POV LIZZIEJulio tomou conta do volante depois de acomodarmos a Hope no banco de trás comigo e com a Josie. Finch foi na frente, claro. Jogamos o corpo do bruxo nazista no porta-malas, espero que ele não ouse acordar antes de chegarmos na escola. Josie roubou o celular de um dos lobisomens mortos e ligamos para casa. Nosso pai não reagiu nada bem quando soube que fomos emboscados, tampouco do resumo do que rolou naquele celeiro. Ele só disse para voltarmos o quanto antes e era o que faríamos. Enquanto Júlio dirigia a uma alta velocidade, checamos para ver se a Hope estava minimamente bem. As queimaduras já haviam cicatrizado e os outros machucados estavam quase totalmente curados. Como alguém podia fazer aquilo com outra pessoa ? Mais inacreditável que isso, como ela tinha aguentado ? As lembranças dos seus gritos eram algo que eu queria apagar, mas o que ficava martelando na minha cabeça era outra coisa.
LI: - É verdade ? - perguntei ao Júlio.
J: - O quê ? - Ele respondeu olhando pelo retrovisor.
LI: - Que ela estava lá quando fizeram isso com a mãe dela ?
J: - É.
JO: - Como ?
J: - O maldito do Roman atraiu ela para lá. A ideia era que o que rolou hoje, tivesse rolado quando ela tinha 15 anos. Mas a tia Hayley ganhou tempo o bastante para que o Klaus chegasse e a tirasse de lá. Infelizmente, no meio dessa confusão da Greta, Roman, Elijah sem memória, Hope acabou inconsciente e quando acordou... bom, quando acordou tudo já tinha acontecido.
LI: - Então ela viu a mãe dela ser torturada, apagou e quando acordou era órfã ?
J: - É, isso resume bem.
JO: - Ela nunca comentou nada sobre isso.
F: - Eu também não falaria. Se eu tivesse visto o que vimos hoje acontecer com a minha mãe e depois de acordar desse pesadelo ela tivesse morrido, eu tentaria esquecer.
O silêncio tomou conta do carro por uma parte do caminho, o único barulho audível era o choro discreto do Júlio. Sabia que eles eram amigos, que ele obviamente queria ser mais que isso para a Hope, mas não entendia bem o motivo do choro. Se bem que deve ter sido difícil ver alguém que ele gosta tanto passar por aquilo tudo sem poder fazer nada, pensar isso quase me fez chorar também. Foi quando percebemos a Hope se mexer.
H: - O que aconteceu ? - Ela disse tentando não precisar de apoio.
JO: - Calma, espera um pouco, vamos ajudar.
H: - Onde estamos ?
LI: - Indo para casa.
Ela fez silêncio uns instantes, como se para associar tudo que tinha acontecido.
J: - Hope, tudo bem ?
H: - Sinto muito.
F: - Como é que é ? - Ela disse se virando no banco da frente.
H: - Sinto muito que tenham visto aquilo.
Eu não estava alucinando. A Hope tinha acabado de se desculpar por ser torturada quase até a morte na nossa frente ? Pelo amor de Deus, o complexo de culpa dela era muito mais sério do que eu imaginava. Como alguém passa pelo que ela passou e a primeira coisa que pensa é em se desculpar com quem assistiu ?
LI: - Para. Para agora, Hope!
H: - Lizzie.
JO: - Não! Hope, a Lizzie está certa, para! Nada disso foi sua culpa, não tem que se desculpar.

VOCÊ ESTÁ LENDO
I - Os Dois Lados da Lua | I - Two Sides of the Moon
FanfictionPassaram-se quase três meses desde a morte do Landon. Meu período como tríbrida desligada durou pouco, mas fiz muitos estragos. Ainda é difícil lidar com a culpa pelas coisas que fiz: as pessoas inocentes que matei; as coisas cruéis que fiz e disse...