Capítulo 15 - Verdades

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Pov E.J.

Abri meus olhos tentando me acostumar com a claridade do quarto. Minha cabeça estava explodindo. O que tinha acontecido? Observei por baixo das cobertas e percebi que ainda estava com a roupa de ontem. Com certo esforço me levantei, escovei os dentes, me despi e entrei debaixo do chuveiro. Depois me enxuguei, amarrei a toalha envolta de minha cintura e voltei para o meu quarto. Coloquei uma roupa e fui até a cozinha. Ao descer as escadas me deparei com minha prima, que ao me ver ficou séria.

- Como você tá se sentindo?

- O quê? Como assim? - como ela sabia que havia algo de errado comigo?

- Depois do que aconteceu ontem, óbvio que você iria estar de ressaca.

- Minha cabeça está explodindo - disse confuso - Espera aí, ressaca?

- Isso mesmo - disse e foi até a cozinha buscar um comprimido e um copo d'água - Você deve não se lembrar, mas chegou aqui bêbado ontem - me entregou o remédio para que eu tomasse.

Assim que ela falou isso, algumas imagens da noite anterior surgiram na minha cabeça, e uma delas era eu num bar, afogando as mágoas.

- Olha só, pensei que tivesse um pouco de juízo nessa sua cabeça, mas pelo visto não tem - falou brava.

- Me desculpa - disse com a cabeça baixa - Eu não queria ser um estorvo nem pra você, nem pra ninguém.

- E.J. - apoiou a mão no meu ombro, me fazendo levantar a cabeça para olhá-la - Você precisa parar com isso. Sabe que não é nenhum incômodo, para ninguém. Eu entendo que esteja chateado, mas eu só quero o seu bem.

Naquele momento a abracei. Ela tinha razão, eu não estava bem, há dias, e depois dos acontecimentos da noite anterior, não sei se vou conseguir seguir em frente normalmente.

- Você tá certa - disse no meio do abraço - Eu não estou nada bem. Tive meu coração...

- Partido - completou.

- O quê? - separei o abraço - Como você sabe?

- Ontem à noite, você mencionou algo assim, enquanto chorava.

- E-então você sabe de tudo?

- Na verdade não. Esperei para te perguntar isso hoje. O que aconteceu nesses últimos dias?

Suspirei fundo e por alguns segundos pensei se eu deveria contar a verdade à ela.

- Senta, vai ser meio chocante para você - disse e ela obedeceu - Antes de tudo, não te contei nada, porque seria melhor manter tudo em segredo por enquanto - mais alguns segundos se passaram e continuei - Estou apaixonado pelo meu grande inimigo, Ricky Bowen.

- O-o quê? - perguntou incrédula - Como? Q-quando?

- Foi no acampamento. Quando descobrimos que o lugar estava abandonado e que teríamos que nos virar para sobrevivemos, a princípio iríamos fazer isso separados, mas ele tinha trazido uma garrafa d'água e um pacote de salgadinho, então não daria para sete dias. O Bowen tentou negociar comigo, mas não aceitei, então o vi sair chorando. Naquele momento, acho que alguma coisa nova surgiu dentro de mim. Pela primeira vez na vida, senti pena dele. Então fui atrás do mesmo e foi aí que fizemos as pazes.

- E foi aí que você se viu apaixonado por ele?

- Na verdade não. Fui perceber isso somente no dia seguinte, depois de experimentar um turbilhão de emoções dentro de mim, sempre que ele sorria, ou apenas era gentil comigo - não pude deixar de escapar um sorriso - Acabamos nos aproximando bastante, até mais do que eu queria. No outro dia de manhã, ouvi ele berrar de medo, porque tinha entrado uma cobra no seu quarto durante a noite.

O Acampamento - Ricky & E.J.Onde histórias criam vida. Descubra agora