a room with a blue view

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Talvez Harry estivesse com uma quedinha por Louis. 

Mas era só talvez, já que até então ele nunca teve uma quedinha por ninguém. Mas essas coisas acontecem, não é mesmo? E Harry acha que talvez é possível quem sabe em alguma hipótese ele tenha uma quedinha pelo médico bonitão e simpático que leu todos os seus livros nas poucas semanas que se conheceram.

Sim, todos.

Passaram-se algumas semanas também desde que Harry começou a conversar todos os dias por mensagem com Louis, assim como cozinhar para Keith. 

Sua recuperação estava indo bem, inclusive. Mais quatro semanas e ele poderia começar a fisioterapia e voltaria a andar sem muletas.  

E em cinco semanas Louis voltaria para o seu apartamento - e parte do coraçãozinho solitário de Harry ficava triste em pensar nisso. Mas nada nunca foi definitivo, não é mesmo?

Harry só sabia que em algumas horas ele teria que ir novamente para o apartamento de Keith cozinhar. E veria Louis de novo. O que o fez ficar ansioso, e começou a se arrumar no processo. Fez as unhas, tomou banho e passou por uma longa rotina diária de cuidados pessoais. Tanto que, quando terminou, sentia-se molenga como um bebê. 

Vestiu uma calça preta larga e confortável, com uma camisa de botões com um tecido tão leve que ele quase se sentia pelado. Por um momento, pensou que era bom ter um motivo para se arrumar e sair do seu querido cômodo. Mas essa ideia logo foi arrastado para longe pelos diversos pensamentos invasores que infestaram sua mente. 

Depois desses pensamentos ruins, acabou colocando um longo sobretudo (apesar de não estar muito frio) para poder se esconder um pouco. Pegou sua beg já arrumada e se despediu do gato, rumando com pouca coragem para o apartamento de Keith.

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Louis quem abriu a porta. Puta merda uma gola alta. Harry engoliu em seco, fazendo descobertas inovadoras sobre a sua sexualidade ao ver o médico usando uma gola fucking alta. 

Ele nunca se sentiu assim na vida, por ninguém. É surpreendente como as doenças mentais funcionam, já que com o seu pânico de pessoas ele nunca teve nenhum interesse sexual em toda sua vida até aquele momento. 

Tudo bem que ele teve seus momentos na sua adolescência quando ele tomava aqueles comprimidos que inibiam sentimentos mas te enchiam de tesão. Eram complicados, por isso que parou de tomar os remédios.

Mas o Louis nossa...

Foram poucos segundos babando no médico, já que Louis logo sorriu [com os olhos cheios daquelas ruguinhas charmosas] e convidou Harry para entrar - sendo abusado ao puxar Harry pelo ombro, fazendo com que toda a pele do escritor se arrepiasse ao sentir o braço de Louis ao seu redor. 

Será que ele fazia de propósito? Ou sentia aquele arrepio que ele sentiu? Harry não sabia responder, mas não deu muita bola para isso. 

Louis, por outro lado, precisou passar as mãos no braço ao tirar dos ombros do cacheado, tentando disfarçar todos os pelos do braço em pé. Como o escritor era bonito. Seus cachos adornavam seu rosto, e ele não conseguia deixar de reparar na camiseta que ele usava por baixo daquele sobretudo que o escondia - e o quanto ela parecia levemente transparente. 

- E aí? Qual o cardápio de hoje gatinho? - Louis perguntou, fazendo o cacheado corar um pouco e rir do apelido que surgiu durante suas conversas intermináveis por whatsapp.

- Hoje nós vamos fazer um cardápio de peixes! Tilápia, camarão, salmão. Vamos colocar ômega-3 a força no sistema do seu avô para ele melhorar logo. E olha só! - Ele foi até a sua bolsa, arrancando de lá um maçarico de cozinha. - Eu trouxe um maçarico para grelhar o peixe.

Louis riu, animado com a animação do escritor. Agora o médico já tinha uma certa intimidade com Harry para poder lavar as mãos, pegar uma luva e começar a ajudar a cortar os legumes. É claro que ele precisou ser ensinado a cortar tudo isso, mas com o tempo pegou o jeito - ele é médico afinal de contas, médicos são bons com as mãos.

Eles começaram a cozinhar juntos, conversando baixo sobre amenidades da vida. Livros, filmes, séries; tudo que possibilitasse ambos conhecerem um pouco mais sobre o outro. 

Em algum momento, eles começaram a conversar sobre uma fase que ambos passaram, que era de ver filmes cult. E então acabaram em Bonequinha de Luxo, um filme de 1961 com Audrey Hepburn como protagonista. Os dois adoravam Audrey Hepburn, e Louis descobriu que Harry tinha baixado em um HD todos os filmes dela baixados, incluindo a versão preto e branco de Bonequinha de Luxo - e A Princesa e o Plebeu, que o médico adorava também.

- Pera, então isso poderia significar um encontro. - Louis comenta despojado, apoiado na pia ao lado de Harry - perto demais para o coração do escritor, então suas bochechas já estavam ligeiramente quente. Apesar de que ele insistia em culpar o fogão que grelhava uma peça de peixe fresco.

Espera, um encontro?

Harry se desconcentra com a frigideira, batendo um pouco nela quando vira rapidamente para Louis. Agora ele sentia que até mesmo suas orelhas estavam vermelhas. 

Devia ser o forno ligado. 

Harry acaba tirando o casaco que estava usando antes de responder ao médico.

- Um encontro? - Ele pergunta baixinho, depois de dobrar o casaco rapidinho e deixar separado junto com suas coisas e voltar para o fogão.

Perto demais de Louis. O médico pode ver claramente como aquela camiseta acentua todos os pontos fortes do escritor. Ele precisou de um momento também.

Isso era algo que Harry gostava, apesar de não saber que era porque Louis estava constantemente tentando lidar com Harry num geral. Mas o escritor gostava de ter espaço para responder - ele podia demorar mais que o normal para responder e estava tudo bem. Quando estava na escola, era constantemente pressionado a funcionar mais rapidamente, o que o fez acelerar tudo que faz. Ele cozinha rápido, escreve rápido, se planeja com antecedência. Mas mesmo assim, sua conversação sempre foi mais calma. Harry apostava que era porquê Louis é médico psiquiatra, e devia saber conversar com pessoas como ele. 

- Um encontro. Poderia assistir Bonequinha de Luxo no seu apartamento depois de acabarmos aqui. - Louis da um sorrisinho de canto, e Harry sente aquele calor por todo o seu corpo de novo.

Ele aceita, é claro.

O que significa que eles tem um encontro daqui a pouco.