Capítulo 14 - Intrigas

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Amanda On

Passaram-se alguns dias depois que fizemos todo o plano de fuga desse lugar, agora estávamos resolvendo as últimas coisas para que tudo desse certo. Já havia conversado com meu pai, que por sinal disse que também iria, se não fosse pelo meu irmão Diego que precisa dele aqui. Mas afirmou que assim que desse iria me visitar e levaria ele junto, pois faltava bem pouco pra ele ficar maior de idade e já decidir as coisas por ele. Eu estava em casa ajeitando umas coisas quando ouvi baterem na porta, então logo larguei o que estava fazendo e fui atender, acabei deixando Marcela esperando em uma chamada de vídeo no quarto. Quando abri a porta, minha mãe e meu irmão Hugo entraram tão rápido que quase me atropelaram.

- Cadê o imprestável do seu pai? - Questionou minha mãe olhando para os lados.

- Imprestável? - Indaguei a olhando com desdém.

- É, porque pra deixar uma merda dessa acontecer tem que ser imprestável. Que história é essa que você está se esfregando com aquela garota por aí? Você enlouqueceu Amanda? Eu tenho um nome a zelar, o nome fica aonde? No cu? - Disparou sem nem me dar a chance de dizer algo. - Se bem que agora faz sentido o fato dela querer te defender com unhas e dentes naquele hospital. O que ela viu em você? Não faço idéia, porque só agora que está mais ajeitadinha, antes, só por Deus. Só sabia comer. Até que o açougueiro serviu de alguma coisa, depois você me agradece por abrir os seus olhos todos os dias pra finalmente ter tomado uma atitude. - Eu segurava ao máximo as minhas emoções ao ouvir todas essas baboseiras. Incrível, eu quase morri por causa deles e das pessoas a minha volta e ela ainda quer que eu a agradeça? - Escuta bem o que eu vou te falar, você vai acabar com essa porra! - Exclamou apontando o dedo na minha cara. - Eu nunca vou aceitar isso, NUNCA! - Acrescentou reforçando a palavra. Eu ergui uma das mãos e tirei o dedo dela da minha cara na maior naturalidade. Antes ao ouvir algo do tipo eu apenas saia quase chorando, e ia chorar no meu quarto. Mas as coisas mudaram por aqui.

- Primeiramente, não, o meu pai não está. E não, eu não enlouqueci, finalmente encontrei alguém que me ama de verdade, sempre me aceitou como eu sempre fui, e eu daria a minha vida por ela assim como sei que ela daria a vida dela por mim. Em segundo lugar, você não tem o direito de entrar aqui assim, apontar o dedo na minha cara e me esculachar dessa forma. Acha que tem por que? Por que é minha mãe? Você só foi mãe no papel, porque até onde sei, mãe de verdade mesmo nunca foi. Se não fosse por meu pai eu nem teria nascido. E assim como você disse que nunca vai aceitar o meu relacionamento com a Marcela, pra mim tanto faz, eu não preciso da sua aceitação, já sou maior de idade e sei o que faço da minha vida...

- NÃO FALA ASSIM COM A NOSSA MÃE SUA ESCROTA!! - Esbravejou Hugo me fazendo lembrar que ele estava ali, e foi a pior coisa que ele fez, me fazer lembrar que ele estava ali. - Perdeu noção do perigo? Eu quebro os teus dentes porra!! - Ameaçou. Eu dei um leve riso debochado e balancei a cabeça em negação.

- Aaah Hugo, Hugo. - Cantarolei o olhando. - Você podia ter ficado quietinho como estava desde que entrou, mas não, tinha que abrir a boca não é? - Ele engoliu a seco e eu voltei a encarar minha mãe. - Você mata e morre por ele não é? - Indaguei a encarando. - O queridinho da mamãe, o mais "inteligente", o orgulho da família, o senhor certinho, um cara exemplar. - Disparei de forma debochada. - Grande exemplo não é maninho? - Questionei agora olhando para ele. Minha mãe não entendia nada. - Você seria exemplo se antes de falar dos outros você olhasse pro seu próprio umbigo. Mas não dá pra ser exemplo me chamando de nojenta, me criticando, me esculachando, sendo gordo e ainda por cima gay. Duas coisas que você diz que abomina, e duas coisas que pra mim é normal, você não se torna um lixo por ser gordo ou gay. Você se torna um lixo quando você se acha no direito de julgar outra pessoa esquecendo que enquanto você aponta um dedo, tem três apontando pra você. Ao contrário de você, eu não tive nojo quando soube. Não tenho nojo se você for gay, te apoiaria irmão independente de qualquer coisa, porque eu não sou como você. Eu não preciso diminuir você pra me sentir melhor, ou pra me sentir o favorito da mamãe ou do papai, que seja. Para de ser escroto, para de pagar de machão diminuindo as pessoas a sua volta. Para, porque tá feio. - Finalizei o olhando. Hugo estava com seus olhos vermelhos e marejados. Minha mãe estava inerte, parecia digerir ainda tudo o que falei.

Me Recuso a Desistir 2 (Um Romance Lésbico) Onde histórias criam vida. Descubra agora