Desejo: Um amor perverso (Beauany Fanfic)

Capítulo Dez: Parte três.

Meu coração pulsava fortemente em meu peito. Era possível sentir minhas mãos suarem, vê-las brilhando pela umidade entre cada partícula existente em mim. Eu me perguntava quando e como seria até que o silêncio fosse substituído por nossas vozes. Parecia uma eternidade. Observar a floresta passando tão rapidamente e a estrada rodando como uma esteira me deixava cada vez mais angustiada. Questionava-me inúmeras vezes se fiz certo em escolher estar ao seu lado neste momento, e, sinceramente, de certo posso me arrepender de tal decisão.

Depois da revelação que tive, fui incapaz de dizer qualquer palavra. Estava inquieta pelo tormento existido em mim. Quem é ele? A imagem do loiro que tinha em minha mente era uma ilusão. O que me resta agora é acreditar naquilo que ele me permite acreditar.

Suas mãos torciam o volante como se estrangulasse-o. Era visível sua tensão. Seus músculos torcidos. Suas veias pulsando em seus braços largos. Sua testa franzida. Seus olhos ardendo na estrada, prestando atenção até mesmo em qualquer borboleta que via-se em nosso caminho. Eu o observei, e naquele instante pude saber que a maior guerra já travada um dia, seria em sua mente. Ele não para. Sua mente não descansa nem por um segundo, como se cada pensamento fosse um castigo para si mesmo. Agora, vejo-me pensando na possibilidade de querer ajudá-lo. É o que desejo. Preciso fazer, mas não posso. Ainda não. Não, se não sei quem ele é. O que ele é.

- Bom, eu estou aqui ao seu lado esperando que aja alguma resposta às centenas de perguntas que vagam a minha mente.

E então, lá estava ele, não como antes como quem estivesse preso aos delírios de outro mundo. Ele voltou ao mundo real agora, está me ouvindo. E ainda sim, sua voz continua trancafiada ao fundo de sua garganta, se recusando a dizer algo por longos segundos. Cinquenta cansativos segundos em que o único barulho era o som abafado da estrada. Eu poderia desistir de esperar por uma resposta e tentar outra abordagem. Pensei na possibilidade. Mas antes que pudesse ter forças para executar minha próxima ação, sua fala me pegou de surpresa, puxando qualquer atenção minha.

- "Acho saudável ficar sozinho a maior parte do tempo. Ter companhia, mesmo a melhor delas, logo cansa e desgasta. Gosto de ficar sozinho. Nunca encontrei uma companhia mais verdadeira do que a solidão." - citou o loiro, soltando sua voz no ar. Espera-se que eu não o responda, talvez até mesmo que não conheça a origem de sua citação. A verdade é que a obra Walden foi um clássico. Minha mãe amava ler este livro. Ela saboreou cada página, e me contava detalhe por detalhe sobre a história. - É uma citação do...

- Eu sei de quem é. - O interrompo antes que possa prosseguir. Olho para o loiro, a seriedade me toma. - Eu não sou velha a ponto de estar viva na data de publicação, mas li esse clássico. - Ajeito meus cabelos, prendendo-os em um coque frouxo - Por que mencionou essa citação?

Ele fica em silêncio por dez, talvez doze segundos.

- Porque é a verdade.

- A verdade sobre o quê?

- Sobre o mundo. - reponde, tão simples quanto a resposta anterior. E a seguinte frase vem após mais longos e dolorosos segundos em silêncio - Quando se tem a eternidade em suas mãos, a solidão é a melhor solução.

- Besteira. - digo a ele. - Ninguém consegue ficar sozinho por tanto tempo sem enlouquecer. Sua citação é um monte de bobagens, e você sabe disso.

- E quem liga? - Arqueja. - Cem anos é tempo o suficiente para aprender a lidar com a solidão...

- E ainda sim, você não aprendeu. - completo sua fala, mesmo que talvez não seja isso o que ele estava prestes a dizer. De qualquer modo, é a verdade, ele sabe disso.
Com minha intromissão, Josh parece se sentir um pouco desconfortável com o meu ponto de vista. Nós dois sabemos que estou certa, é nítido, e mesmo assim, ele se sente tenso. Seu orgulho é grandioso o suficiente para que ele não admita.