Dois

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— Você não me disse nada sobre sua madrasta, Any. Devo me preocupar? — Sina disse enquanto íamos para minha casa. Eu ainda estava na escola, era meu último ano. Devido a morte da minha mãe, acabei atrasando um ano, já que eu me recusava a ir para a escola. Meu pai até tentou, mas não estava tão disposto a me contrariar na época, acredito que a sua vontade era a mesma que a minha.

— Ela é legal, Sina. — Dei de ombros.

— Só legal? Nossa, eu achava que você estaria bem mais animada do que isso.

— Eu deveria? — Encarei-a — Ela só tem vinte e dois anos, o máximo que eu posso esperar dela é uma amizade, jamais conseguirei vê-la com minha mãe, no máximo irmã.

— Certo, e ela é bonita pelo menos?

Bonita... Savannah era linda. Linda para caralho. E isso não quer dizer que eu estava interessada nela, nada disso! Eu apenas não tinha como negar que aquela garota era linda e eu entendia porque meu pai se encantou por ela.

— Sim, ela é.

— Entendi — Ela deu de ombros.

Já estávamos na frente de minha casa e então entramos, fui quase me arrastando até a porta. Eu estava com sono e fome, muita fome. Entrei em casa e Sina entrou em seguida, ela era de casa já, meu pai adorava ela e fez questão de apresentar Savannah ela logo.

— Filha! — Meu pai saiu da cozinha e veio até nós sorridente. Era ótimo ver esse sorriso em seu rosto, porque antigamente eu quase nunca via isso com frequência, e desde que ele a conheceu era difícil vê-lo de mau humor.

— Oi, papa! — Abracei-o e em seguida ele abraçou Sina.

— Estou feliz que você esteja aqui para conhecer a Savannah, Sina! — Ele deu um beijo em sua cabeça, sem tirar aquele sorriso do rosto.

— Eu que estou feliz por conhecer a mulher que está lhe causando todos esses sorrisos, tio. — Sina disse sorrindo. Ela chamava meu pai de tio, mas o considerava um pai.

— Ela é um amor, você irá adora-la! Porém, ela acabou de subir para tomar um banho.

— Então irá demorar — Ri — Bem, nós vamos no quarto um pouco e logo descemos. — Ele assentiu e nós subimos.

Entramos em meu quarto, coloquei a bolsa em cima do puff branco que tinha no canto do meu quarto e me joguei em minha cama, fechando os olhos. Logo senti o corpo de Sina ao meu lado.

— Seu pai está realmente muito feliz. Eu nunca o vi tão feliz e com esses olhinhos brilhando assim. Essa menina realmente deve ser uma boa pessoa.

— Pelo pouco que a conheço ela é uma boa pessoa, mas ainda é cedo para dizer algo, não a conheço tão bem assim. — Eu disse ainda de olhos fechados — Mas realmente, ele está radiante e eu estou feliz por isso. Até porque, jamais aceitaria uma megera dentro de casa e se ela pensar em magoar meu pai, eu acabo com ela.

— Gabizão atacando — Ela riu e eu mostrei o dedo do meio para ela — Mas eu também não aceitaria que ela magoasse o tio Simon.

— Eu estou falando isso, mas não acredito que isso vai acontecer realmente, ela é muito atenciosa com ele, parece realmente ama-lo. Eu estou dizendo isso pelo pouco que eu vi, óbvio, mas não acho que ela vai me decepcionar. Meu pai já sofreu demais, Sina, não merece isso de novo. Só que eu ainda não conversei com ela sobre isso.

— Sobre você matá-la se ela magoar ele?

— Exato.

Ouvimos duas batidas na porta e eu gritei um "entra". Logo pude ver Savannah sorrindo.

— Com licença, eu só vim conhecer a Sina que o Simon tanto fala. — Ela riu e Sina se levantou.

— Opa, sou eu! — Ela disse sorridente e elas se abraçaram.

— Bem, acho que você sabe meu nome — Savannah disse sorrindo, mas eu podia ver a quão tímida ela era.

— Sim, Savannah — Sina disse rindo.

— Eu também vim avisar vocês que o almoço está pronto.

— Ótimo! Minha barriga está roncando — Fiz careta e elas riram. Levantei-me da cama e fui até meu guarda-roupa — Só vou trocar de roupa e já desço.

— Eu também — Sina disse.

— Ok, meninas. — Ela sorriu e saiu do quarto, assim que a porta se fechou Sina me olhou com um olhar malicioso.

— Você disse que ela era bonita, Any. — Ela parecia indignada, olhei-a confusa.

— E ela não é? — Perguntei.

— Não, ela é linda! Puta que pariu, que olhos são aqueles? Tio Simon não está fraco, não!

— Você não presta, Sina! — Ri — Eu não tenho que achar ela linda, quem tem que achar isso é meu pai, ela é apenas minha... — Pensei, em seguida me corrigi — Apenas a namorada do meu pai.

— Ou seja, sua madrasta. — Ela provocou.

— Ela não é minha madrasta! Sina, ela tem idade para ser minha irmã mais velha!

— Irmãs mais velhas também mandam.

— Nesse caso não, porque ela não é minha irmã, ela é a namorada do meu pai. Eles nem casados são. — Bufei.

— Tá bom, ferinha. — Ela disse rindo.

— Vai se foder, Sininho.

Trocamos de roupa e descemos até o andar de baixo. Ao entrar na cozinha, Savannah estava sentada no colo do meu pai enquanto eles se beijavam, por mais feliz que eu estivesse por ele, era realmente muito estranho entrar na cozinha e ver uma cena dessas. Era como se a situação fosse contrária. Ri com meus pensamentos, fazendo eles nos perceberem ali e se afastarem assustados. Savannah levantou rapidamente e seu rosto estava tão vermelho, já meu pai ria.

— Tudo bem, Savannah — Eu disse — Eu sei exatamente como é isso, relaxa. — Dei de ombros e ela pareceu relaxar, mas seu rosto continuava vermelho.

Nos sentamos a mesa e começamos a almoçar. Ficamos em silêncio durante a refeição, enquanto comíamos o macarrão que Savannah havia feito e, meu Deus, que delícia! Quando Savannah disse na noite anterior que eu iria amar o macarrão dela, com certeza não estava brincando.

— Meu Deus, Sav! — Sina disse — Isso está uma delícia, maravilhoso.

— Fico feliz que você tenha gostado, Sina — Ela sorria.

— Não tem como não gostar, Savannah! — Sina disse e eu ri. Era esfomeada mesmo.

— Está ótimo mesmo, Savannah — Eu disse e meu pai concordou.

— Magnifico!

— Obrigada — Ela continuava com o sorriso nos lábios. Realmente fofa, como meu pai havia dito.

Após o almoço, eu e Sina subimos para o meu quarto.

— Savannah é adorável — Sina disse assim que deitamos.

— Sim, ela também é bem quieta, totalmente o oposto do meu pai. Irônico, não?

— Sim. Mas é aquele ditado: Os opostos se atraem — Rimos — Vocês vão se dar bem.

— Eu espero, mas agora eu quero me dar bem com a minha cama! — Virei-me para o lado e ela deu um tapa em minha bunda, mostrei o dedo do meio para ela que riu e logo adormecemos, já que estávamos muito cansadas.

Minha Querida Madrasta | SavanyOnde histórias criam vida. Descubra agora