Dezenove

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Eu só queria ficar pelo menos uma semana sem ver ela. Eu precisava de paz, precisava relaxar, pensar em outras coisas que não a envolvessem, entretanto, parecia ser cada vez mais difícil.

Até porque, nada conspirava a meu favor e até no meu quarto, que eu achei que podia ter o mínimo de paz essa garota vinha me perturbar. Adivinha quem havia acabado de abrir a porta do meu quarto e a fechar com toda a delicadeza do mundo? Isso mesmo. Savannah Clarke.

- Precisamos conversar. - Ela disse e eu revirei os olhos, bufando em seguida.

Eu definitivamente não estava com paciência para aquilo agora.

- Não. Nós não precisamos. Eu não estou a fim de conversar agora, Savannah - Bufei - Me procure quando estiver com saco para isso. Sai daqui, por favor.

- Não, eu não vou sair. Sabe por que, Any? Porque eu exijo saber o que você e Heyoon estavam fazendo até agora, é porque ela não me avisou que iria sair com você. - Savannah cruzou os braços esperando uma resposta. Ela estava extremamente brava. E eu não estava entendendo o que estava acontecendo ali.

- Primeiramente, se você quer saber o porque ela não te avisou vá e pergunte a ela, porque não sei se você está enxergando bem, mas eu não sou a Heyoon. Segundo, o que eu estava fazendo até agora não é da sua conta, você não é nada minha e eu não estou entendendo essa sua curiosidade.

- Eu tenho o direito de saber, Any! - Ela tentava ao máximo não alterar seu tom de voz.

Revirei os olhos.

- Que direito você tem? Que eu saiba você não é minha namorada e muito menos minha mãe.

- Heyoon é minha amiga!

- Se você está preocupada com ela, então acho que você está conversando com a pessoa errada. Vá perguntar para ela o que houve, se ela quiser contar bem, e se não quiser não sou eu que vou.

- Vocês realmente estão transando não é? - Ela bufou, batendo os pés - Você não tem vergonha na cara, Any? Daqui a pouco está pegando até a Sofya.

Eu gargalhei, fazendo-a me fuzilar mais ainda com o olhar. Sério mesmo que Savannah achava isso? Oh, que ótimo.

- Não seja ridícula, Savannah - Balancei a cabeça negativamente ainda rindo e me sentei na cama - E se eu quiser? Aliás, eu não vejo problema algum nisso, principalmente se ela quiser. Sofya tem quase a minha idade, é uma garota incrível e linda. - Dei de ombros.

Eu podia ver os olhos de Savannah queimando. Isso era... Ciúmes? Não. Não pode ser. Impossível.

- Não me provoque, Gabrielly . - Eu podia ver seu punho fechando.

- Isso não é uma provocação, Savannah. Isso é apenas uma verdade. E eu ainda não entendi porque você está tão incomodada, quem lhe deve satisfações é o meu pai, não eu.

- Você adora me irritar, não é?

- Só porque eu disse a verdade? - Levantei-me, irritada - Qual é, Savannah? Eu juro que não estou te entendendo. Você fala pra meio mundo que ama meu pai, que ele é incrível, o amor dá sua vida. E agora está aqui, se remoendo toda sendo que nós não temos absolutamente nada.

Savannah me encarou assustada e piscou os olhos diversas vezes, como se tivesse acordado de um transe.

Ela passou as mãos pelo rosto e suspirou, voltando a me encarar. Seus olhos estavam cheios de lágrimas.

- Você tem razão, Any. Nem eu sei o que estou fazendo aqui, desculpe. Nós apenas transamos e isso foi um completo erro que vamos deixar no passado.

- Vocês o que? - Olhamos assustadas para a porta onde Sofya estava parada com a sobrancelha arqueada e a boca em um perfeito "O".

Que ótimo, era tudo o que eu precisava.
Para ficar melhor, só faltava Sina entrar ali com uma faca na mão, surtar, chamar meu pai, jogar toda a merda no ventilador e, por fim, me matar. Mas matar com tortura antes.

- Savannah, você traiu o Simon com a Any? - Sofya estava em choque.

- Sofya, não é nada disso que você está pensando - Savannah suspirou.

- Eu não pensei, Savannah. Eu ouvi! Você disse com todas as letras que vocês transaram e foi um erro. Oh meu Deus!

- Você não pode contar isso para ninguém, por favor - Eu pedi, desesperada.

- Não é questão de contar, Any, ele é seu pai! E você Savannah, vive se declarando para ele e me faz isso?

Savannah nada disse, apenas continuou encarando sua irmã. Ela continuou assim por algum tempo e depois me encarou, com os olhos marejados. Então, saiu correndo do quarto quase derrubando Sofya.

- Eu não estou entendi mais nada - Sofya disse, suspirando - Será que você pode me explicar?

- Soso, eu até poderia, mas nem eu sei. Acho melhor você ir falar com a sua irmã, porque eu estou sem entender a cabeça dela até agora. - Suspirei, me jogando na cama.

Sofya se virou para sair, mas eu estava rezando para que ela não mudasse o rumo e descesse para a cozinha e então jogasse a merda no ventilador.

- Sofya - Chamei-a.

- Sim? - Ela me olhou.

- Não conta, por favor.

- Não se preocupe - Piscou antes de sair, fechando a porta.

Eu comecei a me perguntar o que teria acontecido se fosse meu pai no lugar de Sofya, como ele iria reagir. Porque aí sim a merda estaria feita.

Nunca tinha visto Simon realmente bravo com algo, ele sempre dizia que os problemas que o aborrecia ficavam na empresa e eu nunca havia dado motivos para que ele ficasse muito bravo comigo.

Pelo menos não até agora.

Eu amava meu pai demais, e morria de medo de sua reação se um dia ele descobrisse, mas eu não conseguia me segurar. Juro que fazia de tudo para entender o que acontecia entre nós duas, entretanto eu não achava resposta alguma. E mesmo sempre dizendo que eu iria para com isso, era como se eu e ela perdessemos completamente o juízo quando a tensão sexual aparecia. Isso me deixava tão confusa e eu sabia que estava completamente fodida.

Onde é que eu fui me meter, meu Deus?

Minha Querida Madrasta | SavanyOnde histórias criam vida. Descubra agora