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A rua está vazia, e o frio é de cortar. Me abraço e esfrego os braços para tentar afastar os calafrios. Caminho de pressa em direção a casa do Eduardo. Meu Deus, onde eu estava com a cabeça para sair tão tarde de casa? Ta, admito que não é tão tarde assim, são 9:45 da noite. Torço para que eu consiga chegar em casa antes que minha mãe perceba que eu não estou no meu quarto, ela vai pirar.
Levo susto quando um borrão preto cruza a minha frente. Droga, foi só um gato e eu estou me borrando de medo.Apresso meus passos, já estou vendo o portão da casa do Eduardo.
Agora percebo que não passou pela minha cabeça que os pais dele podem estar em casa. Qual a desculpa que o Eduardo vai dar pra minha visita a essa hora da noite? Não importa, ele que se vire em arranjar uma desculpa.
Chego em frente ao imponente portão, onde os pais dele arranjaram tonto dinheiro assim?
Bato no portão duas vezes, nada. De novo, nada. Cinco minutos depois me sinto um idiota em estar fazendo isso, o que não se faz por amor, não é? Talvez o Eduardo tramou isso, não, ele não seria capaz. Eu deveria fazer uma cerenata? Patetico.
Ah claro, uma casa como essa não teria pelo menos uma companhia?
Como fui idiota. Aperto ela e logo escuto alguém caminhar em direção ao portão. Espero ansioso e com um pouco de receio, pode muito bem não ser ele.
Quem me atende é um homem muito mal humorado careca, ele me olha feio. Etretanto muda de semblante logo que me reconhece.
- Lucas?
Ele pergunta intrigado, faz muito tempo que a gente não se ver.
- Sim, sou eu. O Eduardo está?
- Sim, ele está lá no quarto dele. Nossa faz muito tempo que eu não te vejo rapaz, já está um homenzinho.
Fico sem graça e tenho vontade de rir.
- Bem acho que eu volto amanhã pra falar com ele, não quero atrapalhar o sono de vocês.
- Que nada, pode entrar, eu nem tava dormindo e o Eduardo deve estar acordado ainda. Entre, você é de casa.
- Ok, obrigado.
Ele abre a portão e eu entro e espero enquanto fecha.
- Seus pais sabem que você está aqui?
Ele diz quando se vira pra mim. Fico mudo, sou péssimo em mentiras.
- Sim, sabem sim. E é uma coisa rápida, o que eu tenho pra falar com o Eduardo.
Ele ele faz um gesto positivo com a cabeça parece acreditar, graças a Deus.
Nós caminhamos até a porta ele vai na minha frente, ele tem mais ou menos a altura do filho, na verdade ele tem minha altura. Sua careca é brilhosa e ele está usando um pijama azul marinho, parece ser caro.
Ele abre a porta da frente e me pede para que eu entre. A sala está vazia.
- Vou comer alguma coisa, você sabe onde fica o quarto dele?
- Sei sim, obrigado.
Ele me olha com um misto de curiosidade e depois sorrir, tem alguma coisa ali. Finjo não notar o sorriso esquisito e subo para o quarto do Eduardo.
Bato na porta, e em um piscar de olhos ele abre. Perco todo o meu ar com a visão a minha frente. Ele está sem camisa e só com a parte de baixo de um pijama que está meio caido para a direita, o que me dar um acesso de libido. Ele sorrir tímido e eu correspondo com um sorriso esperançoso.
Nos encaramos por um tempo. Talvez ele não esteja mais com raiva de mim, mas seu rosto tem vestígio de que andou chorando, estremeço por saber que eu sou o motivo da sua tristeza.
- Não vai entrar?
- Claro.
Passo e espero ele fechar a porta, quando fecha me sinto livre para roubar um beijo seu. Beijo suave e doce que surpreende ele, me enrosco no seu pescoço e ele relaxa visivelmente.
