Louis achou o apartamento do mais alto simplesmente encantador. Como psiquiatra, ele conseguia perceber padrões comportamentais óbvios em Harry. Observou o cuidado que o garoto teve em limpar delicadamente cada objeto das compras, e percebeu também como sua mão tremeu ao ver novamente o chocolate que Louis comprou. E um pote de sorvete. Harry tentou disfarçar, mas sua respiração engatada entregou a Louis seus sentimentos.
O psiquiatra também perceberá as métricas perfeitas no apartamento. Nada estava bagunçado e tudo era limpo demais para alguém deprimido, como foi seu palpite inicial. Várias opções de possíveis diagnósticos iam passando pela cabeça do médico sem qualquer controle, mas ele decidiu deixar isso de lado pelo fato de que eles não tiveram uma conversa decente para isso.
- Você trabalha em casa?
- Hum... Sim sim, eu faço algumas traduções e sou escritor t-também. – O mais novo respondeu, não conseguindo falar uma frase inteira sem gaguejar. Ele estava nervoso, e Louis era literalmente a primeira pessoa a entrar em seu apartamento em muitos anos.
- Ah, entendi. Eu não tenho muita opção de trabalhar em casa com a minha profissão. – Louis acabou pegando o gato preto no colo novamente, afinal o bichano insistia em se esfregar em suas pernas pedindo atenção. – Sou médico.
Harry apenas assentiu, terminando de guardar as coisas. Quando acabou, ficou olhando para Louis sem saber o que fazer.
Entretanto, Louis conseguiu perceber que o garoto estava desconfortável por não saber o que fazer em seguida, então sorriu reconfortante e apontou para a saída.
- Vamos então?
Harry conseguiu apenas concordar com a cabeça, e seguiu Louis pelo corredor, não antes de checar a comida de White, fechar sua porta e a trancar. Fazia alguns bons dias que ele não saia no corredor, mas também nunca tinha ido ao apartamento de Keith.
O prédio era separado em apartamentos pequenos de um cômodo só ou apartamentos maiores, de até três quartos. O de Keith era um desses, uma sala e cozinha em conceito aberto, espaçoso, e um pequeno corredor que levava aos quartos.
O apartamento não poderia ser considerado bagunçado para olhos comuns, mas para Harry estava caótico. Não existia ordem de organização, o sofá estava abarrotado com roupas não dobradas, tinha louça na pia e sapato jogado pelos cantos. O cacheado sentiu arrepios em todos os pelos do seu corpo quando viu aquilo tudo, e precisou apertar bem as mãos para não ir arrumando tudo que via pela frente.
- Desculpa a bagunça, eu lavei roupa hoje e ainda não tive tempo de dobrar.
Harry apenas acenou com a cabeça enquanto seguia Louis para o corredor. Louis bateu de leve na última porta, e logo os dois puderam ouvir um "entre". O mais velho ofegou ao ver o idoso, ele estava em uma cama hospitalar, alguns ferros presos em seu corpo para imobilizá-lo. Estava segurando uma xícara do que parecia ser café enquanto assistia a TV que estava presa na parede.
Apesar da aparência ser assustadora, Keith estava bem. Ranzinza como um Tomlinson, irritado por não poder se mover, mas seu rosto estava com um corado saudável.
- Harry! Olha só você. - Ele sorriu, deixando a xícara ao lado da cama. Seu sorriso era igual ao do neto, foi a única coisa que Harry conseguiu pensar.
- O-oi. Eu vim ver como você est-tá. - Ele sorriu pequeno, se aproximando do mais velho.
- Estou bem querido. Não acredito que você saiu do seu apartamento para vir visitar esse velho quebrado.
Harry sorriu pequeno, o rosto todo rosado.
Louis não conseguia parar de observá-lo. Ele era lindo, e todos os seus trejeitos eram encantadores.
- Mas o que houve, Keith? Como você caiu? - Harry perguntou baixinho, inclinado na direção do mais velho, que ainda sorria.
- Ah sabe como é querido, eu estou velho. Velhos tem dessas, e eu acabei escorregando na escada com aquele maldito sapato novo que eu tinha comprado. E agora eu estou preso nessa cama desconfortável nos cuidados desse imprestável do meu neto. - Ele apontou para Louis, e apesar das suas falas, ele dizia tudo com muito carinho.
- Hey! Eu estou cuidando muito bem de você, okay? - Louis reclamou na brincadeira, se aproximando da cama onde o mais velho estava.
- Harry querido, você acha que cuidar bem é comer comida queimada e sem sal durante dias? Eu não aguento mais, como vou melhorar assim? Esse meu neto não sabe nem fritar um ovo.
Harry ri baixinho, o que atrai a atenção dos dois Tomlinson. Keith sorri confiante, mas Louis apenas fica encarando todo bobo. Aquele garoto conseguia prender sua atenção como ninguém antes.
- Se você quiser... - Harry começa baixinho, inseguro. Ele queria fazer isso pelo Keith, mas se sentia inseguro em sair de sua zona de conforto. Mas não era tão longe do seu quarto, então seu lado preocupado acabou ganhando do seu medo. - Eu posso cozinhar... Terminei um trabalho a pouco tempo, e eu tenho tempo livre durante a tarde. Posso vir, se você quiser.
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a room with a blue view
RomanceHarry Styles é um garoto de 25 anos com Sociofobia e Transtorno Obsessivo Compulsivo que mora em um cômodo e não sai do seu prédio a três anos, vivendo em sua rotina feliz e obsessiva com seu gato. Isso até que toda sua vida perfeitamente organizada...