Maratona sanguínea

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           Cheguei um pouco perto do lugar onde a dupla armada estava conversando e me escondi atrás de uma árvore na direção do carro com as madeiras

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           Cheguei um pouco perto do lugar onde a dupla armada estava conversando e me escondi atrás de uma árvore na direção do carro com as madeiras. Eu havia deixado as penas no chão, em formato de uma trilha indo para o meio do matagal. Assim, atrás da árvore, apanhei algumas pedrinhas pequenas que havia recolhido e fui arremessando-as na copa da árvore próxima à primeira pena da fileira.

           Joguei uma, nada. Joguei outra, nada. Joguei a terceira, nada. O silêncio me causou pânico interno, mas continuei de cabeça erguida. Saquei duas das pedrinhas de vez e as arremessei, novamente, na copa da árvore. Dessa vez o barulho chamou a atenção dos caçadores. Eu não conseguia vê-los de trás da árvore em que estava escondida, mas percebi quando os murmurinhos que vinham da conversa deles cessaram. Engoli a saliva em desespero enquanto ouvia seus passos se aproximarem.

           Eles estavam andando devagar na direção em que eu havia jogado a pedra, mas em um momento pararam. "Acho que não era nada", ouvi um deles dizer. Quando voltei a ouvir os seus passos, dessa vez mais rápidos e com o som diminuindo, tomei coragem e joguei a última pedrinha que estava em minha mão nas folhas. Felizmente eles perceberam o barulho e, infelizmente, um dos homens puxou o gatilho da arma. Eu gelei e me escorei mais à árvore atrás de mim. Quando ouvi um deles exclamar ter avistado uma pena vermelha, os homens começaram a andar mais rápido na direção da árvore que havia sido alvo de minhas pedras, e eu aproveitei para andar para o lado oposto do deles. A distração estava pronta, e devido ao jeito no qual posicionei as penas, bem distantes umas das outras, eu teria alguns bons minutos para colocar a segunda parte do plano em prática.

            Então me aproximei mais do acampamento, ainda por trás de algumas árvores, e tomei um caminho para semi-arrodear o lugar e alcançar o maldito que estava com minha Lilith pelas costas. Eu estava andando rápido, para a minha surpresa. Nunca havia me sentido tão dedicada a fazer algo. Lilith precisava de mim. A floresta era assustadora à noite, principalmente estando ali sozinha, mas a fogueira grande do acampamento não deixava eu me perder. Estimo que foram um pouco mais de cinco minutos para chegar do outro lado do ambiente. Continuei atrás das árvores — mesmo que o homem não pudesse me ver, por estar de costas à minha posição —, e o observei de longe. A feição de Lilith era de medo, e o cidadão estava no celular, provavelmente espalhando em algum grupo de mensagens que os comunistas — da cabeça dele — estavam vindo destruir o país.

           Eu tirei minha mochila das costas e a coloquei no chão, encostada em uma árvore, tirando de dentro a pedra que eu iria atirar no homem. Naquele momento, tudo me pareceu violento demais; além de eu nunca ter feito algo parecido, tinha medo de machucar o homem mais gravemente. As preocupações voltaram a prevalecer em meus pensamentos enquanto eu encarava a pedra segurada por minhas duas mãos. Mas logo balancei a cabeça em negação. Podia acontecer o que fosse, eu estava certa de que ia sair dali com Lilith. Então comecei a andar em direção à fogueira que estava no centro do acampamento. Mas, antes mesmo de eu deixar as sombras da margem do lugar, acabei tropeçando e a pedra rolou de minha mão até dentro da área desmatada. "Não, não, não!", pensei.

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