Planos de Deus

Bônus Henry

Um mês se passou desde que Sarah entrou em coma e para mim foi como se tivesse passado mil anos. Eu pedi afastamento da empresa e nesse tempo quem ficou em meu lugar foi o Lucas, mas eu fiquei o tempo inteiro no hospital ao lado de Sarah, segurando sua mão com a esperança de que ele acordasse, mas isso não aconteceu. 

Chego no hospital e vou direto para o quarto onde Sarah está. Abro a porta e vejo John deitado no sofá, dona Lia deitada ao lado de Sarah e seu Pedro sentado na poltrona, todos estão dormindo. Fecho a porta devagar e vou até John. 

— John! — chamo-o e não obtendo resposta toco em seu ombro e chacoalho o mesmo. 

— A Sarah acordou? — o mesmo se levanta assustado. 

— Infelizmente ainda não! — respondo e ele volta a se sentar no sofá encarando a Sarah em seu sono profundo. 

— Se vocês quiserem podem ir para casa pra descansarem melhor. Eu fico com a Sarah. — digo entregando um copo de café para o mesmo. 

— Vou tentar convencer os senhores ali. — aponta com a cabeça e da um meio sorriso. 

John se levanta e chama pelos seus pais que concordam em irem para casa e, antes de saírem prometem pra Sarah que irão retornar. 

Assim que a porta do quarto se fecha vou em direção à Sarah e deposito um beijo em sua cabeça que não está nem quente e nem fria. 

— Oi meu amor! Cá estou eu novamente. Eu só queria que você soubesse que eu sinto muito a sua falta. — sinto os meus olhos lacrimejarem e eu toco em sua mão. — Por favor! Volta pra mim, eu sinto muito a sua falta. Sinto falta do seu beijo, do seu toque, do seu cheiro, do seu sorriso. Volta pra mim, eu preciso de você. — pela primeira vez em um mês, permito que as lágrimas tomem conta e que deslizem por minha face. 

Me deito ao lado de Sarah e abraço o seu corpo. 

— Seus pais e John só saem quando eu venho para cá. A empresa está bem, mas sem você lá não tem mais sentido de eu permanecer naquele lugar. A galera toda sente sua falta e quando conseguem eles também vem visitá-la. A verdade é que... todos nós precisamos de você! Você é quem nos trás alegria, você ilumina o nosso dia e nós sentimos muito, muito mesmo, a sua falta. Meu coração sangra toda vez que eu te vejo paralisada em cima dessa cama e eu queria muito poder estar no seu lugar. Mesmo que esteja sendo muito difícil, eu estou tentando ser forte, eu ainda tenho esperança de que você abra os seus olhos e que volte a brilhar novamente, nós precisamos de você, eu preciso de você. — me levanto da cama, mas continuo segurando sua mão. 

Fico observando o seu peito descer e subir por conta de sua respiração tranquila e suave e deposito um beijo em sua testa. Me sento na poltrona que está bem ao lado da cama e continuo segurando sua mão. 

Fico alguns minutos em total silêncio até que sinto sua mão apertar a minha e imediatamente eu me levanto, mas eu acho que é apenas uma ilusão da minha cabeça. 

— Talvez seja ilusão da minha cabeça mas... —  com a mão direita toco no rosto de Sarah, enquanto com a esquerda continuo segurando a sua mão. —  Você consegue me ouvir? —  pergunto na esperança de que eu sinta o aperto de sua mão na minha, mas isso não acontece. 

Esperançoso espero por mais alguns minutos, mas nada acontece. 

— Deve ser ilusão da minha cabeça mesmo. — sinto meu coração se apertar dentro do meu peito. —  Eu só quero que você saiba que eu te amo demais e que eu estarei sempre ao seu lado, segurando a sua mão. — levo sua mão até os meus lábios e deposito um beijo na mesma. 

Me sento na poltrona novamente, me encosto na cadeira e fecho os meus olhos.

— Eu também te amo! — abro os meus olhos novamente e vejo Sarah com os seus lindos olhos abertos e sorrindo para mim. 

— Eu só posso estar sonhando. — esfrego os meus olhos e ainda continuo vendo a mesma sorrir. 

—  Você não está sonhando meu amor. — ainda sorrindo a mesma aperta a minha mão e ao sentir o seu toque tive a total certeza de que eu não estou sonhando.  

— Ai meu Deus! Você acordou?! Ai meu Deus você... você está acordada. — sinto meus olhos se encherem completamente de lágrimas e com muito cuidado, deito novamente ao seu lado permitindo - me sentir o calor de seu corpo. 

Alguns minutos depois, Sarah desfaz o abraço e me encara com um olhar debochado enquanto a mesma se senta na cama. 

— Você está horrível! — ela zomba da minha cara e sorri. 

— E eu fiquei com muito medo de te perder! — digo. 

— Sinto muito! — diz e segura o meu rosto. — Mas eu estou aqui agora e não vou te deixar nunca mais. — deposita um selinho em meus lábios e eu a abraço. 

— Eu sei que eu preciso chamar o médico e ligar para o John, para os seus pais e pra toda galera, mas eu preciso ficar nem que seja apenas por alguns segundos, assim, agarrado a você. — aperto - a em meus braços e a mesma retribui o abraço ajeitando seu cabeça em meu ombro.