Capítulo Doze: Parte dois.

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Ficamos parados por no mínimo um minuto. O Beauchamp mais novo, com seu corpo robusto sendo usado como um escudo para mim. E eu, encolhida em seu peito, apenas tentando entender o que acabou de acontecer.
Por um instante, digo a mim mesma que foi algum vento muito forte que estilhaçou o vidro. Mas assim que Josh se afasta o suficiente para que eu consiga ver o estrago que o "vento" causou em seu quarto, é impossível dizer que a natureza fez isso em uma noite plena sem ventos.

Eu fiz isso com o quarto dele?

Como? Como isso aconteceu? Como os vidros se quebraram? Como tudo estilhaçou assim que eu explodi?

Ao olhar para o chão, percebo que os vidros estão praticamente triturados ao piso escuro. Por sorte, nenhum me alcançou, mas para minha infelicidade eu estou descalça. Quero ver como vou sair daqui.

O silêncio continua estabilizado entre nós. Eu não tenho coragem de dizer algo, e Josh muito menos. E enquanto o vento gelado atiça meus cabelos ao ar, eu fico imaginando como vou explicar isso ao Nicolae.

Olho para o chão uma última vez. Embora o quarto seja escuro, a luz do luar reflete algo que eu não tinha reparado antes. Há sangue tingido no material transparente e repicado no chão. Não muito. Mas há.
Por um segundo, entro em desespero, pensando que fui atingida por um dos cacos de vidros que foram arremessados em meio a explosão energética. Porém, estou enganada. O sangue não é meu. E se o sangue não é meu...

- Josh. - sussurro, antes mesmo de olhar para ele e ver que o dono do sangue está bem a minha frente, com seus braços ainda me impedindo de sair para qualquer canto. Seu moletom justo deixou de ser inteiramente branco, para obter algumas manchas vermelhas, e junto com o tecido, consigo ver que os cacos de vidros que estavam prestes a me atingir, colidiram com as costas do loiro. Agora ele está todo perfurado com os cacos de vidro, e o sangue continua a escorrer.
Ele não pode se curar se os cacos continuarem em suas costas. Eu preciso ajudá-lo a tirar o vidro de si.

- Josh, suas costas...

- Não é nada. - retruca, sussurrando.
O olhar dele está fixado para baixo. Ele não está de atrevendo a me olhar, como se não pudesse, como se fosse falta de respeito. Não há vestígio de dor em seu rosto. Pelo contrário, ele não demonstra estar incomodado com os vidros perfurando a pele de suas costas.

- Você não pode ficar assim. - Quando tento colocar minha mão em seu braço esquerdo, Josh se afasta em uma rapidez sobrenatural.

- Eu disse que estou bem! - ele rosna. - Não sou frágil como um humano. Isso não me machuca.

- Mas se eu não tirar o vidro, você não vai conseguir se curar.

Josh bufa com desdém.
- Você diz como se soubesse algo sobre nós.

- Eu sei o suficiente para ter noção do que estou falando. Me deixa te ajudar, Josh. - Mesmo que eu queira muito, não ouso me mexer. Qualquer passo que eu der, vou estar pisando diretamente em um dos milhares cacos de vidro.

O loiro observa atentamente cada movimento mínimo vindo do meu corpo. Ele quer ter certeza que não vou ser louca em pisar no vidro.
- Eu não quero a sua ajuda. É tão difícil de entender isso?

É claro que ele quer a minha ajuda. E eu não estou dizendo apenas para tirar o vidro de suas costas. Ele precisa de alguém que acalme a fera dentro de si. E embora seja teimoso para admitir, eu sei disso.

- Me deixe te ajudar. - insisto. Para tentar convencê-lo (pois notei a forma como ele está sendo cauteloso para que tenha certeza que não pisarei em nenhum vidro), ameaço avançar um passo em sua direção. No entanto, antes que me desse tempo de pisar no chão cortante, Josh intervém:

Desejo: Um amor perverso (Beauany Fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora