Capitulo 54

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As celas da cidade escavada eram todas, sem exceção, frias e fedidas a mijo, fezes, sangue e coisa podre, talvez por cadáveres de rato ou pedaços de gente em decomposição, provavelmente ninguem limpava lugar desde que foi construído, a séculos atrás.

- Conte como a encontrou ‐disse Azriel, aquela voz baixa que ja havia destruido inúmeros exércitos.

Rhys estava encostado na parede mais afastada da cela, de braços cruzados. Azriel se agachou em frente ao lugar onde o Attor estava acorrentado a uma cadeira no centro da sala, eu pairava ao lado dele, de pé, mantendo os braços cruzados e um olhar mortal na direção do Attor.

Alguns andares abaixo, a Corte de Pesadelos seguia em frente, alheia ao fato de que seu Grão-Senhor viera até aqui embaixo.

O Attor soltou uma risada baixa.

- Recebi notícia do rei de que era onde vocês estavam. Não sei como ele sabia. Recebi a ordem e voei até a muralha o mais rápido possível.

A faca de Azriel estava apoiada em um joelho. A Reveladora da Verdade, o
nome estava estampado na bainha, em prateadas runas illyrianas. Nós descobrimos que o Attor e alguns outros estavam posicionados nos limites do território illyriano.

Talvez devessemos jogar o Attor em um dos acampamentos de guerra e ver o que os illyrianos fariam com ele.

Os olhos do Attor se voltaram para Rhys, brilhando com ódio.

- Boa sorte ao tentar ficar com ela, Grão-Senhor.

Ela, Feyre, o Attor se referia a Feyre.

- Por quê? -perguntou Azriel

As pessoas costumavam cometer o erro de achar que Cassian fosse o mais selvagem, aquele que não podia ser domado. Mas Cassian era só esquentado e seu temperamento podia ser usado para forjar e soldar. Havia um ódio gélido em Azriel que ninguém conseguia entender. Talvez o dom de encantar sombras tivesse vindo até ele então, talvez ele tivesse se ensinado a língua das sombras.

- Acha que não é de conhecimento de todos que você a levou de Tamlin? -disse o Attor a Rhys - O rei poderia ajudá-lo a ficar com ela, considerar poupá-lo, se trabalhasse com ele...

A essa hora, eu ja tinha vasculhado cada detalhe, cada pensamento e lembraça terrível do Attor. Ele ao menos sabia que eu e Rhysand tinhamos feito tal coisa, mas... ali estavam: imagens do exército que foi montado por Hybern, cheios de navios, preparando-se para um ataque; O rei, mesmo que feérico tinha a aparência de velho e levemente enrrugado como um humano por volta dos quarenta anos, com certeza tinha mais idade que Beron, mais de 700 anos, sentado no trono num castelo em ruínas. Nenhum sinal de Jurian se arrastando por ali, ou do Caldeirão. Nenhum sussurro a respeito do Livro ocupar suas mentes. Tudo que o Attor tinha confessado era verdade.

Az me olhou por cima do ombro. O Attor entregara tudo nós. Agora estava apenas tagarelando para ganhar tempo.

- Quebre suas pernas, destrua as asas e atire-o na costa de Hybern. Veja se sobrevive. -Rhys disse a nós

O Attor começou a se debater, a implorar. Rhys parou à porta e falou para ele:

- Lembro de todos os momentos sob a montanha. Agradeça por eu permitir que você viva. Por enquanto.

Seria tão prazeroso mata-lo lentamente por tudo oque ele fez a Feyre sob a montanha mas, infelizmente, eu não podia fazer tal coisa, nós precisavamos que ele mandasse uma mensagem para Hybern.

Azriel se aproximou do Attor com a Reveladora da Verdade em mãos e começou a desperdaçar sua asa, fiz o mesmo do outro lado partindo ossos e cartilagens.

O Attor já gritava sob as nossas lâminas quando Rhys deu as costas nos deixando na cela.

Continuei os cortes, sem padrão as vezes arrancando pedaços das asas daquela criatura horrenda, sangue prateado deixava minhas mãos e braços pegajosos comforme escorria. O cheiro daquele sangue novo misturado ao putrido de muitos outros seres que ja foram trazidos para essa cela poderia ter feito com que eu vomitasse mas me obriguei a manter a expressão vazia e imperturbada apesar do nojo.

"Deveriam limpar essas celas, meus olhos vão lacrimejar de tanto fedor" sussurrei na mente de Azriel abafando brevemente os gritos irritantes do Attor em meu ouvido.

"Temo ter que dizer o mesmo, acho que tem um rato morto bem do meu lado" respondeu Azriel em pensamentos.

- Cale a boca criatura odiosa -disparei revirando os olhos em meio a um suspiro entediado -Está perturbando meus ouvidos com gritos tão finos

O Attor não calou a boca por nem um segundo enquanto destruiamos as suas asas, compreensível mas não deixa de ser irritante então quando Azriel e eu destruimos suas pernas as deixando tortas e os ossos em pedaços, ele não tinha mais força o suficiente para gritar.

- Cassian e eu voaremos com ele até Hybern -disse Azriel a mim, a expressão vazia foi mantida em seu rosto e no meu.

Então Cassian entrou pela cela, exibia um sorriso cruel em seu rosto.

"Rhysand ja veio para corte, deixaram Iran na casa de minhas irmãs?" perguntei na mente de Cassian e ele respondeu, em pensamentos, para que eu entrasse e visse com os meus próprios olhos, foi oque eu fiz.

Eu via pelos olhos de Cassian, Iran estava a frente dele, olhando para cima para conseguir encara-lo, seu corpo tremia com tamanha coragem que foi preciso para uma mulher humana peitar um Illyriano daquele tamanho mas ela não cedeu, disse para que ele a levasse para onde eu estava, nem que fosse no inferno e que não me deixaria sumir sem dar notícias outra vez, Cassian encarou Rhys, procurando uma resposta, uma permissão, ou não, sobre levar Iran até a corte.

"Leve-a para a casa do vento, contate Mor para que fique com ela até Kendra voltar e deixe que ela resolva oque fazer com a garota depois" Rhys soou na mente de Cassian.

Então o Illyriano concordou com a cabeça e disse a Iran que a levaria e a mandou buscar as coisas dela e as minhas o mais rápido possivel que ele não iria espera-la por mais de cinco minutos.

Assim foi feito, Iran subiu as escadas correndo o mais rapido que conseguiu e voltou com a minha bolsa e a dela, se despediu de minhas irmãs e se virou para Cassian que antes de pega-la no colo, lançou uma reverência debochada a Nestha e demorou um olhar em seu corpo que ele sabia que a deixaria irritada.

Nestha lançou um gesto vulgar a Cassian que estampava um sorriso debochado em seu rosto. A essa altura ele ja tinha pego Iran, que tremia dos pés a cabeça, em seu colo como se tivesse levantado um simples pedaço de papel e se lançou nos ares fazendo a garota gritar, de propósito obviamente.

Sai da mente de Cassian e o unico agradecimento que pude oferecer a ele aquele momento foi um mísero aceno de cabeça que Cassian devolveu antes que seguisse até Azriel e os dois agarrassem o Attor pelo braço e o arrastassem para fora da cela.

Assim que os illyrianos sairam, corri para fora do andar de celas e atravessei para Velaris, para casa, assim que não haviam mais feitiços me impedindo, indo ao encontro de Iran.

Corte de chamas e pesadelosOnde histórias criam vida. Descubra agora