Capítulo 16 - Recaídas

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Ela estava certa, eu não podia tirar a razão dela, porque definitivamente ela estava certa. Se ela quem passou por tudo isso, faz questão de tentar esquecer e seguir em frente, quem sou eu pra ficar relembrando e martirizando isso? A fazendo lembrar de tudo outra vez, do que deveria ser página virada em sua vida. Como eu pude ser tão idiota? Como eu pude falar com ela daquela forma? Perguntando se ela lembrava das tripas dela pra fora, meu que merda eu fiz?

- Ei... Está tudo bem? - Questionou minha mãe ao me notar fitando o vazio.

- Só minha perna que está dolorida. - Respondi a olhando.

- Deixa eu te ajudar. - Ela pegou um travesseiro, colocou em baixo da minha perna e ajeitou. - Prontinho, mas eu sei que não é só isso. Ouvi sua conversa com ela. - Revelou me fazendo respirar fundo.

- Que merda eu fiz? - Indaguei levando as duas mãos ao rosto.

- Vai ficar tudo bem, vocês ainda vão conversar melhor e consertar isso.

- Isso se ela quiser olhar na minha cara né. - Murmurei.

- Eu conversei um pouco com o rapaz, o irmão dela, parece bem arrependido. E está tentando consertar o erro cometido, porém isso só cabe a Amanda decidir se ela perdoa ou não. Lembrando que perdoar não significa esquecer. Mas ajuda a se livrar um pouco do peso que carregamos das maldades das pessoas. Ajuda a aliviar a mágoa, o rancor que se instala em nosso peito. Mas não significa que seremos trouxas para aceitar tudo outra vez. E acredite, Amanda não me parece nem um pouco trouxa mais. - Comentou me olhando.

- Ela está bem mais forte do que imaginei. - Debati pensativa. - Eu só queria que ela estivesse aqui agora.

- Ela esteve o tempo todo, mas você acabou a afastando. Eu acho que ela só precisa de um tempo pra ela, toda essa história de acidente, da volta do irmão, entre outras descobertas, acabou sobrecarregando ela. Tenha paciência, como sempre teve desde o início. - Aconselhou sorrindo em seguida.

Horas mais tarde....

Eu estava caminhando pela rua próxima da ponte quando de longe pude notar alguém sentada na beirada da mesma, estava chorando e talvez decidida a acabar com a própria vida. Logo me lembrei de quando reencontrei Amanda. Aproximei bem devagar e quando cheguei perto, coloquei uma das mãos no ombro da pessoa.

- Acredite, não vai querer fazer isso. - Disse a olhando. A pessoa que se tratava de uma garota, virou-se me permitindo ver seu rosto, eu não acreditava no que estava vendo. - Amanda?

- Eu te avisei... Adeus Marcela! - Exclamou se jogando para frente antes mesmo que eu pudesse segurá-la. Me debrucei na ponte e pude ouvir seu corpo colidir contra a água. Então um grito desesperador saiu de minha garganta.

- NÃOOOOOOO!!

Dei um pulo da cama, mas em seguida pude sentir mãos delicadas me segurando, eu gritava a todo instante chamando por Amanda, querendo a todo custo ir até a beirada da ponte ver se ela ainda estava ali. Mas tudo não passava de uma ilusão.

- Ela está com muita febre, deve estar tendo alucinações. - Pude ouvir uma voz masculina dizer. - Vou aplicar um antibiótico. Logo acabei dormindo outra vez.

Amanda On

Eu estava sentada em uma cadeira próxima a cama de hospital em que Marcela estava, essa dormia tranquilamente após ter um surto, foi desesperador vê-la gritando daquela forma. A todo instante eu dizia que estava aqui, mas era como se ela não me escutasse.

- Quer ir pra casa descansar um pouco? Eu fico com ela. - Sugeriu Denise após pousar uma das mãos em meu ombro.

- Estou bem Deni, o tempo que fiquei fora após discutirmos deu para recuperar as energias. - Expliquei a olhando. - Eu espero de verdade que ela não fique com nenhuma sequela.

Me Recuso a Desistir 2 (Um Romance Lésbico) Onde histórias criam vida. Descubra agora