IX AS ENCARNAÇÕES PUNITIVAS

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A esse tempo, os Prepostos do Senhor haviam conseguido selecionar, em
várias partes do globo, e no seio dos vários povos que o habitavam, núcleos distintos
e apurados de homens primitivos em cujos corpos, já biologicamente aperfeiçoados, devia iniciar­se a reencarnação dos capelinos. Esses núcleos estavam localizados no Oriente, no planalto do Pamir, no 
centro norte da Ásia e na Lemúria, e no Ocidente entre os primitivos atlantes, e, entre todos, os chineses (mongóis)  eram os mais adiantados como confirma
Emmanuel, quando diz:
Quando  se verificou  a chegada das  almas  proscritas  da Capela, em
épocas  remotíssimas, já a existência chinesa contava com uma organização 
regular, oferecendo os tipos mais homogêneos e mais selecionados do planeta, em
face dos remanescentes humanos primitivos. Suas tradições já andavam, de geração em geração, construindo as obras  do porvir.
E acrescenta:
Inegavelmente o mais prístino foco de todos os surtos evolutivos do globo 
é a China milenária.12
Os capelinos, pois, que já estavam reunidos, como vimos, no etéreo 
terrestre, aguardando o momento propício, começaram, então, a encarnar nos grupos
selecionados a que já nos referimos, predominantemente nos do planalto do Pamir, que apresentavam as mais aperfeiçoadas condições biológicas e etnográficas, como 
sejam: pele mais clara, cabelos mais lisos, rostos de traços mais regulares, porte
físico mais desempenado e elegante. A respeito dessa miscigenação, a narrativa de Emmanuel, se bem que de
um ponto de vista mais geral não deixa, contudo, de ser esclarecedora. Diz ele:
Aquelas almas aflitas e atormentadas, encarnaram­se proporcionalmente  nas  regiões  mais  importantes, onde se haviam localizado  as  tribos  e famílias  primitivas, descendentes dos primatas.
12 Para a ciência  oficial  a civilização chinesa não vai  além de 300 anos antes de nossa era,  mas suas 
tradições fazem­na remontar a mais de 100 mil anos. A civilização chinesa, entretanto, veio da Atlântida primitiva — vide o cap. XV — o que demonstra ser muito anterior até mesmo a esta última data
E  com a sua reencarnação  no  mundo  terreno  estabeleciam­se fatores  definitivos na história etnológica dos seres.

Dessa forma, pois, é que se formaram nessas regiões os primeiros núcleos
raciais da nova civilização em perspectiva que, dali, foram se espalhando, em
sucessivos cruzamentos, por todo o globo, máxime no Oriente, onde habitava a
Terceira Raça, em seus mais condensados agrupamentos. Ouçamos, agora, novamente, o Evangelista descrever esse acontecimento, numa visão retrospectiva de impressionadora e poética beleza:
Donde vieram esses homens, novos no meio dos homens?
A Terra não lhes deu nascimento, porque eles nasceram antes de ela ser
fecunda. No meio dos homens antigos da Terra descubro homens novos, meninos, mulheres  e varões robustos; donde vieram esses  homens  que nasceram antes  da
fecundidade da Terra?
Em cima e ao redor da Terra, rodopiam os  céus  e os  infernos, como  sementes de geração e de luz. O vento sopra para onde o impulsa a mão  que criou a sua força, e o  espírito vai para aonde o chama o cumprimento da lei. Os  homens  novos  que descubro  entre os  homens  antigos  da Terra, os  quais nasceram antes desta ser fecunda, vêm a ela em cumprimento de uma lei e de  uma sentença divina. Eles vêm de cima, pois vêm envoltos em luz e a sua luz é um farol para os  que moram nas trevas da Terra. Se, porém, seus olhos e suas frontes desprendem luz, nos semblantes eles 
trazem o estigma da maldição. São árvores de pomposa folhagem, mas privadas de frutos, arrancadas e 
lançadas  fora do  paraíso, onde a misericórdia as  havia colocado  e donde as  desterrou por algum tempo.
A sua cabeça é de ouro, as suas mãos de ferro  e os seus pés de barro. Conheceram o bem, praticaram a violência e viveram para a carne. A geração proscrita traz na fronte o selo da sentença, mas também tem o  da promessa no coração. Tinham pecado por sabedoria e orgulho e seu entendimento obscureceu­ se. A obscuridade foi a sentença do entendimento ensoberbado, e a luz, a promessa da misericórdia que subsiste e subsistirá. Bem­aventurados os que choram por causa das trevas e da condenação e  cujos corações não edificam moradas nem levantam tendas. Porque serão  peregrinos  no  cárcere e renascerão  para morar perpetuamente, de  geração  em geração, nos  cimos  onde não  há trevas; porque 
recuperarão os dons da misericórdia na consumação.

A descida dessa raça maior causou, como era natural, no que respeita à vida
de seus habitantes primitivos, sensível modificação no ambiente terrestre que, ainda
mal refeito das convulsões telúricas que assinalaram os primeiros tempos de sua formação geológica, continuava, entretanto, sujeito a profundas alterações e
flutuações de ordem geral. Como já dissemos, toda mudança de ciclo evolutivo acarreta profundas
alterações, materiais e espirituais, nos orbes em que se dão; nos céus, na terra e nas
águas há terríveis convulsões, deslocamentos, subversões de toda ordem com
dolorosos sofrimentos para todos os seus habitantes. Logo, após, os primeiros contatos que se deram com os seres primitivos e,
reencarnados os capelinos nos tipos selecionados já referidos, verificou­se de pronto 
tamanha dessemelhança e contraste, material e intelectual, entre essas duas espécies
de homens, que sentiram aqueles imediatamente a evidente e assombrosa
superioridade dos ádvenas, que passaram logo a ser considerados super­homens, semideuses, Filhos de Deus, como diz a Gênese mosaica, e, como é natural, a
dominar e dirigir os terrícolas. Formidável impulso, em conseqüência, foi então imprimido à incipiente
civilização terrestre em todos os setores de suas atividades primitivas. De trogloditas habitantes de cavernas e de tribos selvagens aglomeradas em
palafitas, passaram, então, os homens, sob o impulso da nova direção, a construir 
cidades nos lugares altos, mais defensáveis e mais secos, em torno das quais as
multidões aumentavam dia a dia. Tribos nômades se reuniam aqui e ali, formando  povos e nações, com
territórios já agora mais ou menos delimitados e, com o correr do tempo, definiram­  se as massas etnográficas com as diferenciações asseguradas pelas sucessivas e bem
fundamentadas reproduções da espécie. Adotaram­se costumes mais brandos e esboçaram­se os primeiros
rudimentos das leis; os povos, que então saíam da Era da Pedra Polida, estabeleceram os fundamentos da indústria com a utilização, se bem que incipiente, dos metais; foi­se assegurando aos poucos a base de uma consciência coletiva e os
homens, pelas experiências já sofridas e pelo crescente despertar da Razão, ainda
que embrionária, iniciaram uma tentativa de organização social, em novo e mais
promissor período de civilização. Enfim, naquela paisagem primitiva e selvagem, que era realmente um
cadinho combusto de forças em ebulição, definiram­se os primeiros fundamentos da
vida espiritual planetária.

OS EXILADOS DA CAPELAOnde histórias criam vida. Descubra agora