ERA ÓTIMO ACORDAR E não me sentir como se um caminhão tivesse me atropelado. Pelo contrário, estava novinha em folha: a febre tinha passado de vez e meus músculos pareciam revigorados. Oh! Graças a Deus, podia voltar a comer normalmente. Benditos sejam os criadores dos waffles congelados e das caldas achocolatadas! Meu pico de glicemia foi tão deliciosamente alto no café da manhã que nem liguei muito para o fato de precisar ir ao colégio.
Só por precaução, Bruno se prontificou para me levar de carro. Claro que poderia ter levado Hiero também, mas ele já tinha ido – bem mais cedo, por sinal, e para meu alívio. Depois daquele nosso último encontro embaraçoso, tudo o que eu menos queria era dar de cara com ele. Pelo menos, não agora.
Mal apareci pela porta da sala e minhas duas amigas correram ao meu encontro e abraçaram-me ao mesmo tempo. Era como se não me vissem há séculos – ou melhor, como se, por um milagre, eu tivesse sido resgatada após desaparecer em algum acidente trágico. Enquanto caminhávamos aos nossos lugares, enchiam-me de perguntas:
— Amiga-do-céu, o que aconteceu? Não entrou em contato depois da tarde de quinta. Ligamos no seu celular várias vezes e só dava caixa postal. — Mima fez um biquinho de desapontamento.
— Ficamos preocupadas quando você não apareceu na escola na sexta! — Dahlia me ajudou a tirar minha mochila das costas e depois a ajustou atrás de minha cadeira. — Pensamos que tinha acontecido algo, principalmente porque... — Ela faz uma pausa dramática enquanto sentávamos em nossos lugares. Franzi as sobrancelhas, esperando pelo resto. A linda garota de olhos amendoados juntou as mãos como em uma prece e falou em tom aflito: — Ai, Bea, eu nem sei o que dizer... mas não fica chateada comigo. Por favor, por favor.
Balancei a cabeça sem entender nada. — Chateada? Por que, exatamente? — Sorri confusa. Mima parecia ter a mesma dúvida.
Dahlia suspirou novamente e então resolveu colocar de uma vez as cartas na mesa:
— Bem... É que, na hora de irmos ao shopping, a Julinha, minha irmã, não parava de chorar porque queria ir junto, e aí pronto. Minha mãe acabou tendo que ir também para cuidar dela; a Júlia ainda é muito pequena, só tem cinco anos, vocês sabem. — ela torceu a boca. — Eu encontrei com Mima direitinho, mas, em casa, mamãe comentou que te viu sozinha com um cara (Luke). Ela estranhou e questionou do porquê você não estar junto com a gente. Claro que não era boba nem nada, e logo deduziu a farsa... Aí ralhou um monte, dizendo que não deveríamos fazer isso, porque os pais ficam preocupados quando saímos sozinhas...
Ah, não...
— Putz... Minha mãe nem estaria aí pra essas coisas. Só brigaria se mexêssemos no estoque de bebidas no seu closet. — Mima falou como piada, mas senti uma pitada de amargura na voz.
— É que meus pais são bem conservadores... — Dahlia se explicou. — Bem, acho que talvez ela tenha contado algo pra sua mãe, porque deu para escutar a voz dela da cozinha, ao telefone, e tenho quase certeza de que ouvi seu nome...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segredos dele, Mentiras dela
Teen Fiction[🎖️Destaque do mês de março/2023 no WattpadRomanceLP 🌸 FINALIZADA] Se existisse um concurso de Miss Dissimulada, Beatrice Cavalcanti com certeza ganharia em primeiro lugar. Ela é a personificação exata da adolescente perfeitinha: bonita, estudios...