Quando o beijo já ganha mais intensidade eu desço minhas mãos pelas suas costas, trilhando com os dedos cada músculo, diminuo ainda mais o espaço entre nós, levo minha mão para seus cabelos e puxo ele para mim, já é notório o volume da calça dele, faço movimentos com a pelvis contra a dele e ele geme baixo, levo as mãos para a parte de baixo da seu pijama e tendo tiralo, mas ele me para bruscamente, o que me assusta.
- Não. A gente tem que conversar, e desse jeito eu não vou conseguir.
Uau. Mudança inesperada, e lá vem bomba.
- Ok.
Digo sussurrando, sem saber onde me enfiar depois dessa.
- É melhor a gente se sentar.
Ele caminha em direção as almofadas gigantes do seu quarto. Faço o mesmo e nos sentamos virado um para o outro.
- Descu...
Sou cortado antes que eu despeje todas as desculpas que eu tinha formulado. Ele está com muita raiva, sinto que vou chorar.
- Lucas sei que é difícil, que é muito complicado passar pelo que você esta passando, mas se você não começar a ter atitude de homem e assumir a gente, ou pelo menos parar de fugir de mim toda vez que a gente tem algum problema, essa vai ser a última vez que a gente vai se ver.
Isso me acerta como soco no estômago, ele olha para mim decidido a comprir sua palavra.
- Eduardo não é assim. Eu não posso me assumir pra todo mundo de uma hora para outra. E você me diz, você já fez o que está me pedindo?
- Claro que fiz, naquela mesmo noite em que você esteve aqui. E os meus pais brigaram muito por causa disso, mas eles me amam, e me querem feliz não importa se é com um homem ou uma mulher.
Ele parece orgulhoso, e eu só consigo sentir uma pontada de inveja.
-Fiz isso por você Lucas. E o que você faz por mim?
Ele sorrir triste e irônico, os olhos pequenos marejados.
- Nada Lucas, você só tenta escapar de uma coisa que cedo ou tarde vai acontecer.
- Eu sei, eu sei. Eu tenho tanto medo, medo de que pode acontecer comigo. E se os meus pais impedirem de a gente se ver?
- É um risco que você vai ter que correr. Do jeito que está não da mais pra mim.
Uma lágrima ameaça sair livre pelo meu rosto e eu pisco rápido de forma que ela vá embora.
Isso é um susto para mim, sei muito bem que os pais deles não fazem o estilo conservador, mas para tudo ta tão bem assim, nesse curto período de tempo, chega a ser esquisito. Agora sei o porquê do sorriso estranho do pai dele lá em baixo, ele deve saber que existe alguma coisa entre eu e o Eduardo. Me sinto completamente nu, por saber que os pais dele sabem tanto sobre mim.
- Você falou alguma coisa sobre mim?
- Não! Meu Deus Lucas por que você acha isso?
Ele está exasperado e eu vejo o quanto eu posso ser ridículo. Ele nunca seria capaz de fazer isso comigo.
- Ta, desculpa. Só passou pela minha cabeça.
Ele não me olha nos olhos e suspira pesado, é o limite dele.
- Você ainda me ama?
Ele me olha confuso e cora de repente,me encara, sua expressão triste e cansada me destroça.
- Amo, não sei o porquê, mas sim, eu amo.
As palavras mal saem da sua boca, e em um tom lastimoso, um sentimento que ele não tem nenhum pouco de orgulho.
- E então Lucas, o que vai ser?
- Eu... eu não sei se eu consigo.
- E quando você vai conseguir Lucas? Não, não precisa responder, você é um covarde, nada vai te fazer sair desse seu papelzinho de filhinho hétero. Agora saí do meu quarto, a gente não tem mais nada que conversar, nunca mais quero olhar na sua cara.
Fico mudo, não é isso o que queria quando eu decidir vir aqui. E agora ele está me expulsando. Mais eu vou fazer o quê? Eu simplesmente não posso fazer isso. Não agora, talvez nunca.
Saiu às pressas da casa dele, não foi assim da última vez? A diferença agora que essa vez não vai ter mais volta.

Crônicas de um orgasmoOnde histórias criam vida. Descubra agora