1

370 9 1
                                    

As vezes, nos meu inúmeros devaneios, eu penso que a felicidade não é, e nem deve ser considerada como uma  constância, um estado de espírito que não muda. A felicidade é feita de momentos, que nem sempre são consecutivos. Não existe felicidade catatônica, felicidade que dura sem pausa, é só felicidade. É normal ficar triste, é normal não querer sair da cama de manhã, é preciso uma tristeza para assim ressalta a nobreza da felicidade.
É preciso conhecer a escuridão, para se ofuscar com a luz, e assim é a tristeza com relação a felicidade.
E nesse instante, comprovo que sim. Talvez se o Eduardo não tivesse feito o que fez as coisas não seriam da mesma forma, a gente precisava disso.
Logo depois ele sair, meu pai ficou estranho, ao talvez seja a minha consciência pesando. Até quando, eu ainda continuaria sem esclarecer a minha opção sexual aos meus pais? Se é que eu posso chamar de opção. Acho injusto, não deveria ser necessário eu falar pra eles que gosto de meninos. Nunca ouvi falar em nenhum garoto da minha idade que teve que falar para seus pais que gostava de meninas. Por que eu seria diferente? Afinal por que a merda do sexo importa tanto? Somos mais que isso.
Mas mesmo assim, eu não tinha opção, sedo ou tarde eu teria que sentar com eles e falar tudo.
A minha mãe chegou meia hora depois, eu e meu pai já tínhamos feito o pedido de uma pizza.
Terminei de comer e fui para o quarto, ainda em êxtase. Em nenhum momento, passou pela minha cabeça que o Eduardo teria a coragem de vir aqui em casa, depois tudo aquilo. Meu Deus, ele gosta de mim. Mais essa tal de Rita? Droga.
Talvez ele tenha falado dela pra disfarça, ou coisa do tipo.  É a felicidade não é constante. Agora estou definhando de ciúmes, queria ligar pra ele, mas ainda é cedo de mais, não quero que ele pense que sou grudento, mais é tão difícil.
Vou esperar algumas horas, e aí mando uma mensagem, mais o que falar?
"Oi, queria saber se foi você mesmo que eu beijei? " ou " Você não se arrependeu, não é? ". É, não sei o que fazer, nunca cheguei a tal ponto, meus lances nunca foram tão longe, normalmente eram feitos nas redes sociais, e que misteriosamente a vida deles ficam muito complicada, e eles estavam com pouco tempo.
Aconteceu que uma vez, eu me apaixonei, eu acho, por um cara. Ele era baixinho, fofinho até, e muito safado. A gente manteu contato por mais de uma semana, o que era uma evolução na minha vida amorosa. Mais por meio e fim ele parece que cansou de mim, sei lá. Eu acho que não deu certo por que não tive iniciativas que fossem decisivas na relação, ele sempre tentava alguma coisa, mas eu imaturo, não me sentia seguro em falar coisas muito pessoais com alguém que eu nunca vi pessoalmente. E ele cansou, foi isso, acho que ele e eu colocamos espequitativas de mais, espequitativas que não foram correspondidas. E esse era o meu medo com  o Eduardo. E se ele, como muitos outros perdece o interesse em mim? Sinto um embrulho no estômago só de pensar.

***
6:20, é hora. Já resolvi o que escrever, bem a resposta está clara, um simples "oi" vai servir. Ainda tenho o e-mail dele.
Lucas45: oi, e aí?

Crônicas de um orgasmoOnde histórias criam vida. Descubra agora