proteger o seu ômega do seu Alfa! — afirmou com uma voz calma e firme.

Ao ouvir isso, os olhos de Eijiro começaram a voltar ao normal, a cor vermelha retornando enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto.

— Eijiro, é você? — perguntou Kiara, vendo a mudança nos olhos do filho.

Ele olhou para ela, como se confirmasse que estava de volta ao controle.

— Eijiro, escuta a mamãe — disse Kiara, seus olhos fixos nos de Eijiro.

Ele observou-a atentamente.

— Inspira e expira — orientou Kiara.

Eijiro seguiu as instruções, respirando profundamente.

— Agora, com calma, abra a sua boca lentamente, para não se machucar mais.

Eijiro obedeceu, tirando lentamente os caninos de sua pele. Quando terminou, respirou aliviado, mais lágrimas escorrendo por seu rosto. Kiara o abraçou, aconchegando-o contra seu peito, permitindo que ele inalasse seus feromônios calmantes. Quando percebeu que Eijiro estava mais calmo, verificou seu braço direito, surpresa ao ver que a ferida já estava cicatrizando rapidamente, deixando apenas o sangue da mordida. A regeneração rápida era uma vantagem dos Alfas lúpus, mas a velocidade com que a mordida de quatro centímetros estava se curando ainda a surpreendia.

Kiara se afastou do abraço, levantando-se quando viu Mitsuki no corredor.

— Katsuki está bem? — perguntou, ansiosa pela resposta.

Com um pequeno sorriso, Mitsuki respirou fundo.

— Não se preocupe, ele está bem, não tem nenhum arranhão.

Kiara suspirou de alívio.

— Tia Mitsuki? — chamou Eijiro, atraindo a atenção da mais velha.

— Sim, querido?

— Me desculpa por ter empurrado o pequeno pêssego! — disse, triste, olhando para os próprios pés.

Mitsuki ficou encantada com a sinceridade do menino.

— Não se preocupe, Eijiro. O pequeno pêssego está bem, agora ele já está até dormindo — respondeu Mitsuki, com um sorriso sincero.

Kiara observou a interação, aliviada que Mitsuki ainda tratasse Eijiro com a mesma gentileza. Ela se perguntou se Mitsuki compreendia completamente o que havia acontecido.

— Mãe... mamãe? — chamou Eijiro, puxando a blusa de Kiara.

— Sim, meu bem? — respondeu, olhando nos olhos do filho.

Os olhos de Eijiro refletiam o desejo de ir embora. Ele sempre fazia isso quando não gostava de algum lugar. Kiara compreendeu imediatamente que não era a casa de Mitsuki que ele não gostava, mas o medo de perder o controle novamente e machucar Katsuki.

— Claro, meu amor, vamos embora. Vou avisar a tia Mitsuki, e já vamos, tá bom? — disse Kiara, acariciando o rosto do filho.

Mitsuki olhou para Kiara e Eijiro, percebendo o que estava acontecendo.

— Ei, vamos marcar um encontro em breve, certo? — disse Mitsuki, tentando aliviar a tensão.

— Sim, vamos sim. Obrigada, Mitsuki, por tudo — respondeu Kiara, abraçando a amiga antes de se despedir.

PredestinadoOnde histórias criam vida. Descubra agora