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Talvez isso seja um adeus:

{S/n}

Encarei a porta da casa do meu pai, o medo e o nervosismo batiam forte contra meu peito, tão forte que meu ar fazia falta. Dei passos lentos na direção dela, meus olhos foram novamente para o carto familiar estacionado do outro lado da rua, respirei fundo e abri a porta rezando para que não tenha dado merda.

Entendo a preocupação dos meus pais, havia dito que ia numa festa e que voltaria, mas já se passava das 10:30 da manhã e provavelmente eles me ligaram várias vezes, mas não era culpa minha, meu celular havia descarregado.

O som da porta me fez fechar os olhos com ódio, logo escutei o som de passos apressados na minha direção, ajeitei meu cabelo tentando não mostrar nenhum sinal da noite animada que tive. Assim que ergui meus olhos vi meus pais de pé na minha frente, respirei fundo tentando manter minha calma.

- Por que não atendeu as ligações?- Minha mãe pergunta com um tom de preocupação e raiva se misturando.

- Meu celular ficou sem bateria- Respondi levanto minha mão até a cabeça sentindo dor.

- Você já olhou a hora?- Dessa vez foi meu pai que me interrogou, lancei um olhar cheio de raiva em sua direção.

-

Sim- Contive as ofensas quietas em minha língua, caminhei mais para perto deles- Tem algum remédio para dor de cabeça?

- Você deveria ficar com essa dor de cabeça para aprender uma lição- Meu pai diz e passei por ele sorrindo.

- Como se isso mudasse algo...- Caminhei até a cozinha com eles atrás de mim.

- Você tem que me respeitar- Assim que a frase sai de sia boca acabei soltando uma risada nasal.

- Não sei como- Disse abrindo a geladeira e peguei um litrinho de água.

- Escuta qui-

- Não levante a voz com ela!- Minha mãe grita chamando sua atenção, sentei na banqueta observando a situação enquanto bebia a água- Você não tem esse direito.

- Eu tenho- Meu pai ergue o queixo pronto para discutir- Ela é minha filha também- Ele se aproxima dela- Ela está sobre meu teto, tenho mais direito que você.

- Ela está sobre seu teto por que eu deixei- Minha mãe da um passo par afrente, foi a primeira vez que vi ela revidar, me surpreendi quando não vi nenhum sinal de medo em seus olhos- Eu tenho um documento que comprova isso, e não preciso ser advogada para saber que tenho mais direitos que você com esse papel.

- Amor?- Minha madrasta entra na cozinha, preocupada com a discussão- Está tudo bem?

- Está sim, amor- Meu pai murmurou de volta e acabei rindo.

- Amor?- Minha mãe questionou sorrindo- Você também me chamava assim.

- Mãe- Levantei da banqueta me aproximando dela, segurei sua mão firmemente- Eu to aqui...quer falar sua decisão?

- Acho que esta na hora...- Murmurou coçando os olhos.

- O que?- Perguntou meu pai, curiosos quando minha mãe sorriu.

- Decidi que vou me mudar- Minha mãe apertou a minha mão, como se buscasse mais forças, e eu emprestei as minhas para ela continuar lutando- Vou me mudar para essa cidade e a S/n vai voltar a viver comigo.

- Não permito isso!- Meu pai gritou assustado sua atual.

- É uma decisão minha- Ela respirou fundo, mostrando mais confiança- E como cidadã, tenho o direito de viver aonde eu quero desde que pague com meu próprio dinheiro, e com o papel que tenho...- Ela buscou o papel na bolsa até achar e o erguer- Minha filha vem comigo.

- Ela quer ficar comigo- Meu pai me olhou sorrindo- Não é?

- Não quero continuar aqui- Disse apertando sua mão.

- Já comprei a casa e toda a papelada está pronta- Minha mãe diz sorrindo.

- Desde quando...- Murmurou meu pai, derrotado.

- Desde que a S/n veio viver aqui, ela mando uma fotos de algumas casas a venda e até visitou por mim- Respondeu me olhando de relance- Fiz tudo escondido para não ter problemas com você, a papelada ta pronta e agora só falta fazer a mudança.

- E por isso que esta aqui?- Questionou segurando a mão da mulher ao seu lado.

- Sim- Respondeu encarando sua mão- Minhas coisas chegam amanha, S/n ira fazer suas coisas e vai comigo ainda hoje.

- Se você acha melhor- Meu pai de um passo para trás me dando espaço para passar e subir as escadas, passei por eles e os deixei sozinhos lá.

Terminei de colocar minha última camisa na mala, olhei ao redor, aquele quarto não estava tão diferente de quando cheguei, a única coisa que era invasora aqui era eu. Minha existência sempre foi uma invasora aqui, nessa família perfeita que meu pai fez.

Segurei os livros que ele me deu quando cheguei, não pude segurar minhas lagrimas, pois ainda conseguia ouvir o som de suas vocês discutindo. Múrmuros, gritos e até choro, eu podia escutar tudo, eu podia sentir tudo que minha mãe sentia, o ódio, magoa e ansiedade, tudo martelando no meu peito.

- S/n!- Escuto a voz do Atsumu me chamando, virei meu corpo na direção da janela e vi ele ali, com seu irmão sentado na soleira da janela- Você esta bem?

- Estava chorando?- Osamu murmurou enquanto se aproximava, seus dedos secaram as lágrimas nas minhas bochechas- Escutamos gritos, ficamos preocupados e viemos te ver.

- Eu...- Não consegui falar mais nada, as lágrimas e soluços me dominaram.

- Calma- Osamu me puxou para deitar em seu peito.

- Tudo esta acontecendo novamente- Disse com dificuldade entre soluços.

- A gente ta aqui- Senti as mãos do Atsumu no topo da minha cabeça- Vai ficar tudo bem.

- Filha- Me virei rapidamente notando que minha mãe estava na porta do quarto, seus olhos vagavam pelos rapazes- Desculpe meninos, mas agora tenho que levar a S/n, não vou poder me apresentar- Ela disse abaixando os olhos inchados de chorar- É uma péssima hora, mas devíamos jantar juntos qualquer dia desses.

- Mãe- Caminhei até ela, dei um abraço apertado tentando conforta-la.

- Vamos para casa- Minha mãe beijou o topo da minha cabeça e se afastou pegando uma das minhas malas- Vamos nos ver por ai meninos.

- Tchau- Disseram juntos me acompanhando com o olhar.

Abaixei a janela para observar melhor a minha nova casa, minha mãe bufou se debruçando sobre o volante, escutei um gritinho agudo e logo uma risada. Deitei minha cabeça no banco, acompanhando seus movimentos lentos.

- Não acredito que aqueles garotos subiram sua janela só para te ver- Ela deitou no banco me olhando- Eles parecem ser maravilhosos.

- Eles são- Afirmei sorrindo, ela suspirou levando sua mão até minha bochecha acariciando.

- Quer chamar eles para jantar na nossa nova casa?- Mostrei um sorriso enorme.

- Posso?- Questionei animada.

- Claro- Respondeu abrindo a porta do carro- Mas não esqueça que temos uma conversinha.

- Merda...

Like U{Twins Miya}Onde histórias criam vida. Descubra agora