Capítulo 18 - Dias Difíceis

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Não quero me sentir uma inútil, por estar nessa cadeira de rodas ou dependente das muletas para andar.”

Essa frase que Marcela me disse antes e viajarmos repetia várias e várias vezes em minha mente. Como ela se sentiria agora? Como iria ser daqui pra frente? Claro que ela jamais deveria se sentir inútil, já vi muitas pessoas dando a volta por cima depois de perderem algum membro do corpo. Superando obstáculos com próteses adaptadas, fazendo tudo sozinho, independente, voltando a rotina do que sempre fizeram. Com ela também pode ser assim, só que sabemos que no início é difícil, tenho medo de como pode afetar o psicológico dela.

- Quando eu vou poder vê-la? - Questionei olhando para Marta em seguida.

- Eu também não pude vê-la ainda, eles disseram que precisamos esperar ela acordar. - Respondeu ela me olhando. - Não quer ir comer algo? Ir pra casa?

- Não, eu vou ficar. - Disse com a voz firme.

- Vai pra casa pelo menos tentar descansar um pouco, você está há horas acordada, tome um banho para relaxar. Ela vai ficar bem, eu vou estar aqui o tempo todo até você voltar, aí trocamos, certo? - Sugeriu. Quando eu ouvi que ela me deixaria ficar mais com ela depois, eu achei melhor aceitar a sugestão dela. Então me despedi e fui até as meninas que também aguardavam por notícias.

- E aí, conseguiu falar com alguém? - Questionou Zara. Lívia nos olhava atenta.

- Consegui, a boa notícia é que ela está bem, até o momento, está estável. Mas infelizmente tiveram que amputar parte da perna dela, estava com uma infecção forte e já tinha atingido os músculos, corria o risco de se espalhar, pegar os ossos e ela morrer. - Disse de uma só vez sem rodeios.

- Caramba!! - Exclamou Lívia em choque, mesmo não conhecendo Marcela direito para ela foi forte.

- Meu Deus! - Era Zara com as duas mãos sobre a boca, assustada com a notícia. - Não sei nem o que dizer... Mas que bom que salvaram a vida dela.

- Espero que ela pense assim também, que foi bom salvarem a vida dela. - Murmurei mordendo o canto da boca.

- Você vai precisar ser paciente, tem coisas que levam tempo pra gente se dar conta e aceitar. - Aconselhou Lívia.

- Pois é... - Concordei respirando fundo. - Bom se vocês quiserem ir pra casa, podem ir sem problemas, minha sogra pediu pra eu ir também, tentar descansar um pouco. O que acho difícil, mas...

- Eu ainda estou em choque com tudo isso. - Comentou meu pai.

- É eu também. - Disse o olhando.

- Se vocês quiserem deixamos vocês lá, afinal vamos pro mesmo lugar praticamente. - Sugeriu Zara.

- Eu vou aceitar a carona. - Concordei por fim.

Eu fui embora muito a contra gosto, contra a minha vontade, pois queria ficar com ela. Mas Marta não me deixaria ficar a menos que tentasse descansar depois de tudo isso. Em poucos minutos as meninas nos deixaram na frente de casa, se despediram da gente após passarem seus contatos caso a gente precisasse de algo. E então foram para suas casas. Quando meu pai e eu entramos encontramos um Diego muito aflito, estava louco por notícias, afinal o deixamos em casa pois dissemos que muita gente só atrapalharia. E ele ficou, eu contei a ele o que houve, e fui tomar um banho. Depois de longos minutos após sair do mesmo, me sentei na cama e fiquei pensativa, mal percebi quando meu irmão entrou no quarto.

- Está pensando nela não é? - Comentou aproximando-se e sentando-se ao meu lado.

- Sim, não tem como não pensar, ainda mais com isso. - Respondi o olhando.

Me Recuso a Desistir 2 (Um Romance Lésbico) Onde histórias criam vida. Descubra agora