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AH, O PLAYCENTER! TODA a sua aura mágica dos brinquedos coloridos, canções animadas e atrações arrepiantes compunham o maravilhoso retrato da nostalgia. Eu havia ido algumas vezes em família, outras, em excursões escolares – e, em todas as vésperas, nem conseguia dormir de tanta expectativa.

Naquele sábado, porém, acordei com sentimentos divididos. Estava ansiosa pelo parque, mas não muito alegre. Isso porque meu estresse do dia anterior havia se intensificado pelo gelo que Hiero estava me dando. Desde quando chegamos do colégio, ele permanecera calado, seus olhos desviando-se de mim como um automóvel em manobras arriscadas.

É, estava sendo bem estranho. Já fazia um bom tempo que não o via desse jeito.

Até o tosco do Bruno percebeu. Passou o trajeto todo para o parque tentando nos tirar daquele climão, contando histórias desastrosas dos brinquedos (com certeza inventadas) e algumas piadas meio sem graça, para variar. Só teve algum sucesso quando relatou (por cima dos meus gritos de protesto) um dos meus maiores micos da vida no LaBamba – uma roda giratória que chacoalhava e não tinha dó nem piedade de quem não se segurasse direito.

Nesse episódio infame, fiquei sem forças para me segurar na barra e, no meu desespero, agarrei as pernas de um menino qualquer e acabei arrancando-lhe as calças. Foi aí que Bruno ganhou uma gargalhada de Hiero e um quase-estrangulamento meu. Sorte a dele por estar dirigindo, e que eu não queria causar um acidente catastrófico em plena Marginal Tietê!

Pela misericórdia do pai celeste, já estávamos chegando. Mais uns minutos daquele falatório e eu precisaria de uma camisa de força.

Desci do carro e bati a porta.

— O quê? Eu só estava tentando melhorar os ânimos — tentou justificar-se. Às vezes parecia que meu irmão tinha minhocas em vez de cérebro! Talvez o Bruno responsável que me dera a mão naquele outro dia fosse um alienígena impostor.

Dei-lhe uma banana com o braço e o bocó apenas riu.

Verifiquei meu celular e vi uma mensagem da Dahlia, dizendo que todo mundo já esperava a gente do lado de dentro. Prossegui, então, para as catracas e Hiero seguiu-me em silêncio. Recebemos os típicos carimbos nas costas das mãos e logo estávamos rodeados de gente, carrinhos de comida e estruturas de ferro gigantes.

Um maravilhoso aroma de caramelo da maçã-do-amor, frituras e pipoca amanteigada pairava no ar e música eletrônica dos auto-falantes misturava-se às risadinhas e gritos de emoção. Bolhinhas de sabão flutuavam com o vento.

Ah, como eu amava parques de diversões! Agora que estava lá, aquela atmosfera fantástica serviu para amenizar meu nervosismo.

— Bea! — Minhas amigas exclamaram juntas quando me viram.

Mima veio correndo ao nosso encontro. Diferente de mim, que havia escolhido calças jeans confortáveis e um gracioso cardigan branco por causa do frio, ela trajava uma mini saia, botas de cano alto – e a camisa de Hiero, ajustada ao seu corpo com um nó.

Segredos dele, Mentiras delaOnde histórias criam vida. Descubra agora