CAPÍTULO 20 - Are you breathing?

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𝐒𝐂𝐀𝐑𝐋𝐋𝐄𝐓 𝐀𝐘𝐄𝐑𝐒
23:00, Galpão 030.


  Perante todas as incógnitas da vida, a maior delas para mim sempre foi o porquê das reações. Não as reações a qual estamos acostumados como "supresas","tristeza" ou "alegria". Quando me questionava sobre uma reação gostava de me aprofundar nas possibilidades extremas de alguma situação hipotética. Quais seriam as reações perante a uma cena de perigo? Ou melhor, quais seriam as reações em uma cena onde eles seriam o algo maior a ser temido?.
Talvez eu devesse ter sido psiquiatra e não uma espiã. Talvez fosse mais útil assim.
Minha mente divagava enquanto me sentia terrivelmente entediada pela demorada chegada de meu novo brinquedinho.
Massimo estava com um sorriso perverso em seus lábios enquanto também olhava para o mesmo local que eu. Crianças.

Era assim que chamavamos nossos mais novos membros da família. Crianças.
Era nossa obrigação agora os moldar e os ensinar conforme nós fomos ensinados um dia. E era divertido.
Cerca de 10 homens estavam em uma fila horizontal em nossa frente apenas esperando por nossas ordens.

Bom, minha vida não estava tão pacata ultimamente então não poderia a culpar por todo meu tédio . Me faltava apenas alguma emoção maior para que eu ficasse plenamente feliz e era por isso que Massimo havia me convidado para o treinamento de hoje.
— Vamos começar - O homem mais velho exclama no momento em que dois outros homens entram empurrando o que parecia ser um enorme carrinho com um tecido preto o cobrindo. Era de fato enorme, eu percebo assim que o posicionam sobre o chão da sala. Empolgação me consome.
Era esse meu problema com as reações, enquanto todos ali estavam aflitos e com expressões receosas eu estava quase dando  pulinhos de felicidade. Talvez fosse insana como a maioria gostava de dizer, mas quem se importava?

Sigo até o tecido preto e usando minha mão direita o puxo, deixando exposto ali o enorme aquário. Correntes se prendiam ao seu fundo, mas em sua ponta estava uma espécie de coleira que combinava perfeitamente com o belo par de algemas que se encontravam suspensas na tampa da bela invenção totalmente feita com vidro temperado.

— Serão presos pelas correntes e fechados dentro do aquário - Massimo explica com sua calma inabalável e eu quase rio ao ver a expressão de alguns dos homens ali. - E então a chave dos cadeados será jogada na água. Sua tarefa é se manterem calmos o suficiente para se libertarem das correntes e saírem do aquário.
Eu havia passado por essa fase quando me iniciei em todo esse mesmo treinamento. A calma seria essencial se eles quisessem sair dali sem perder a consciência.

— Senhor - Um jovem levanta sua mão. Devia ter cerca de um metro e oitenta, seus cabelos eram escuros mas muito curtos. Sua pele negra contrasta com o branco de sua camisa. - O que acontece se alguém não conseguir se soltar das correntes?.

— Primeiramente, estará fora de todo o treinamento - Eu respondo. Os olhares agora recaem sobre mim em um delicioso misto de confusão, respeito e até descrença - Mas isso não irá importar, afinal, se estiver morto também já é descartado.
E então eu sorrio. Aquilo iria me divertir mais do que o esperado.

— Como todas suas dúvidas já foram sanadas, vamos prosseguir - A imensa tampa do aquário é aberta por dois operantes. Com um curto aceno de cabeça Massimo sinaliza para que eu me aproxime - Iremos iniciar com um exemplo de como vocês devem se sair.

Dito isso, deixo um suspiro devido a minha empolgação escapar de meus lábios, em seguida retiro minha blusa e meus sapatos.
Estava com uma camisa preta com alças mais finas por baixo, então não me preocuparia em usar algo transparente. O ponto ali não era deixar que vissem meu corpo, mas sim como eles sairiam de uma situação terrível caso fossem pegos algum dia.
Massimo segura em minha mão ao me guiar para a lateral de todo o aparelhato, apenas para me ajudar a subir na pequena escadinha também posicionada ali. Suas mãos em seguida levam a pequena coleira até meu pescoço. Ele a aperta bem assim como faz com as algemas unidas que são colocadas em meus pulsos.
Não me sentia aflita ou envolta em algum tipo de nervosismo. Para falar a verdade me sentia bem como não me sentia em muitos dias.
Estava fazendo o que amava fazer mas que às vezes esquecia. Bom, era comum odiar o trabalho às vezes, mas eu estava mesmo precisando me lembrar do quanto amava tudo isso.
Não a parte dos envolvimentos ilícitos com meu chefe ou com o chefe do meu chefe.
Lucca havia sido um amor nas vezes em que saímos. Nada além de comidas e bebidas maravilhosas acompanhadas de alguma música doce e suave assim como nossas conversas. Ele também não havia sequer tentado me beijar.
E era bom, parecia ser algo bom ao menos, não era nada como minha longa lista de relacionamentos falhos que eu colecionava. Não era como Matteo, era suave, calmo.
Mas como a idiota que eu era obviamente me desesperava ao pensar em detalhes sobre nossa futura possível possibilidade de relacionamento. E se ele quisesse algo além? E se almejasse uma vida ao meu lado e todo o papo de "felizes para sempre"?. Mio Dio.

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