Capitulo 111

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Era o quinto dia do rito.

Faz cinco dias que não como nada cozido. Cinco dias que não durmo mais de três horas por noite e as vezes nem isso eu consigo.

Cinco dias.

Os pesadelos fodem um pouco mais minha cabeça a cada noite, acordo suando e tremendo na escuridão das cavernas e as vezes estou tão ofegante e meu coração está batendo tão forte que tenho de prender a respiração para controla-lo.

Esse tipo de coisa acontece quando minha cabeça cria situações com Callie, quando me coloca como sua agressora e muitas vezes como sua assassina.

Esses tipos de pesadelos são os piores, doem para caralho, até mais que aqueles em que eu estou do lado do Rei de Hybern e coloquei as algemas em minhas irmãs.

Deve ter algo a ver com o laço de parceria que me impediria de fazer coisas que o laço sanguíneo não conseguiria.

É claro que, mesmo que o laço sanguineo não fosse de fato me impedir, eu jamais machucaria minhas irmãs.

Já briguei fisicamente com Nestha quando criança, já pensei em brigar depois de crescida, mas porra, mata-la? É claro que não.

Com Elain, ja imaginei, uma ou duas vezes, naquele chalé fedorento, quando não queria ajudar ou se escondia atrás de Nestha para que ela dissesse tudo oque queria para mim.

Feyre... bem, Feyre é Feyre, quem diabos pensaria em estender se quer um dedo para ela?

Certo, eu sei quem e me arrependendo de não ter matado ele antes que tivesse conhecido ela mas por outro lado se toda aquela merda não tivesse acontecido, Amarantha estaria viva, Rhys ainda se a merda de um escravo sexual, meus amigos estariam presos em Velaris, minhas irmãs provavelmente teriam morrido de fome ou estariam quase morrendo e eu jamais teria vindo para Prythian, não teria conhecido Helion, nem Dalila e meus amigos não seriam meus amigos.

É estranho imaginar como as coisas mudaram nos ultimos meses, quase um ano, não sei imaginar como seria viver num mundo onde não tenho Cassian para me perturbar, ou Azriel para eu perturbar junto com Cassian, ou Rhys para tomar chá enquanto converso sobre tudo o que tenho vontade, ou Mor com quem fazer compras por Velaris e dançar no Rita's, ou Amren com quem ler, dormir ou simplesmente ficar do lado dela enquanto fazemos nada.

Tudo isso, coisas boas, aconteceu porque Tamlin sequestrou minha irmã, não existe maneira bonita de falar, ele a sequestrou e pronto, a enganou, a usou e a manipulou, até a agrediu.

Não sou grata por ele ter de forma indireta proporcionado oque tenho hoje.

Não, porra, não.

Não é por ele que tenho isso, é por Feyre, ela pagou com a propria vida a liberdade de Prythian, se fosse por Tamlin e sua incrível capacidade de ignorar toda a merda que acontece a seu redor, tudo estaria igual e Feyre teria sido morta por Amarantha mas não teria volta.

Por falar em matar, no terceiro dia, perdi as contas de quantos illyrianos tinha matado.

Talvez tenham sido vinte e oito ou vinte e nove mas teve aquele grupo de quatro ontem e mais três depois dele e um hoje de manhã.

Minhas mãos estavam cheias de farpas por causa do arco e das flechas que aliás eu tive que trocar, a madeira das que fiz no primeiro dia começou a inchar por causa do sangue, e da água, não posso deixa-las sujas, as bestas da floresta fareijariam o sangue e eu não estava a fim de ser atacada por elas no meio da noite.

Minha sombra estava posta quase que exatamente debaixo dos meus pés, era por volta do meio dia.

Ramiel, não estava muito longe, mas também não estava perto, talvez a uns nove quilômetros e meio ou um pouco mais.

Corte de chamas e pesadelosOnde histórias criam vida. Descubra agora