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- Ora querido, não precisa se preocupar tanto assim com esse velho aqui. Apesar do meu neto imprestável não conseguir cozinhar nada com gosto, eu sou forte como um boi. Não vai ser uma quedinha dessas que vai me baquear, pode ficar tranquilo. - Keith responde a Harry, e Louis solta um bufar revoltado pelas falas do mais velho.

- Mas e-eu me preocupo. Você sempre me ajudou desde que eu me mudei... Pode considerar como uma retribuição aos anos cuidando de mim por trás da minha porta. - Harry responde, sua voz era tão baixa e rouca que Louis acabou dando uns dois passos para frente, para poder escutar o que o cacheado falava. Mas isso faz com que ele se encolha um pouco com a aproximação, então logo Louis se afasta um pouco.

- Tem certeza que não vai te atrapalhar? - Keith continua.

Harry apenas faz que não com a cabeça, as mãos mexendo nervosamente na barra de sua camisa. Seu olhar permanecia baixo, o rosto levemente corado, e só o levantava para olhar para o idoso, ignorando - ou tentando - o outro homem na sala. 

- Então pelo menos me deixe te pagar. 

Isso faz Harry rir baixinho novamente, mas ele nega com a cabeça.

- Não preciso de dinheiro, senhor Keith. Eu quero fazer isso porquê o senhor é querido para mim. 

Keith suspira descontente, mas concorda com a cabeça. Sempre achou o cacheado adorável, então simplesmente não conseguia teimar com ele - como ele fazia com seu neto. 

- E-eu posso começar agora? Quero deixar algumas coisas prontas caso sinta fome, e eu tenho uma reunião com a Gemma marcada para às 20h. - Harry pergunta olhando para o relógio pendurado na parede do quarto. Era 15h38, e ele precisava se apressar caso quisesse seguir seu cronograma. 

- Louis, mostre ao Harry onde estão as coisas na cozinha. O ajude, só não deixe que ele queime suas comidas Harry. - Keith responde, espantando os dois do quarto com um mexer nas mãos, pegando o livro que estava ao seu lado e abrindo-o para retomar sua leitura.

Harry não conseguiu deixar de reparar que era uma edição surrada de Crime e Castigo de Dostoiévski. O cacheado fez uma nota mental de trazer alguns livros como aquele para que o mais velho passasse seu tempo. 

Louis fez uma reverência exagerada para indicar o caminho para Harry, que se encolheu um pouquinho, mas sorriu para o médico. Foi o primeiro sorriso que o cacheado dirigiu ao mais velho, o que fez o estômago do Tomlinson revirar.

O que estava acontecendo contigo afinal?

O Tomlinson apresentou todas as coisas que tinha na cozinha. Tinham poucos legumes, o que restringiu consideravelmente as opções de pratos de Harry. Em compensação, tinham muitos ultraprocessados, o que fez com que o cacheado fizesse uma careta. 

- Vocês sabem o quanto tudo isso faz mal a saúde? - Harry perguntou com o cenho franzido. - Você é mesmo médico?

- Ow! - Louis reclamou, mas então riu. - Eu sei que fazem mal, mas eu não consigo cozinhar nada muito mais elaborado do que as coisas que vem dentro de plásticos para requentar porque já estão prontas.

- Vocês precisam de legumes, verduras, frutas. Brócolis, vagem, tomate, cenoura, abóbora, folhas verdes. Não podem viver a base disso. - Ele fala fazendo uma careta ao pegar o pacote com uns 20 hambúrgueres. 

- Não gosto de nada do que você falou. E isso... - Louis pega os hambúrgueres das mãos de Harry, o que acaba fazendo com que os dois se toquem e um arrepio se espalha por toda a espinha do médico ao tocar naquela mão macia e gelada. Ele se desconcerta um pouco para continuar a falar, mas consegue por fim. - É gostoso.

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