Desejo: Um amor perverso (Beauany Fanfic)

Capítulo Nove.

CERTAS VEZES temos a sensação de que seja lá o que esteja nos controlando, está de mal-humor. Isso porque quando temos um dia ruim ou acontecimentos ruins, nos perguntamos: "Nossa, o que eu fiz de errado ao universo?".
Bom, eu sei bem como é. E não digo isso por tudo o que está acontecendo na mansão - por mais que sejam motivos o suficiente para. Eu digo por tudo, tudo o que vem acontecido ao logo dos anos. Desde a morte dos meus pais, até um simples fora que levei de um loiro idiota.
Tenho a sensação de que fiz uma dívida com o universo, e agora estou pagando com azar.

- O que você acha de pegar mais leve com a pobre boneca? - Pergunto à Lizzie. Se passaram dois dias desde a noite escandalosa e até então eu foquei em dar mais atenção à ela. Acredito que toda essa raiva que a probrezinha guarda, seja falta de atenção. Seus irmãos estão sempre ocupados, e seus pais... Eles existem? - Não acha que ela merece um destino melhor? - Tento ponderar. A pobre boneca já está sem um braço e quase sem cabelo.

No entanto, a garotinha me olha como se eu fosse a pessoa mais iludida em todo este planeta.

- Não seja tola. Nem sempre as histórias terminam com um lindo fim. - Seu tom pode ser rude, mas ela está incrivelmente intrigada. - Algumas pessoas simplesmente não merecem um final feliz. - Essa última parte soa como um murmuro cabisbaixo. Muitas vezes sinto que Lizzie é uma adulta com várias decepções amorosas, tudo por sua maturidade.

- Do que está falando? Todos nós merecemos um final feliz. - Rebato.

- Muitas vezes me pergunto de qual mundo você vem. - Ela me olha, tão confusa que desconfio ser um extraterrestre. - A vida não é uma historinha de ninar. - E então volta a pentear os poucos fios de cabelo que sua boneca tem. Um banho de água fria que acabei de levar por uma garotinha.

É normal que eu me sinta inferior a ela?
Sempre tento conversar com Lizzie como se estivesse tentando convencê-la de que o mundo não é cruel. No entanto, até mesmo ela já aceitou que a vida pode ser complicada.

- É, talvez você tenha razão. - Suspiro, jogando a toalha. Ela está certa, até demais, para uma garotinha de quase dez anos.

- Any? - Me chama de forma delicada, eu viro meu rosto para ela no mesmo momento, indicando para que continue falando. - O que aconteceria se eu simplesmente contasse ao Nicolae que você está se insinuando ao meu irmão. - E então como mágica, um sorriso malicioso surge em seus lábios, de forma incrivelmente sombria. Seus olhos agora são desafiadores, ao contrário de antes, que estavam serenos.
Lizzie ficou entediada e decidiu brincar com a vítima. Entretanto, não compreendi o que ela quis dizer com aquilo. "Insinuando ao meu irmão"? Como assim?

- Não entendi, Liz. - Franzo a testa, pensativa para entender o que ela quis dizer. Nunca me insinuei para alguém, e não sei onde ela quer chegar com esta ameaça vaga.

- Josh me disse que você estava se insinuando para ele. - Seu olhar pousa sob mim - Acha que isso faria você perder seu emprego? Porque eu iria adorar isso. - Seu sorriso fica mais sombrio ainda, coisa que parecia impossível de se acontecer. Ela não faria isso por uma simples birra, certo?

Espera um pouco. Ela disse que Joshua contou que eu estou me insinuando para cima dele? Isso é uma brincadeira, certo?
O Beauchamp me provocou o tempo todo enquanto estive aqui. Foi ele quem acendeu todas as chamas que cresceram em mim, e então agora simplesmente diz que a insinuada aqui sou eu? Qual o problema dele? Na verdade, tenho uma pergunta melhor...

Qual seu jogo?

- Como se não bastasse fugir da festa, ele ainda tem que se diminuir a ponto de inventar mentiras para me difamar. - Passo a mão por meu rosto, incrédula. - Mas quer saber? Eu não vou cair no seu jogo como uma tola. - Digo a mim mesma, por mais que Lizzie esteja totalmente entretida em minhas expressões. - Ele vai ver só. - O farei perceber que não sou uma garota qualquer. Farei-o sentir como é mexer com uma mulher.