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Eduu@rdo: oi
Eduu@rdo: ta bem?
Lucas45: uhum
Lucas45: e vc?
Eduu@rdo: bem tbm
Depois disso passamos uns dois minutos sem falar nada. Um silêncio constrangedor, por que isso? Até parece que a gente não se conhece. Ele quebra o silêncio, começo a amar as tomadas de iniciativas dele.
Eduu@rdo: andei pensando sabe, se vc tiver com tempo a gente podia ficar aqui em casa
Eduu@rdo: fica meio estranho só mandar mensagem sei lá
Eduu@rdo: a gente conversa melhor meus pais foram em um jantar
Eduu@rdo: e aí?
Lucas45: tbm acho
Lucas45: mais o problema é q nem sei onde vc ta morando agora
Eduu@rdo: eu te pego
Eduu@rdo: vai lá pra pracinha perto da sua casa
Lucas45: ta, to indo já
Merda, tenho que tomar banho, e procurar alguma coisa legal pra vestir.
Tomo um banho rápido, visto uma calça jeans e uma camisa azul com alguns temas do Paramore e um tênis.
Desço e vejo meu pai vendo o jornal e minha mãe arrumando uma papelada. Ela trabalha em uma escola, como diretora pedagógica. Não paga bem e da muito trabalho, as vezes não culpo ela por andar sempre estressada.
- Mãe, vou ali.
- Esse ali tem nome, senhor Lucas?
- Deixa o menino Isadora.
- Se ele arranjar um bebê por aí não venha me culpar.
- Pode ir filho.
- Brigado pai
- Na minha casa ninguém entra depois das doze.
- Também te amo mãe.
Saí andando o mais rápido possível, a minha casa fica a umas duas quadras de uma praça. Eu e o Eduardo costumávamos brincar lá, com o um monte de criança. Me lembro como hoje, no dia em que ele me tirou de uma enrascada, ele não bateu nos meninos nem nada, mas como a casa dele ficava mais perto da praça, a gente saiu correndo pra casa dele, com uma tropa de garotos enfurecidos atrás. Não me lembro o motivo, mas não eram as poucas encrencas que eu me metia, as vezes só pro Eduardo me ajudar.
Quando chego lá, tem um pessoal em uma roda, e meu tio está no meio falando alguma coisa, que parece ter graça, deve ser alguma mentira deslavada. Tento não ser notado por ele, ficando do lado oposto ao que ele está. O universo conspirou e ele olha diretamente para mim. É, e agora ele ta vindo na minha direção. Droga.
- Lucas!
- Oi tio.
- Ta esperando alguém?
- É sim, um amigo meu.
- Amigo?
- É, amigo.
Do que ele ta rindo? De mim?
- Vocês vão a algum lugar?
- É, por quê?
- Não, nada não.
Ele rir de novo.
- A sua mãe ta bem?
- Sim.
A minha vontade era dizer que estava maravilhosamente bem agora que não tem que sustentar um vagabundo drogado que nem ele.
- Se você quiser pode vir ali pra perto da gente enquanto seu amigo não chega.
- Não to bem.
- Qual é cara? Vamos lá. A gente não morde.
- Sério, to bem.
- Vem logo moleque, quero te apresentar minha turma.
- Mais é sério. Não quero ir.
Por que ele não desiste, merda?
- Vem logo, deixa de ser bichinha.
Agora ele me puxa pelo braço.
- Me solta porra!
- Qual é moleque, para de ser fresco.
A cena séria hilária, ele me puxando, como quem puxa uma criança de cinco anos, para o banho. Mais não, não é engraçado, porque ele ta quase arrancando meu braço e me fazendo pagar um mico.
- Tudo bem Lucas?
Ai meu Deus. É o Eduardo, ele ta aqui, meu cavaleiro negro, e eu percebo como eu tenho pensamentos muito piegas. Mas ele ta aqui, e isso me deixa feliz, ele ta me tirando de outra encrenca, e na praça. Muita nostalgia para uma noite só.
- Qual é? Solta ele.
- Você quem é?
- Me solta merda! É meu amigo.
- Ta, ta. Pode ir.
Ele rir de novo, essa cara de desdém, me tirar dos nervos.
- Vem Lucas.
- Valeu.
- Quem é esse maluco?
- É só o resto de aborto do meu tio, ele queria que eu me juntasse no grupo de merda dele.
O Eduardo começa a rir e eu dou um soco no ombro dele.
- Do que você ta rindo porra?
- Você.
- Eu?
- É, ou você nunca percebeu como fica fofo com raiva?
Dou outro soco no ombro dele, agora com mais força.
- Aí! Mais me diz por que você sempre arranja briga nessa praça?
- E você acha que eu sei.
Ele se diverte. Como eu senti saudade desse sorriso. Ele passa o braço esquerdo por cima dos meus ombros, a gente ta em uma rua pouco movimentada, mas mesmo assim eu fico oscilando entre desconforto e prazer. Ele cheira bem e o peso do braço dele me trás conforto. Ele parece não ligar para os olhares.
- Então, aonde é sua casa?
- Ela fica a uns quinze minutos, é perto do centro.
Ele tira o braço dos meus ombros, e eu fico um pouco triste, tava gostando.
A gente chegou até mais rápido do que eu pensei que seria. A casa dele é uma de três andares, cercada por muros e um portão grande dourado. Ele pega uma chave pequena no bolso do short vinho. E eu dou uma boa olha na bunda dele, é redondinha e empinada, e com esses ombros largos formam uma bela visão. A gente entra, tem uma piscina com algumas cadeiras de praia ao redor.
- Um dia te chamo pra tomar um banho de piscina.
- Beleza.
A gente entra em uma sala grande, com um sofá bege em forma de L. Noto que não tem TV, que tipo de casa não tem TV? Ele parece ter lido a minha mente e fala.
- Ta procurando a TV?
Faço que sim com a cabeça.
- Seus pais não tem TV?
Ele pega um controle em cima do sofá e aperta um botão e uma TV enorme começa a subir. Meio exagerado, pro meu gosto mais é legal.
- Teve um vez que quebrou e a gente passou uma duas semanas sem ver televisão na sala.
- É legal.
- É exagerado de mais.
Concordo com a cabeça.
- Vem, vamo subir pro meu quarto.
Eu arqueio as sobrancelhas para ele. Ele levanta as palmas das mãos em defesa.
- Calma, não tava pensando em besteira. Ao não ser que você queira.
Eu reviro os olhos para ele. Ele rir.
- Tudo bem, mais se lembre que eu levo comigo um spray de pimenta e um soco inglês.
- Claro.
A gente sobe uma escada para o segundo andar, que parece ser o andar reservado para os quartos. Tem um corredor que leva com um cinco portas, um parece ser o banheiro, e ele me explica que são duas suíte, uma dos pais dele e outra dele, e dois quartos de ospede.
- Lá em cima, fica o que?
- O salão de festas que é tipo o depósito do meu pai quando não ta em uso.
Ele abre a porta a esquerda dele e nos entramos.

Crônicas de um orgasmoOnde histórias criam vida. Descubra agora