Minha Querida Madrasta | Savany

Trinta e um

— Any, você é muito nova para se tornar mãe! Pelo amor de Deus, você nem terminou os estudos ainda. — Sina falava mostrando o quão irritada estava. Ela poderia ser facilmente considerada a minha mãe, porque apesar de estar sempre comigo, não ficava passando a mão em minha cabeça o tempo todo.

— Calma, amor — Heyoon disse enquanto Sina andava de um lado para o outro.

— Sina, ninguém disse que ela está grávida. Para com as paranoias! — Eu disse.

— Se ela não está grávida, por que desmaiou então? Me poupe, Any. Eu te conheço o suficiente para saber que você esqueceria a camisinha fácil.

— Já deixei de usar sim, mas não era período fértil, e a única vez que era, ela tomou a pílula. Então me poupe desse sermão desnecessário.

— Desnecessário? — Ela negou com a cabeça — Se aquele médico sair daquele quarto falando que ela está grávida, eu te mato, Any!

— Tá bom, mamãe. Agora sossega. — Revirei os olhos.

Eu estava tentando me manter calma, mas só de pensar na possibilidade de Savannah estar grávida, já sentia um nó se formar em minha garganta.

Um filho é sempre bom, mas não agora. Ainda não estava tudo bem entre nós e meu pai, nós não estávamos estabilizadas. E ainda éramos novas para ter um filho.

Eu balançava as pernas desesperadamente, rezando para que aquele médico saísse do quarto dizendo que estava tudo bem, e que não tinha um bebê.

Alguns minutos de tortura depois, ele finalmente saiu e eu me levantei rapidamente indo até ele.

— Ela está bem. O desmaio foi causado pela falta de alimento, hoje ela não se alimentou nada? — Ele perguntou.

— Não, doutor. — Olhei para Heyoon que também negou com a cabeça.

Nós havíamos transado até a hora que ela saiu com a Heyoon, ela disse que comeria no shopping, mas pelo jeito não comeu. Por que?

— Ela não pode deixar de comer. Nós precisamos nos alimentar bem, todos os dias.

— Eu sei disso doutor, ela disse que comeria no shopping com a Heyoon, mas pelo jeito não comeu. E os vômitos?

— Foi por causa da mistura de álcool.

— Então ela não está grávida? — Perguntei.

— Não. Sinto muito.

— Tudo bem — Sorri.

— Você poderá ir vê-la agora se quiser. — Eu assenti com a cabeça — Me acompanhem, por favor.

Nós o seguimos até o quarto onde Savannah estava, quando entramos ela estava encostada na cabeceira da cama. Quando me viu ela deu um pequeno sorriso e eu neguei com a cabeça.

— Nunca mais me assuste assim, viu? — Eu disse enquanto me aproximava dela.

— Farei o possível — Ela falava baixinho — Minha cabeça tá doendo, amor. — Ela fez careta.

— Também, né. Para que misturar, Sav? — Beijei o topo de sua cabeça.

— Ah, amor. Eu já misturei antes e isso nunca aconteceu.

— Mas hoje você exagerou, Savannah— Heyoon falou.

— Vocês duas me assustaram — Sina disse.

— Por que? — Savannah a olhou confusa e eu revirei os olhos.

— Pensei que você estava grávida.

— Sina, eu entendo sua preocupação, mas não precisa de tanto. Não somos crianças — Savannah disse enquanto massageava sua têmpora.

— Bem, nós vamos embora agora porque daqui há três horas eu preciso ir conversar com o meu advogado sobre meus pais — Heyoon fez careta.

— Boa sorte — Eu e Savannah dissemos juntas.

Heyoon sorriu e foi até Savannah e deu um beijo em sua testa, Sina apenas acenou antes de abrir a porta e elas saíram.

— Você ficou medo de eu estar grávida? — Savannah perguntou assim que Sina fechou a porta, ela foi para o lado da cama deixando um espaço para que eu deitasse ao seu lado e assim eu fiz.

— Não posso negar que o cu deu aquela trancada — Fiz careta e ela gargalhou.

— Mas você sabia que não tinha como eu estar.

— Ah, amor. Nunca se sabe, né. Porém, você me assustou.

— Desculpe, eu não imaginava que iria passar tão mal.

— Contanto que você não me dê esse susto de novo, está tudo bem.

— Prometo — Ela sorriu e selou nossos lábios.

— Agora descansa, vem cá. — Ela deitou em meu peito e eu fiquei acariciando seu cabelo até ela adormecer.

*****

— Eu só preciso tomar um banho e cair na cama, estou exausta. — Savannah disse assim que saímos do carro.

— Isso porque você dormiu.

— Não dormi tão bem, eu acordava o tempo todo. Já você, até roncou. — Ela riu e eu revirei os olhos.

— Eu não ronco! — Bufei.

— Ronca sim! É que você não vê, obviamente — Ela sorriu e me deu um selinho enquanto eu procurava a chave da porta. Assim que abri, nós entramos e ela subiu rapidamente para o andar de cima.

Fui até a cozinha para fazer algo que Savannah pudesse comer, peguei a sanduicheira e preparei um misto quente para Savannah e suco de laranja — seu preferido. Enquanto eu colocava um pouco de suco no copo, alguém bateu na porta.

Corri até a porta e a abri, me surpreendendo.

— Dona Soraia, Carlos e Sofya? — Arregalei os olhos.

— Olá, Any! — Soraia disse sorrindo e me abraçou.

— Oi! — Sorri. Rezando para que Savannah aparecesse decente.

Eles não sabiam ainda que nós estávamos juntas, e muito menos que ela e meu pai tinham terminado, e eles não precisavam saber de surpresa. Era bem melhor sentarmos e conversarmos.

Cumprimentei Carlos rapidamente e Sofya pulou em meu colo me abraçando forte, nós tínhamos criado uma amizade quando ela veio para cá, em pouco tempo eu percebi que eu podia confiar nela para tudo. Até mesmo para o meu segredo mais obscuro na época, que era Savannah.

— Saudades de você, Any! — Sofya disse e eu sorri.

— Eu também estava com saudades Soso. Que surpresa boa!

— Nós viemos fazer uma surpresa um pouco atrasada, mas o que vale é a intenção — Sofya disse sorrindo e eu assenti.

Sofya foi até o sofá e colocou sua bolsa lá e eu fechei a porta, me preparando para pedir licença e avisar Savannah.

— Any, meu amor, eu estou morrendo de fome. — Savannah gritou e logo pude ouvir ela descendo as escadas.

Merda. Tarde demais, Any.

— Ai meu Deus! — Ela gritou assim que viu os pais dela. Savannah me olhou assustada e eu respirei fundo. Sentindo que a merda já tinha sido jogada no ventilador.

— Com assim meu amor? — Soraia perguntou séria e ficou olhando para nós.

Encarei Sofya que observava tudo assustada e sussurrando vários "fodeu".

Sim, Sofya, fodeu!