16.

561 100 255
                                    

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


ERA ÓTIMO ACORDAR E não me sentir como se um caminhão tivesse me atropelado. Pelo contrário, estava novinha em folha: a febre tinha passado de vez e meus músculos pareciam revigorados. Oh! Graças a Deus, podia voltar a comer normalmente. Benditos sejam os criadores dos waffles congelados e das caldas achocolatadas! Meu pico de glicemia foi tão deliciosamente alto no café da manhã que nem liguei muito para o fato de precisar ir ao colégio.

Só por precaução, Bruno se prontificou para me levar de carro. Claro que poderia ter levado Hiero também, mas ele já tinha ido – bem mais cedo, por sinal, e para meu alívio. Depois daquele nosso último encontro embaraçoso, tudo o que eu menos queria era dar de cara com ele. Pelo menos, não agora.

Mal apareci pela porta da sala e minhas duas amigas correram ao meu encontro e abraçaram-me ao mesmo tempo. Era como se não me vissem há séculos – ou melhor, como se, por um milagre, eu tivesse sido resgatada após desaparecer em algum acidente trágico. Enquanto caminhávamos aos nossos lugares, enchiam-me de perguntas:

Amiga-do-céu, o que aconteceu? Não entrou em contato depois da tarde de quinta. Ligamos no seu celular várias vezes e só dava caixa postal. — Mima fez um biquinho de desapontamento.

— Ficamos preocupadas quando você não apareceu na escola na sexta! — Dahlia me ajudou a tirar minha mochila das costas e depois a ajustou atrás de minha cadeira. — Pensamos que tinha acontecido algo, principalmente porque... — Ela faz uma pausa dramática enquanto sentávamos em nossos lugares. Franzi as sobrancelhas, esperando pelo resto. A linda garota de olhos amendoados juntou as mãos como em uma prece e falou em tom aflito: — Ai, Bea, eu nem sei o que dizer... mas não fica chateada comigo. Por favor, por favor.

Balancei a cabeça sem entender nada. — Chateada? Por que, exatamente? — Sorri confusa. Mima parecia ter a mesma dúvida.

Dahlia suspirou novamente e então resolveu colocar de uma vez as cartas na mesa:

— Bem... É que, na hora de irmos ao shopping, a Julinha, minha irmã, não parava de chorar porque queria ir junto, e aí pronto. Minha mãe acabou tendo que ir também para cuidar dela; a Júlia ainda é muito pequena, só tem cinco anos, vocês sabem. — ela torceu a boca. — Eu encontrei com Mima direitinho, mas, em casa, mamãe comentou que te viu sozinha com um cara (Luke). Ela estranhou e questionou do porquê você não estar junto com a gente. Claro que não era boba nem nada, e logo deduziu a farsa... Aí ralhou um monte, dizendo que não deveríamos fazer isso, porque os pais ficam preocupados quando saímos sozinhas...

Ah, não...

Putz... Minha mãe nem estaria aí pra essas coisas. Só brigaria se mexêssemos no estoque de bebidas no seu closet. — Mima falou como piada, mas senti uma pitada de amargura na voz.

— É que meus pais são bem conservadores... — Dahlia se explicou. — Bem, acho que talvez ela tenha contado algo pra sua mãe, porque deu para escutar a voz dela da cozinha, ao telefone, e tenho quase certeza de que ouvi seu nome...

Segredos dele, Mentiras delaOnde histórias criam vida. Descubra agora