XX A TRADIÇÃO MESSIÂNICA

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Essa era, pois, naqueles tempos, a esperança geral do mundo: o Messias. —  “Uma secreta intuição” —  conta Emmanuel —  “iluminava o espírito 
divinatório das massas populares. Todos os povos O esperavam em seu  seio 
acolhedor; todos O queriam, localizando em seus caminhos sua expressão sublime e
divinizada”. Os tibetanos O aguardavam na forma de um herói que regularizaria a vida
do povo e o redimiria de seus erros. Kin­Tsé — o Santo — que não tinha pai humano, era concebido de uma
virgem e existia antes mesmo que a Terra existisse. Diziam dele: —  “Será o deus­homem, andará entre os homens e os homens não  o 
conhecerão. Feri o Santo — dizia a tradição — rasgai­o com açoites, ponde o ladrão 
em liberdade”. Veja­se em tão curto trecho quanta realidade existia nesta profecia
inspirada! 

Pelo ano 500  a.C., muito antes do drama do Calvário e no tempo  de
Confúcio, que era então ministro distribuidor de justiça do Império do Meio, foi ele
procurado por um dignitário real que o interrogou  a respeito do Homem Santo:
quem era, onde vivia, como prestar­lhe honras... O sábio, com a discrição e o entendimento  que lhe eram próprios,
respondeu que não conhecia nenhum homem santo, nem ninguém que, no momento,
fosse digno desse nome; mas que ouvira dizer (quem o disse não sabia)  que no 
Ocidente (em que lugar não sabia) haveria num certo tempo (quando, não sabia) um
homem que seria aquele que se esperava. E suas palavras foram guardadas; transcorreu  o tempo e quando, muito 
mais tarde e com enorme atraso, devido às distâncias e às dificuldades de
comunicações, a notícia do nascimento de Jesus chegou àquele longínquo e isolado 
país, o imperador  Ming­Ti enviou  uma embaixada para conhecê­lo e honrá­lo;
porém já se haviam passado sessenta anos desde quando se consumara o sacrifício 
do Calvário.
*Na Índia, toda a literatura sagrada dos templos estava cheia de profecias a
respeito da vinda do Messias. O Barta­Chastran, por exemplo, dizia em um de seus belos poemas que em
breve nasceria um brahma, na cidade de Sçambelan, na morada de um pastor, que
libertaria o  mundo dos daítias (demônios), purgaria a terra dos seus pecados, estabeleceria um reino de justiça e verdade e ofereceria um grande sacrifício. Nesse poema, além de outras notáveis concordâncias com a futura realidade
dos fatos, destaca­se esta: Scambelan em sânscrito significa “pão de casa”; Belém, em hebraico, significa “casa de pão”. O Scanda­Pourana dizia que: — “Quando três mil e cem anos da Kali­Iuga se esgotarem o Rei da Glória
aparecerá e libertará o mundo da miséria e do mal”.19
O Agni­Pourana assinalava: — “Que um poderoso espírito de retidão e de justiça apareceria em dado 
tempo, nascendo de uma virgem”. E o Vrihat­Catha anunciava: — “Que nasceria em breve tempo uma encarnação divina com o nome de
Vicrama”.

Ouçamos, agora, a palavra profética das nações, cujos sacerdotes tinham a
primazia na comunhão misteriosa com os astros. Na Pérsia o primeiro Zoroastro 20
, três milênios antes do divino nascimento,
já o anunciava a seus discípulos dizendo: — “Oh! Vós, meus filhos, que já estais avisados do Seu nascimento antes
de qualquer  outro povo; assim que virdes a estrela, tomai­a por guia e ela vos
conduzirá ao lugar onde Ele —  o Redentor  —  nasceu. Adorai­o  e ofertai­lhe
presentes, porque Ele é a Palavra — O Verbo — que formou os céus”. Na Caldéia, no tempo de Cambises, Zerdacht —  o sacerdote magno —  anunciou  a vinda do Redentor e a estrela que brilharia por ocasião do Seu 
nascimento.

No Egito, o país das portentosas construções iniciáticas, Ele era também
esperado, desde muito tempo, e em Sua honra os templos sacrificavam nos seus
altares. Na grande pirâmide de Gizé estava gravada a profecia do Seu nascimento, em caracteres hieroglíficos, para conhecimento da posteridade. O tebano Pamylou, quando, certa vez, visitava o templo de Amon, conta
que ouviu, vindo de suas profundezas, uma voz misteriosa e imperativa a bradar­lhe:
19 O Divino Mestre desceu à Terra nos primeiros dias da Kali­Iuga, que é a última das quatro idades (ou
eras) da cronologia bramânica – Krita Iuga, Treta­Iuga, Dvapara­Iuga e Kali­Iuga­ e também conhecida
como “idade de ferro”.  20 Fundador da religião dos persas cujo código e o Zend­Avesta. Viveu em 3.200 A.C. — “Oh! Tu que me ouvis, anuncia aos mortos o nascimento de Osíris — o 
grande rei — salvador do mundo”.

“E quanto à Grécia lá está Ele — o Messias — simbolizado no “Prometeu”
de Ésquilo, uma das mais poderosas criações do intelecto humano. E dele disse Platão — o iluminado: —  “Virtuoso até a morte, Ele passará por injusto e perverso e, como tal, será flagelado, atormentado, e, por fim, posto na cruz”.

E a essa corrente sublime de vozes inspiradas, que O anunciavam em todas
as partes do mundo, vem, então, juntar­se e de forma ainda mais objetiva e
impressionante, a palavra profética do povo hebreu.

No IV Livro de Esdras o profeta dizia que o Messias viria da banda do mar.
JOB — sob o tormento de suas provas, realmente dignificadoras, dizia: — “Eu sei que o meu Redentor virá e estarei de pé, no derradeiro dia, sobre
o pó”.
ISAÍAS: — “Eis que uma virgem conceberá e gerará um filho e chamará seu nome
Emmanuel”. —  “E a terra que foi angustiada não será entenebrecida: envileceu, nos
primeiros tempos, a terra de Zabulon e a terra de Neftali; mas, nos últimos se
enobreceu, junto ao caminho do mar, de Além Jordão, na Galiléia dos gentios. E o 
povo que andava nas trevas viu uma grande luz e sobre os que habitavam a terra de
sombras e de morte resplandeceu uma luz”. JEREMIAS: — “Eis que vêm dias — diz o Senhor — em que se levantará a Davi, um
renovo justo; e, sendo rei, reinará e prosperará e praticará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias, Judá será salvo e Israel habitará seguro; e este será o seu nome com
que o nomearão: O Senhor Justiça Nossa”. MIQUÉIAS: — “E tu, Belém, Efrata, ainda que pequena entre as milhares de Judá, de ti
me sairá o  que será senhor de Israel e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”.21
ZACARIAS: — “Alegra­te muito, ó filha de Sião, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei
virá a ti, justo e salvador, pobre e montado sobre um jumento. Ele falará às nações e
21 Isto quer dizer: o Cristo planetário, que desce do Plano Espiritual, periodicamente, para viver entre os  homens.o seu domínio se estenderá de um mar a outro mar e desde o rio até as extremidades
da terra”.DAVI — o ancestral: — “O Senhor enviará o cetro de tua fortaleza desde Sião, dizendo: domina
no meio dos teus inimigos. O teu povo será muito voluntarioso no dia do teu poder, nos ornamentos da
santidade, desde a madre da alva; tu tens o orvalho da tua mocidade; és o sacerdote
eterno segundo a ordem de Melquisedeque; o Senhor, à tua direita, ferirá os reis no 
dia da tua ira; julgará entre as nações; tudo encherá de corpos mortos, ferirá os
cabeças de grandes terras”. E, em seguida: — “Haverá um justo que domine sobre os homens. E será como a luz da
manhã quando sai o sol, manhã sem nuvens, quando pelo seu  resplendor e pela
chuva, a erva brota da terra. “Ele descerá como a chuva sobre a erva ceifada. Aqueles que habitam no 
deserto se inclinarão ante Ele e todos os reis se prostrarão e todas as nações o 
servirão.“Porque Ele livrará ao necessitado quando clamar, como também ao aflito e
ao que não tem quem ajude; e salvará as almas dos necessitados, libertará as suas
almas do engano e da violência. “O seu nome permanecerá eternamente; se irá propagando de pais a filhos
enquanto  o sol durar e os homens serão abençoados por Ele e todas as nações o 
chamarão bem­aventurado”. DANIEL: — “Disse o Anjo: setenta semanas estarão determinadas sobre o teu povo 
para consumir a transgressão, para acabar os pecados, para expiar a iniqüidade, para
trazer a justiça eterna e para ungir o Santo dos Santos; desde a saída da palavra para
fazer tornar até o Messias — o Príncipe”. MALAQUIAS: — “Eis que eu envio o meu anjo que aparelhará o caminho diante de mim. “E de repente virá ao seu  tempo o Senhor que vós buscais, e o anjo do 
testamento a quem vós desejais. “Mas quem suportará o dia de sua vinda? E quem subsistirá quando Ele
aparecer? Porque Ele será como o fogo do ourives e como o sabão da lavadeira”. E o coro inicial se amplia, e novamente volta a ronda profética a se repetir,
acrescentando detalhes impressionantes pela sua exatidão. ZACARIAS: —  “Três dias antes que apareça o Messias, Elias virá colocar­se nas
montanhas. Há de chorar e se lamentar dizendo: montanhas da terra de Israel quanto 
tempo quereis permanecer em sequidão, aridez e solidão?
“Ouvir­se­á a sua voz de uma extremidade da terra à outra. Depois ele dirá:
a paz veio ao mundo”.
ISAÍAS — referindo­se aos fins da tragédia dolorosa: — “Como pasmaram muitos à vista de ti, de que o teu parecer estava tão 
desfigurado, mais do que outro qualquer e a tua figura mais do que a dos outros
filhos dos homens”. (52:14)
—  “Verdadeiramente Ele tomou  sobre si as nossas enfermidades e as
nossas dores levou  sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e
oprimido! Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava
pelo seu caminho, porque o Senhor fez cair sobre Ele a iniqüidade de todos nós. Ele
foi oprimido, porém não abriu  a sua boca, como um cordeiro foi levado ao 
matadouro e como a ovelha muda, perante seus tosquiadores, assim não abriu a sua
boca. Da ânsia e do juízo foi tirado e quem contará o tempo da sua vinda? E
puseram sua sepultura com os ímpios e com o rico estava na sua morte, porquanto 
nunca fez injustiça nem houve engano na sua boca.” DAVI — numa lamentação dolorosa: — “Meu Deus! Meu Deus! Por que me desamparaste?” (SI, 22:1) “Não te
alongues de mim, pois a angústia está perto e não há quem ajude”. (SI, 22:11)  “Rodearam­me cães, o ajuntamento dos malfeitores me cercou; transpassaram­me as
mãos e os pés e repartiram entre si os meus vestidos e lançaram sortes sobre a minha
túnica”. (SI, 22:16­18).
ZACARIAS — mais uma vez, como o manto de perdão que cobre todos os
pecados:—  “Porém, sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém
derramarei o  espírito de graça e de suplicações; e olharão para mim a quem
transpassaram, e chorarão  amargamente como se chora sobre o  primogênito?”.
(12:10­11) 
E por fim, ISAÍAS — novamente, falando da grandeza moral do sacrifício: —  “Porque derramou  sua alma na morte... levou  sobre si o pecado de
muitos e intercedeu pelos transgressores”. (53:12) 

Entre os cristãos primitivos havia o texto chamado “David  cum sibyla”
conhecido como “Dies irae”, referindo­se ao juízo final. E nos templos pagãos dos gregos, romanos, egípcios, caldeus e persas, como nos santuários, tantas vezes tenebrosos, onde as sibilas pontificavam, fazendo 
ouvir as vozes misteriosas dos “manes” e das “pítias”, todas elas, unissonamente, profetizaram sobre o Messias esperado. Ouçamo­las uma por uma: 
Cassandr a, a sibila Titurbina
Nos campos de Belém, em lugar agreste  Eis que uma virgem se torna mãe de um deus!
E o menino, nascido em carne mortal, Suga o leite puro do seu seio casto. Oh! Três vezes feliz! Tu aleitarás  O Filho do Eterno, protegendo­o com os teus braços.
A sibila Europa
Sob um pequeno alpendre, aberto, inabitado 
O Rei dos Reis nasce pobremente. Ele que tem o poder de dispor de todos os bens!
Vejam: sobre o feno, seu corpo descansa. Os mortos, do Inferno, piedoso tirará. Depois, triunfante, em glória, subirá aos céus.  A sibila Helespôntica 22
Os povos não sofrerão mais, como no passado. Verão em abundância as colheitas de Ceres. Uma santa jovem, sendo mãe e virgem
Conceberá um filho de poder imortal. Ele será deus da paz, e o mundo, perdido, Será salvo por Ele. 
A sibila Egípcia
O verbo se fez carne, sem poluição  Duma virgem Ele toma seu corpo. Exprobará o vício; e a alma depravada
Ante Ele cobrirá a face. Aqueles que ante Ele se arrependerem
Terão socorro e graça na hora do sofrimento. 
Amaltéia, sibila Cumana
Deus, para nos resgatar, toma a humana vestidura. Mais do que a nossa salvação, nada lhe é mais caro. A paz, à sua vinda, descerá à Terra, A tranqüilidade florirá; e o Universo, sem guerra, Não será mais de perturbações agitado. A idade de ouro retomará seu brilho. 
Ciméria, sibila de Cumes 23
Num século surgirá o dia Em que o Rei dos Reis habitará conosco. Três Reis do Oriente, guiados pela luz Dum astro rutilante, que ilumina a jornada, Virão adorá­Lo e humildes, prosternados, Lhe oferecerão ouro, incenso e mirra.
22 Que viveu por volta de 560 a.C.
23 Sacerdotisa de Apolo.

Prisca, sibila Eritr éia
Vejo o Filho de Deus, vindo do Olimpo  Entre os braços de uma virgem hebréia. Que lhe oferece o seio puro. Em sua vida viril, entre penas cruéis, Sofrerá por aqueles  Que O fizerem nascer, mostrando 
Que, como um Pai, se afligiu por eles. 
A sibila Líbica 24
Um rei do povo hebreu será o Redentor Bom, justo e inocente. Pelo homem pecador Padecerá muito. Com olhar arrogante  Os escribas O acusarão de se dar Como Filho de Deus. Ao povo Ele ensinará
Anunciando­lhe a salvação. 
Sambeta, sibila Pérsica 25
Do Filho do Eterno uma virgem
Será mãe. Seu nascimento trará ao mundo  A vida e a salvação. Com grande modéstia, Conquanto rei, montado sobre um asno, Ele fará sua entrada em Solymea
26
, onde injuriado,
E condenado pelos maus, sofrerá a morte.  Daphné, a sibila Délfica
Depois que alguns anos passarem
O Deus, duma virgem nascido, aos homens aflitos  Fará luzir a esperança da redenção. Conquanto tudo possa (e quão alto está
O seu trono Ele sofrerá
Amorte para, da morte, resgatar seus povos. 
Phito — sibila Samiense
Eis que os santos decretos se cumprem. Entre os dias mais claros, este é,
Duma bela claridade que tudo ilumina. As trevas se vão. Deus, seu Filho nos manda
Para abrir nossos olhos. Eia! Vede o imortal
Que de espinhos se cobre e por nós se entrega à morte.
24 Filha de Nonnullio.  25 Filha de Berosi.
26 Jerusalém.

De todas as sibilas celebradas pela tradição ou pela história, que viveram
naqueles recuados tempos, como instrumentos das revelações do Plano Espiritual, da
Pérsia ao Egito e à Grécia, poucas foram as que deixaram de referir­se ao advento do 
Messias esperado. Eis quais foram:
·  Lampúsia – a colofoniense, descendente de Calchas, que combateu com os
gregos em Tróia. ·  Cassandr a – filha de Príamo. ·  A sibila Epirótica – a filha de Tresprótia. ·  Manto – filha de Tirésias, célebre vidente de Tebas e Beócia, cantada por 
Homero. ·  Carmenta – mãe de Evandro. ·  Elissa – a sibila lésbica, citada por Pausânias ­ que se dizia filha da ninfa
Lâmia. ·  Ártemis – filha de Apolo, que viveu em Delfos. ·  Hierophila  – sibila cumana, que se avistou  nos primeiros dias de Roma
com Tarquínio Soberbo.
E como poderiam essas mulheres inspiradas fechar os olhos à luz radiante que
descia dos céus?
27
E o próprio Mestre, nos inesquecíveis dias da sua exemplificação evangélica
não disse: —  “que não vinha destruir  a lei, mas cumpri­la?” E quantas vezes não 
advertiu: —  “que era necessário  que assim procedesse, para que as escrituras se
cumprissem!”
Portanto, nas tradições que cultuamos, a Verdade se contém indestrutível e do 
passado se projeta no futuro como uma luz forte que ilumina todo o caminho da
nossa marcha evolutiva. E, por fim, a sibila Aneyr a, da Frígia:
O Filho Excelso do Pai Poderoso,
Tendo sofrido a morte abate­se, frio, inerte, