Capítulo 19- Queda Livre.

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12:25

𝕊𝕔𝕒𝕣𝕝𝕝𝕖𝕥 𝔸𝕪𝕖𝕣𝕤.

Sentia meus membros pesados e cansados embaixo das cobertas, já estava acordada a muito tempo mas não pensava em levantar. Não agora.

Odiava os domingos,odiava mesmo.

Podia escutar Rose mexendo nas coisas pela cozinha,às vezes escutava uma risada dela e de Vittorio que agora parecia estar morando aqui,mas não ligava,Rosita estava feliz com ele então eu também ficaria.

A tela acesa do celular era a única luz de todo meu quarto,as paredes em um cinza ajudavam o ambiente a ser escuro naturalmente,claro que também tinha a ajuda das grossas cortinas.

Os domingos costumavam ser dias especiais,era o dia onde Elijah ficava em casa,então sempre acordavamos com panquecas e doces para o café da manhã,onde sentávamos juntos e ele nos fazia contar cada mínimo detalhe de toda a semana.

Era difícil respirar quando eu lembrava dele.

Porque eu ainda lembrava da minha última semana naquele orfanato,lembrava de quando os garotos imaginaram o quanto seria engraçado de prenderem em um dos quartos e cortarem meu cabelo.

Lembro que Elijah chegou lá bem vestido,mas com um sorriso doce nos lábios,e quando ele foi até mim.

Eu tive medo que ele me machucasse,mas ele me estendeu uma mão e disse que eu era a menininha mais linda que ele já havia visto,que meus olhos eram como duas lindas esmeraldas.

Depois disso ele continuou com visitas por toda a semana, até hoje me pergunto o que ele fazia em Seattle—onde eu vivia— até que no domingo ele me perguntou se eu gostaria de ficar com ele.

Suas palavras exatas foram " Você aceita ser minha filha? Não consigo voltar sem você".

Eu sorri e o abracei,depois chorei mas ele segurou minhas mãos outra vez e disse que iríamos para casa. Foi o dia mais feliz da minha vida.

Uma coisa que nunca iria sair de minha memória foi quando chegamos na Itália e ele me levou a um salão,onde cortei meus cabelos na altura do ombro,e quando eu perguntei se poderia ter os cabelos brancos ele sorriu.

E assim as coisas se seguiram,foi o homem que me ensinou a usar uma camisinha,mas também me ensinou a não errar um tiro.

Me contava histórias sobre as coisas que ele já havia vivido antes de dormir,e que chorou quando eu me formei na escola. Fez tudo isso por Rose quando a encontrou também.

Era meu pai e eu o amei mais que qualquer outra pessoa nessa terra.

Mas também me lembro que era uma terça e chovia muito,eu estava sentada no sofá assistindo um filme qualquer pois na noite passada eu tinha sido destruída em um dos treinamentos de Massimo e mal conseguia me mover depois que ele enfiou uma faca em minha perna,então quando meu celular tocou e me mandaram ir até um dos galpões e não pude dizer não.

Fui até lá e Massimo já estava me esperando,na próxima hora ele me contou como meu pai havia infartado enquanto dirigia,em seguida causando um acidente onde ele morreu com o impacto na batida contra um caminhão.

Depois tive que contar toda história a Rose também,não tive tempo de sentir nada,ela precisava mais de mim.

Só me dei conta que estava chorando quando esbarrei uma mão em meu rosto molhado,então logo tratei de o secar,chorar agora não adiantaria nada.

Não importava o quanto eu sentia meu coração pesado.

Jogo as cobertas para o lado e pulo para fora da cama,segundo em direção ao banheiro e retiro a pequena camisola e me olho no espelho.

Through us (Máfia Italiana)Onde histórias criam vida. Descubra agora