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Harry tinha lhe mandado uma mensagem.

Depois de uma semana esperando ansiosamente, Louis finalmente sentiu seu celular vibrar ao receber a tão esperada mensagem do cacheado. 

Estava tudo bem admitir que o médico estava um tanto quanto... Obcecado pelo cacheado. Ele não sabia dizer o que era, se era seu cheiro, os incensos, o fato de que ele nunca saia do prédio. Ele era escritor? Sobre o que Harry escrevia? Louis com certeza leria todos os seus livros. 

Ele queria saber mais sobre o curioso vizinho do seu avô, e sentia que não tinha muito tempo para fazer isso. 

E Harry era tão lindo. 

Louis definitivamente não conseguia tirá-lo da cabeça.

Então dizer que ele não ficou esperando todos os minutos desde quando deu seu número a Harry por uma mensagem não é exagero. Também não é exagero seu "PORRA!" bem alto em comemoração quando viu a mensagem de H.

Oi, aqui é o Harry

- Tem como ele ser mais fofo? - ele murmura, deitado em sua cama. 

- Quem é fofo? - Keith pergunta, aparecendo na porta do quarto (que estava aberta) como um fantasma, fazendo com que Louis desse um gritinho fino de susto.

- Velho fofoqueiro!

Seu avô foi na direção da sala rindo, pois ele já sabia a resposta. 

O médico tratou de responder logo, mandando um "Olá querido vizinho!" e uma figurinha fofa. 

Mas Harry não estava mais online, e a mensagem nem foi enviada. Frustrado depois de um tempo, ele acabou dormindo emburrado. Esperava que depois do dia legal que tiveram quando o cacheado estava lá fizesse com que Louis pudesse se aproximar só um pouquinho mais, mas no final não deu certo. 

Entretanto, quando ele acordou no outro dia, lá estava a tão aguardada resposta de Harry.

Queria ter figurinhas para te mandar :(

Harry não tinha figurinhas? Então quando ele disse que não usava o celular fazia muito tempo, não foi uma tentativa de fugir de Louis. O médico admite ter pensado isso depois de esperar quase uma semana pela mensagem. 

Bom, isso Louis podia ajudar. Ele adorava figurinhas.

E depois de perguntar se podia mandar, acabou puxando papo com Harry por um bom tempo por causa das figurinhas que estava mandando. As favoritas dos dois eram as de gatinho, o que levou Louis a perguntar sobre o de Harry - e o papo, por mais incrível que pareça, fluiu. 

Felizmente, por seus anos de experiência nos consultórios, lábia era algo que Louis tinha de melhor. E foi nessa lábia que ele descobriu o nome de um dos livros de Harry - e com o nome de um ele encontrou todos os outros (afinal, nada que uma boa pesquisa no Google não ache hoje em dia).

Eram sete livros. Três deles faziam parte de uma trilogia de fantasia, um era de poesias, outro de contos e, por fim, um livro de culinária. 

Trilogia: Contos dos Camundongos.

Poesia: Goblins e Outros Monstros do Dia-a-Dia.

Conto: Noites com os Morcegos. 

Culinária: Comidas Confortáveis e Reflexões Alimentares. 

Louis riu de todos os títulos, mas não pode deixar de se interessar pelos Contos dos Camundongos, e logo fez a compra pela Amazon do e-book pelo seu Kindle. O médico tem vergonha de admitir mas, tirando os momentos em que cuidou de seu avô, passou o restante do seu dia trancado no quarto lendo o livro. 

A história era sobre um grupo de camundongos aventureiros. Eram três heróis em busca de um desejo, e ele só seria realizado caso os pequenos passassem por três provações. Cada livro seria uma provação. O livro também tinha ilustrações, o que deixava tudo muito mais divertido de se ler. 

O primeiro livro foi engolido em dois dias. E quando Harry voltou para o apartamento de Keith afim de cozinhar para ele, se deparou com um mais novo fã o aguardando cheio de perguntas. 

- Kauy e Piafh deveriam ter ficado juntos, e não Edith e Kauy! E não faz sentido eles se separarem no final, nem que Piafh desista da de Kallahr e vá embora!  - Louis afirma assim que Harry termina de cumprimentar Keith e colocar sua bolsa na cadeira.

Seu rosto inteiro fica vermelho, e sua boca cor de rosa se abre em um perfeito 'O' ao ouvir os nomes de seus personagens saindo da boca de Louis. 

- Você leu?!

- É claro que eu li! E eu estou revoltado, não é aceitável que Piafh tenha saído de sua cidade natal. - Louis bufa. Estava incomodado com isso desde que terminou o segundo livro. Ele sabia que muita coisa ainda podia acontecer no terceiro livro, mas ainda não aceitava aquele final. Como poderia aceitar?! O sonho de Piafh era ver Kallahr prosperar, era o seu desejo! E era o desejo de Edith ficar com Piafh. Seria isso que ela teria pedido à Deusa depois da provação, mas ela preferiu abandonar seus desejos e ficar com Kauy? Ele não conseguia entender. 

- As vezes nem tudo que é premeditado desde o começo realmente acontece. O mundo é imprevisível sabe, e você nem leu o terceiro livro. - Harry comenta com a mão na cintura. A decisão de separar Piafh e Edith estava na cabeça do escritor desde o primeiro livro, e ele sempre defendeu isso com unhas e dentes contra seus fãs que queriam que o primeiro casal ficasse juntos. Isso era só porque eles não conheciam Edith e Kauy juntos! Todo mundo mudava de ideia depois do terceiro livro. 

Além disso, ainda vai ter o plot de que Edith escondeu que foi a família dela quem mandou a peste (pulgas) para a aldeia de Piafh (Kallahr) e que ela escondeu isso dele por todos esses anos que estiveram peregrinando juntos atrás do desejo. 

E isso era perfeito, porque o que Kauy tinha de egoísta Edith tinha de mesquinhares. 

Eram o par perfeito.

Piafh mereceu alguém melhor.

Louis bufa frustrado, e começa a comentar as coisas que mais o animou nos livros enquanto Harry cozinha. Os pratos de hoje seriam costela cozida com cerveja preta (estava tudo bem porque o álcool evaporava durante o preparo), alguns grãos que Louis nem sabia o que eram direito, arroz e feijão como sempre e vários outros legumes que o médico também não conhecia. 

Harry escutou tudo que Louis tinha a dizer sobre seu livro. Ele ficou bastante animado de encontrar alguém que os leu e gostou - era a primeira vez que alguém além da sua família falava contigo diretamente sobre o assunto. 

Ele sempre ficava no Twitter observando seu pequeno grupo de fãs comentar sobre os livros, mas nunca chegou a interagir com eles. Portanto, foi bastante divertido conversar sobre isso com Louis, ouvir suas teorias (todas erradas) sobre o que aconteceria no terceiro livro, e acabou conversando sobre seus outros livros também.

Os dois conversaram tanto que as horas passaram rápido e logo toda a comida estava pronta. Nesse dia Louis ajudou com as marmitas, seguindo corretamente todas as instruções de Harry para que tudo ficasse certinho. E quando foram ver, o cacheado já estava indo embora. 

- Me conte semana que vem o que você achou do terceiro livro. - Comentou o cacheado, ajeitando sua ecobag no ombro. 

- Pode deixar cachinhos, mal posso esperar. 

a room with a blue viewOnde histórias criam vida. Descubra agora