Dez

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A campainha tocou, e eu me levantei indo em direção a porta. Eu não estava esperando ninguém e sabia que não tinha como ser Sina, pois os parentes dela iriam chegar no dia seguinte, então ela não viria para cá e já era quase nove da noite.

Quando finalmente abri a porta, minhas pernas perderam a força e eu quase cai, piscando várias vezes para ter certeza que aquilo não era uma miragem.

— Não acredito que você está aqui! — Eu disse com os olhos marejados.

— Eu voltei, meu amor — Aquela voz que eu tanto amava, me fez perceber que aquilo realmente não era um sonho e minha Sabina estava ali, incrivelmente linda em minha frente.

Eu a puxei para um abraço apertado. Apesar dos anos sem a ver, seu perfume continuava o mesmo, cheiro que eu amava, aliás.

— Que saudade eu estava de você, meu amor. — Eu disse, completamente sorridente.

Sabina Hidalgo era a única garota que eu realmente havia gostado, nós não chegamos a namorar, mas tínhamos um relacionamento sério, só não queríamos colocar um rótulo nele. Mas nos gostávamos muito, meu pai também adorava ela. Todos adoravam, na verdade, ela era a pessoa mais amorosa e meiga do mundo.

Na época, estávamos a mais de um ano juntas, eu tinha 15 e ela 14 quando seus pais se mudaram — mais uma vez — por causa do trabalho de seu pai. Ela nunca parava numa cidade só, de tempos em tempos eles eram obrigados a se mudar e esse também foi um dos motivos que fez com que nós não colocássemos um rótulo em nosso relacionamento.

Nós nos amávamos e isso bastava.

Desde então, nunca mais tivemos contato. Nós achamos melhor assim, estávamos machucadas demais e talvez se tivéssemos mantido contato, hoje ela não estaria na minha porta.

Eu não a esqueci nesses quase três anos, mas também não parei minha vida por isso, e sei que ela também não.

E, agora ela estava parada em minha porta e se ela estivesse realmente de volta, eu não a deixaria ir novamente depois. Sabina seria minha, como sempre foi.

— Eu não vou mais embora, Any — Ela disse chorando — Eu voltei, e não vou desgrudar mais de você.

— Não deixarei você ir outra vez, minha linda — Eu disse sorridente.

Sabina me olhou com aqueles olhinhos brilhantes que eu tanto amava e me beijou, um beijo tão cheio de saudades. Com o tempo seu beijo estava ainda melhor.

— Any, seu pai está querendo... — Ouvi a voz de Savannah e parei o beijo rapidamente, mas não soltei Sabina, que por um instante me encarou com uma cara nada boa — Oh, me desculpe, eu não sabia que você estava com a sua namorada. — Ela disse com os olhos arregalados e o rosto completamente vermelho.

— Tudo bem, Savannah. — Olhei para Sabina que me olhava confusa. Ela com certeza estava pensando que Savannah era alguma peguete minha, não era muito difícil de pensar isso, pois ela parecia ter minha idade — Essa é Sabina, minha é... namorada. Sabina, essa é Savannah, a namorada do meu pai.

A boca da Sabina foi até o chão de tanto que se abriu, chegava a ser engraçado. Por essa ela com certeza não esperava. E eu entendo, porque em seu lugar eu ficaria do mesmo jeito.

Sabina foi até Savannah e a cumprimentou com dois beijinhos.

— Prazer, Savannah. — Sabina disse sorridente — Eu fico feliz de saber que o Ale agora está com alguém. Sempre torci muito pela felicidade dele.

— Prazer, Sabina — Savannah também sorria — Sim. Simon deu um pouco de trabalho, mas consegui conquista-lo.

Eu encarei as duas em minha frente apenas pensando que Sabina jamais poderia saber o que aconteceu entre eu e Savannah, caso contrário, todos sairíamos machucados e fodidos dessa história.

— O que você estava dizendo antes de descer mesmo, Savannah? — Perguntei.

— Ah, é que seu pai queria conversar com você. Ele está com saudades.

— Sabina, vem comigo, meu pai vai adorar saber que você voltou! — Eu disse animada puxando-a para o andar de cima.

Sabina estava dormindo profundamente ao meu lado, completamente nua. Eu estava louca de saudades do seu corpo, e era incrível como parecíamos as mesmas garotas de três anos atrás. E eu realmente amava isso.

Eu ficaria assim a noite toda, se não fosse pela minha incontrolável sede de água.

Eu havia acabado de acordar de um pesadelo bobo. Ele era bobo mesmo, daqueles que não faz sentido algum e se perguntarem você não sabe explicar, só sabe que foi horrível porque acordou com o coração acelerado.

Levantei  devagar para que ela não acordasse e sai do quarto na ponta do pé, pegando meu roupão para me enrolar. Já que agora eu não ficava mais sozinha em casa.

Peguei um copo e coloquei água, sentei-me na bancada e tomei um gole, lembrando do que havia acontecido ali há alguns dias. Onde eu estava com a cabeça?

Suspirei, tentando me livrar desses pensamentos de culpa, já estava se tornando repetitivo e chato. O que importava era que aquilo não iria acontecer de novo.

Agora, Any, siga em frente e esqueça isso.

Desci da bancada assim que terminei de beber e coloquei o copo na pia, subi para o andar de cima, só pensando em como minha cama estava me chamando, porque eu estava muito cansada.

Passei pela porta do quarto do meu pai e ouvi um gemido, que agora era bem conhecido por mim.

Oh, não. Por favor, não.

Me aproximei da porta do quarto e abri um pouco, rezando para que ela não percebesse minha presença ali.

Puta merda.

Savannah estava se masturbando enquanto segurava o celular com fone de ouvido. Ela tentava conter os gemidos, mas parecia não estar funcionando. Seus olhos se fechavam as vezes e eu já sabia que eu não conseguiria dormir direito apenas por essa imagem.

Fechei a porta rapidamente sentindo minha boca ficar seca novamente.

Mas eu sabia que agora não era sede de água.

Corri para o meu quarto e deitei-me, Sabina se virou para mim e abraçou minha cintura ainda dormindo. Suspirei, eu estava realmente fodida. E foi exatamente aí que eu percebi.

Meu verdadeiro pesadelo estava morando na mesma casa que eu, no quarto da frente e pior: Era a namorada do meu pai.

Minha Querida Madrasta | SavanyOnde histórias criam vida. Descubra agora