46 - SEGURO E SOM

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HAVIA quase vinte e duas horas desde que Mason e Charlie foram levados, e eles ainda não estavam mais perto de encontrá-los. Foi especialmente difícil para Tommy, John e Olivia, e quando o último do trio fixou os olhos em Tommy Shelby no dia seguinte ao da captura de seu filho, ela foi consumida por uma raiva que não combinava muito com sua personalidade.

"Você!" Ela rosnou, correndo para Tommy antes que alguém pudesse impedi-la. Ela se lançou sobre ele e começou a acertar qualquer parte dele que ela pudesse alcançar. "Você fez isso, porra! Você e sua porra de arrogância fizeram com que meu filho fosse sequestrado! Que porra você estava pensando, lidando com homens assim? Isso é tudo culpa sua, porra!"

Ela então desabou contra ele, muito esgotada para continuar seu ataque, e John estava puxando-a para trás, envolvendo-a em seus braços enquanto ela soluçava. Tommy observou Olivia se agarrar a John. "Estou fazendo tudo que posso."

"Não é suficiente" respondeu Olivia.  "Meu filho não está mais perto de estar em casa. Eu dei à luz ontem à noite, Tommy. Para dois lindos bebês, e eu juro para você, eles nunca conhecerão essa porra de vida. Nem um pouco disso. Eles nunca saberão a maldição que o nome Shelby traz."

"Tire ela daqui," Tommy exigiu.

"Porque você sabe que eu estou certa!" gritou Olivia, enquanto John a erguia por cima do ombro e a carregava para fora da sala. "Você sabe que esta família está amaldiçoada! Você sabe que é por sua conta, Thomas Shelby, e espero que o inferno caia sobre você por causa disso!"

"Olivia, que merda," John suspirou. "Acalme-se."

"Acalmar? Não se atreva a me dizer para me acalmar!" Olivia disparou. "Vou me acalmar e agir como uma porra de uma pessoa normal quando meu filho não estiver sendo usado como uma alavanca contra nós."

"E nós o encontraremos," John prometeu. "Vá para casa, Liv. Espere aí e eu o trarei para casa."

"É melhor" respondeu Olivia, afastando-se de John e se afastando. A poucos metros dele, ela se virou para encará-lo novamente. "Devíamos ter fugido quando tivemos a chance. Sinto muito por nos impedir de fazer isso."

"Não se culpe", disse John. "Não é sua culpa."

"Parece que sim" disse Olivia. "Precisamos sair, John. Antes que Eliza e John completassem seu primeiro aniversário. Não quero mais nada com esta família."

E pela primeira vez, John sabia que ela estava dizendo a verdade absoluta.

Foi no final do dia quando John voltou para casa. A noite havia caído e Olivia finalmente cedeu à exaustão e adormeceu no sofá. As crianças também estavam dormindo, e o bebê John estava deitado no peito de Olivia, dormindo profundamente.

John não conseguiu explicar a sensação em seu estômago ao ver o filho novamente, estendendo a mão para ele dos braços de tia Ada. Vê-lo vivo e sorrindo ao ver seu pai quase fez John esquecer o trem, a explosão e a perda de vidas inocentes.

Ver a reação de Olivia a John entrando pela porta com Mason em seus braços o fez esquecer completamente sobre o trem, mesmo que apenas por aquele momento.

Ela acordou quando ele entrou pela porta e se sentou, colocando cuidadosamente o bebê John no berço antes de se levantar e caminhar lentamente em direção ao filho, quase como se ela estivesse em transe. "É ele..."

"Ele está em casa", foi tudo o que John disse, antes que Olivia pegasse seu filho de John e o segurasse perto do peito.

Ela soluçou enquanto segurava seu filho. "Jesus, eu nunca pensei que o veríamos novamente. Eu pensei que estava sonhando por um segundo."

"Ele está em casa, Liv" disse John.  "Eles estão todos em casa. Seguro."

Olivia puxou John em sua direção e o abraçou com força, enquanto John colocava a mão na nuca de Mason gentilmente. Mason se virou para olhar para John. "Dada!"

"Por que todas as primeiras palavras de nossos filhos são 'Dadá'?" perguntou Olivia.  "Pela primeira vez, não pode ser 'mamãe'?"

"Você simplesmente não tem o toque mágico que eu tenho ", disse John.

Olivia riu, pela primeira vez no que parecia uma eternidade. Ao fazer isso, todo o peso foi tirado de seus ombros e ela sabia que agora, com sua família unida, tudo ficaria bem. John sugeriu colocar Mason na cama, e Olivia o fez, movendo seu berço para o quarto enquanto John carregava os bebês para cima e os colocava na cama em seu quarto.

Quando ele se deitou na cama com Olivia, ele a envolveu em seus braços. Ela se virou para ele e sorriu. "Ele está em casa."

"Ele está", disse John. "E eu pensei sobre o que você disse. Precisamos sair. Essa vida é ruim. Para mim, para você, para as crianças. Eu trouxe aquela casa em Lichfield."

"O que? Quando? Como?" Olivia perguntou.

"Disse a Tommy que estava cansado de morar em uma casa de três quartos com dez pessoas", respondeu John. "Também disse a Tommy que acabaria depois desta noite."

"John ... o que aconteceu?" perguntou Olivia. "Você tem esse olhar."

"Nós explodimos aquele trem, Liv," John sussurrou. "Arthur e eu. Nós explodimos o trem e matamos seis pessoas inocentes por nada. Os meninos voltaram antes de nós. Finn estava um pouco atrasado."

"John ...".Olivia respirou fundo. Ela não tinha ideia do que dizer. "John, eu ..."

"Acostumei-me a ver homens morrer", disse John. "Acostumei-me a matar também, mas quando são inocentes ... Leva uma parte de você."

"Não posso fingir que entendo o que você está passando, mas saiba que nunca irei julgá-lo por isso" Olivia disse suavemente. "Você fez isso por nosso filho, John. Para trazer nosso filho para casa."

"Eu só quero ir embora", disse John. "Cair fora. Nunca voltar. Podemos acampar perto da vala. Não precisamos de empregadas como Tommy. Pode ser apenas nós. Só eu, você e as crianças, e nunca mais teremos que nos preocupar."

Olivia sorriu levemente, passando o polegar pela bochecha de John. "Eu gosto do som disso."


WILD EYES | John Shelby ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora