Capítulo 17 - Me Recuso A Desistir

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Marcela On

Alguns dias depois...

- Maah você colocou os seus remédios na mochila? - Questionou minha mãe enquanto ajeitava minha mala sobre a cama.

- Eu peguei tudo mãe, não esquenta com isso. - Respondi guiando a cadeira de rodas na direção dela.

- Olha, eu juro que estava tentando não perguntar, mas você falou sobre isso com a Amanda? - Indagou sentando-se na beirada da cama e me olhando.

- Eu mandei uma mensagem pra ela há poucos minutos atrás. - Disse desviando o olhar para as minhas mãos. - Disse que decidimos seguir com o plano de ir para Londres, e que se ela ainda quiser fazer parte disso, se ainda quiser fazer parte da minha vida, pedi que viesse até aqui pra gente conversar ou que me mandasse uma mensagem. - Expliquei em resumo. - Pedi que viesse às 19:00hrs, bom... Ainda falta alguns minutos.

- Isso aí meu amor, a esperança é a última que morre. - Respondeu levantando-se e passando as mãos nos cabelos. - Eu vou ajeitar as minhas coisas tá? Qualquer coisa me chama. Quer ajuda para deitar na cama?

- Não mãe, está tudo bem, minha perna só está doendo um pouco, deve ser do esforço. Mas preciso aprender a me virar enquanto estiver assim, se eu depender de vocês pra tudo eu vou enlouquecer. - Debati respirando fundo em seguida.

- Tudo bem, respeito seu desejo. - Concordou erguendo as mãos em rendição. - Qualquer coisa me chama. - Reforçou retirando-se do quarto.

Minha mãe trouxe tudo o que ela levaria na viagem para cá, segundo ela ficaria melhor pra gente seguir juntas até o aeroporto. Ela foi até a sala onde iria terminar de ajeitar suas coisas que estavam num canto. Eu movi a cadeira até a mesinha de cabeceira e peguei meu celular, em seguida peguei o meu head fone sem fio e coloquei em mim. Liguei o Bluetooth e coloquei minha playlist para tocar, aumentei o volume e verifiquei se Amanda havia respondido, mas não havia mais mensagens dela. Então bloqueei a tela do celular e o coloquei sobre o meu colo, ao erguer a cabeça me deparei com uma foto nossa em um retrato que havia ali, peguei o mesmo e fiquei fitando ele enquanto tocava “Rihanna feat Ne-Yo - Hate That I Love You.” Já viram a tradução dessa música? Vejam, por uns instantes eu achei que se encaixa perfeitamente na situação em que me encontro com Amanda. Eu realmente preciso dela, tudo o que ela faz me faz sorrir, ela me faz feliz, me faz bem. Eu não queria, mas sou dependente desse amor, e como diz a música... Será que eu posso não gostar disso por um instante? Não, mas ela não deixa. Ela me chateia com algumas atitudes, depois vem com aquele jeitinho que só ela tem, aquele jeitinho de quem sabe me ganhar, e de repente eu esqueço que estava chateada. Viu como tem tudo haver com a gente?

- And I Hate now much I Love You girl... But I Just can’t let You go... And I hate that I love You so... ( E garota eu odeio o quanto eu te amo... Mas eu simplesmente não posso te deixar... E eu odeio te amar tanto assim...) - Cantei baixinho junto com a música. Logo pude sentir meu fone ser tirado, ao me virar para ver quem havia tirado me deparei com Amanda. Ela olhou em meus olhos e cantarolou:

- And I Hate now much I Love You girl... But I Just can’t let You go... And I hate that I love You so... ( E garota eu odeio o quanto eu te amo... Mas eu simplesmente não posso te deixar... E eu odeio te amar tanto assim...). - Era o mesmo trecho que eu havia acabado de cantar. Ela então pegou o retrato da minha mão e o colocou em pé na mesinha de cabeceira, em seguida fez o mesmo com o meu celular. Respirou fundo e sentou-se na beirada da cama para ficar da minha altura. - Vamos conversar? - Propôs. - Sem discussão por favor, eu não quero mais brigar.

- Eu também não quero mais brigar. - Debati respirando fundo em seguida.

- Desculpa, eu perdi a cabeça, não estava bem. Seu acidente, o que houve com minha mãe, entre outras coisas que vieram à tona me fizeram explodir... Com a pessoa errada. Digo o que houve com minha mãe, não porque eu esteja com pena dela estar presa, mas por raiva do que ela tentou fazer. - Explicou mordendo o canto da boca em seguida. - Você esteve comigo quando ninguém mais estava, você me salvou daquela ponte, me salvou da minha mente, me salvou de mim mesma. E eu preciso... - Ela fez uma pausa por sua voz sair embargada e seus olhos encherem d’água. - Eu preciso que continue tendo paciência comigo, prometo tentar ser melhor, prometo tentar me esforçar mais e me recuperar de tudo isso. Eu preciso de verdade de você comigo, e sei que agora mais do que nunca você também precisa de mim, eu estou aqui, bem aqui. - Finalizou deixando lágrimas percorrerem seu rosto.

Me Recuso a Desistir 2 (Um Romance Lésbico) Onde histórias criam vida. Descubra agora