WILD EYES | John Shelby ✓

15 - A CHAMADA CERTA

FLASHBACK: O DIA ANTES DO CASAMENTO

TOMMY SHELBY ENTROU no acampamento de Lee como se tivesse estado lá toda a sua vida. Ele tinha vindo a negócios, e nem mesmo os olhares mordazes dos desprezados homens de Lee o parariam. Ele teve uma chance de retificar isso, ou então seu plano não funcionaria. Toda a sua operação se equilibrava neste encontro com a Rainha Mary Lee do Black Patch, e se isso azedasse, as esperanças de Tommy de derrotar Billy Kimber estariam tão mortas quanto os coelhos assando nas fogueiras de Lee.

Ele se aproximou da carroça de Maria e foi imediatamente parado por dois homens. O mais alto dos dois deu uma olhada em Tommy. "Não são permitidas armas."

Tommy revirou os olhos antes de retirar a arma do coldre e entregá-la. O menino Lee pegou antes de apontar para seu boné. "Boné também."

Tommy relutantemente entregou o boné antes de ter permissão para entrar no trailer, entrando enquanto o menino Lee fechava a porta atrás dele. Tommy sentou-se em frente à mulher que o esperava, e a primeira coisa que ela fez foi erguer uma Bíblia no ar.

"Ponha a mão na Bíblia", ela instruiu.

"Não acredito", respondeu Tommy, e a mulher baixou o livro com uma expressão de choque no rosto. "De qualquer forma, não vim aqui para mentir. Esta guerra está cortando todos nós", Tommy mudou para Romani. "Um menino quase foi morto. Uma criança."

A mulher diante dele riu. "Vocês são todos crianças."

"Já digo o suficiente", disse Tommy. "Seus meninos tentaram me matar e não funcionou", ele colocou uma bala na mesa. "Vim aqui com uma proposta."

"Eu pensei que ele fosse seu aliado?" Mary perguntou, enquanto olhava para a bala gravada com o nome Kimber.

"Eu pretendo traí-lo", disse Tommy.

"Não admira que você não toque na Bíblia", respondeu Maria.

"Tenho ambições", deu de ombros Tommy.

"Você quer jogar um switch", adivinhou Mary.

"Eu preciso de seus meninos", disse Tommy.

"Para que?"

"Kimber não é o cérebro", explicou Tommy. "Há um gadze que comanda as corridas. Estou coletando pessoas inteligentes, mas também preciso de homens fortes. Agora, seus meninos devem saber disso: agora temos o vencedor em uma de cada três corridas antes mesmo de a corrida começar. Não há necessidade de caldeiras ou rafflers. Estou falando de certezas."

"Você entra aqui se gabando de que vai acabar com alguém e, ao mesmo tempo, me pede para confiar em você?", Perguntou Mary com ceticismo.

"Do lado da minha mãe, somos parentes", disse Tommy. "Vamos conversar sobre os negócios da família."

"Como posso confiar em você?" perguntou Mary. "Você deixou bem claro que sua lealdade é apenas para consigo mesmo."

"Então deixe-me lhe oferecer minha proposta"  disse Tommy, inclinando-se para a frente. "Um casamento."

"Um casamento?" Mary repetiu, levantando uma sobrancelha. "Casamento de quem?"

"Meu irmão, John", explicou Tommy, "tem quatro filhos que ele diz que andam em círculos ao redor dele. Ele disse que precisa de uma esposa e planeja se casar com a prostituta local, Lizzie Stark. Não posso deixar isso acontecer, pelo bem de John e da família. Portanto, eu o ofereço para pegar a mão de uma de suas meninas Lee, unindo assim nossas duas famílias de outras formas que não pelo sangue."