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Harry destrancou sua porta lentamente, consciente demais da presente do médico atrás de si - apoiado no batente da porta, o olhando.

Eles haviam combinado de assistir filmes juntos, em um denominado encontro.

Harry sabia o que isso significava, e Louis estava deixando quase abertamente que tinha interesse no escritor. E fazia tantos anos que ninguém flertava com ele... Muito menos alguém que ele tivesse de fato interesse de retribuir.

E esse é o caso de Louis? Pensou, mas deixou para lá quando abriu a porta e adentrou no seu cômodo, chamando o médico para entrar.

O apartamento de Harry continuava exatamente como Louis lembrava. A cama perto da sacada estava perfeitamente arrumada e parecia quase um ninho de tão confortável com as cobertas e edredons e travesseiros - todos impecavelmente brancos.

O gato de Harry era um pontinho preto no meio daquele monte de branco.

Mas os livros pareciam ter sido reorganizados. Agora todos estavam separados por cor, o que fazia as estantes (que ocupavam boa parte da parede do apartamento) parecesse um gradeal de cores. E também, Harry tinha improvisado uma estante de tv, colocando vários livros empilhados e uma bandeja de café da manhã, para apoiar uma pequena televisão.

Ele fazia isso de vez em quando, quando queria assistir alguma série deitado na cama sem ser pelo notebook. Mas geralmente sua pequena televisão fica guardada, já que ele não é muito de assistir.

Conveniente que na noite passada ele tinha maratonado algumas temporadas de Greys Anatomy (obviamente não era porquê estava interessado em um médico).

- De onde surgiu a TV? - Louis perguntou, notando o novo objeto na sala. 

O médico tinha ido algumas vezes durante essas semanas cuidando de seu avô no apartamento de Harry. Com desculpas bestas tipo: "deixa eu levar as sacolas de compras para dentro" ou ajudando a higienizar as compras, só para poder passar tempo com o cacheado. Então uma televisão de tamanho médio aparecer do nada é realmente curioso. 

Ainda mais que dá para ouvir tudo pelas paredes desse prédio velho. Louis se acostumou a acordar com os passos dos vizinhos de seu avô. A dona do final do corredor tem netos aparentemente, que moram no andar debaixo (ele consegue ouvir tanto a mulher do final do corredor com os netos falando quando a casa dos netos no andar de baixo). Ela também ajuda o Harry, aparentemente. 

Duas pessoas já. Seu avô, que levava as correspondências e fazia as compras, e a mulher do final do corredor, que levava os cobertores para lavar uma vez por semana e levava seus lixos. Eram as únicas vezes que Louis ouvia Harry coabitando algum espaço além de vir até o apartamento do seu avô para cozinhar (que é a única vez que ele sai de verdade também). 

- Eu guardo ela em uma caixa no armário para não ocupar muito espaço. - Harry responde baixinho, calçando duas meias de pelinho branco, quase como pantufas. Louis não pode deixar de sorrir para as meias, que tinham pompoms pendurados nela. 

Ele também optou por tirar seu calçado no começo do cômodo, já sabendo que Harry pode ser um pouco neorótico com essas coisas. White, o gato preto de Harry, correu para as pernas de Louis, esfregando-se. 

Harry rolou os olhos teatralmente, jogando-se na cama. 

- Ele fica 24h por dia comigo mas prefere você.

- Eu sou irressistível. - Louis complementa, pegando White no colo. 

Eles se ajeitam. A cama repleta de travesseiros é feita de sofá, e eles sentam um do lado do outro. Harry precisa controlar um pouco sua respiração, o que Louis repara, mas ele se senta ao lado do mêdico, e o White pula para seu colo. O que faz o cacheado virar meio que uma bolinha, encolhendo as pernas e abraçando o gato, que fica lá. 

Harry se estica para pegar o controle, e entrega na mão de Louis.

- O HD já está na TV. Vai na pasta 'Filmes' e depois 'Clássicos 1915 - 1930'. Vai estar lá. - Ele comenta para o médico, sua respiração mais tranquila agora. Suas pernas descem e ele às cruza, com a bolota de pelo preto se ajeitando em seu colo. 

Louis liga a TV e vê a montanha de mídias baixadas. Quando ele ligou a TV, já estava aberto em uma pasta de vídeos (sim, ele reparou o Greys Anatomy). Ele precisou voltar algumas pastas e ir até a que tinha o filme - e pode ver que Harry tinha realmente muitos filmes e séries baixadas - e catalogadas por categorias. 

- Você é o Rei da Pirataria. - Louis falou abismado, em tom de brincadeira, e depois riu. Ele finalmente achou o filme. 

Harry cora um pouco. 

- Eu fiquei frustrado um tempo atrás, quando começaram a surgir mais streaming além da Netflix. Então disse para eu mesmo que poderia criar minha própria plataforma de vídeos comprando o HD com maior mémoria que eu achei no mercado. 

- Então sua coleção de pirataria é antiga já, tem alguns anos que eu pago pela Amazon e HBO. - Louis ri. 

- Eu tenho todo tipo de filme e série baixada. A única desvantagem é que eu sempre preciso esperar bem mais tempo para ver os lançamentos. Eu comecei a baixar na época da faculdade.

Isso chamou a atenção de Louis, pois era a primeira vez que ele ouvia que Harry tinha ido para a universidade. Ele sabia que o cacheado era escritor, mas não que tinha se formado.

- Você se formou em quê? - Perguntou, genuinamente curioso. Louis gostaria de saber de todos os detalhes sobre Harry.

O cacheado cora um pouco, e precisa limpar um pouco a garganta antes de continuar.

- Na verdade... Eu conclui minha faculdade de Letras Alemão e depois conclui meu mestrado em latim ano passado. Mas o mestrado eu fiz online, aqui no apê mesmo. - Ele comenta baixinho. 

- Que bacana, então é assim que você trabalha com traduções. 

Harry acena com a cabeça. 

- Eu tive sorte de conseguir uma vaga bacana na editora que eu publicava meus livros. Como eu comecei a escrever cedo, como hobbie, quando terminei meu mestrado eu consegui a vaga. Contatos são tudo. - Ele ri, acompanhado por Louis.

- Bom, eu me especializei a pouco tempo também. Mas tinha um tempo que eu queria começar a clinicar. 

Eles seguiram conversando sobre suas profissões por um tempo, o filme rodando na TV sem muita atenção. O que era realmente interessante ali era a companhia um do outro. Eles riam e conversavam sobre amenidades até tão tarde que, quando os dois pegaram no sono juntos, eles sequer perceberam. 



Oi oi gente! Desculpem a demora. Eu não abandonei a fic, okay? Eu só sou lerda para escrever hoje em dia, ainda mais agora pós faculdade com dois empregos hahaha

a room with a blue viewOnde histórias criam vida. Descubra agora