Desejo: Um amor perverso (Beauany Fanfic)

Capítulo Nove: Parte quatro.

Joshua está logo a minha frente, me encarando como se estivesse prestes a me atacar. Seus olhos estão escuros, como uma escuridão que chega cada vez mais perto de mim. Mais perto de me dominar. Eu diria que estou com medo. Mas, não sei o que sinto.
Depois do que li, não deveria permanecer sozinha na biblioteca com ele. Ainda sim, uma parte de mim gostaria de ouvir o que Josh tem a dizer sobre tudo. Seu lado da história.

- Tudo isso seria evitado se Nicolae não tivesse contratado uma pequena Sherlock Homes para cuidar da Pequena Liz. - Sem tirar o olhar de seus olhos, posso ver seu pé avançando um passo em minha direção. - Eu disse a ele que não daria certo trazer uma humana para este lugar. - Humana? Por que ele me referiu como se eu fosse uma espécie única?
Até tento lhe questionar com um "O que aconteceu, Josh?". Mas minha voz soou tão fraca. E parece que ele não me ouviu, apenas avançou outro passo e continuou o pequeno discurso - E agora terei que dar um jeito em você, Coitadinha. - Seus olhos escurecem cada vez mais - O que você leu, não passa de bobagens.

- Então me diz a verdade. - Dessa vez, sou eu quem corta cada vez mais a distância existida entre nossos peitos. - O que aconteceu com Mia Cooper? O que é real, o que é falso, Joshua?

Ele parece confuso. Não sei se esperava que eu corresse, gritasse, implorasse piedade. Mas toda minha calmaria e compreensão causa um efeito desordenado em seus sentidos.

- Você é louca. Louca e cega! - exclama, com a voz incrédula. Agora sou eu a confusa.

- Louca não é questionável, mas, cega? Por que eu seria cega? - Minha testa se franze naturalmente, um ato que demonstre ainda mais minha incerteza. Do que ele está falando?

- O fato de você ter que perguntar o motivo pelo qual te chamei de cega, mostra ainda mais que você se recusa a ver o que está ao seu redor. - Josh se aproxima, um pouco alterado - Você não percebeu nada de diferente em nós?

- Não. Não que eu deveria saber, certo? - É a verdade. Eu sei que eles são estranhos, mas não no sentindo que me faça abrir um terceiro olho em minha cara. - É claro que vocês são estranhos, mas eu pensei que fosse por conta de serem mimados.

Josh franze sua pele da testa, deixando suas sobrancelhas incrivelmente alinhadas pra baixo.
- Mimados? - Ele para de falar por um momento, repensando. - Talvez sejamos mimados. - Josh chacoalha a cabeça suavemente, para retomar os fatos - Quero dizer, não é disso que estou falando - E então, se aproxima um pouco - Você não reparou nada... Peculiar, em nós?

Reparei?
Eu, realmente, não sei. Se há uma palavra que define essa família, é "estranha". Mas, peculiar? Em qual sentido eu deveria considerar isso?
Talvez pelo fato de eu nunca ter visto eles comerem. Nem no café, nem no refeitório, muito menos na janta. Todas as vezes que eu me juntava a mesa com eles, observava que nem um grão de arroz sequer era ingerido por qualquer um.
Lizzie nunca comeu no café, mas Nicolae insistia que a escola disponibiliza todas as refeições para as crianças; Joshua sempre fingia tomar um gole de seu café, mas eu sempre pude reparar que a caneca continuava cheia; Já Noah, nunca o vi pegar ao menos uma refeição do refeitório da faculdade; Nicolae vive tomando seu chá com biscoitos, e as rosquinhas nunca foram ingeridas.

Ou talvez pela razão de não haver nem mesmo um espelho pela casa, tirando os de meu quarto. Isso seria para não atrair azar? Ou talvez porque eles são...
Não. Eu me recuso a pensar em algo assim. Não é possível. Por mais fascinante que seja o assunto, eles não existem. Não que eu saiba.

- Você precisa abrir os olhos, Coitadinha. Ou vai ser tarde para você. - Meus devaneios vão sumindo lentamente, enquanto a voz do loiro me puxa para ele, como uma canção angelical que me adormece. - Olhe para mim. - No mesmo instante, é exatamente o que eu estou fazendo. Meus olhos estão fixados a chama azulada dele. Há algo que me convoca. Me hipnotiza. Me fascina. Me atrai. - Quem é Mia Cooper?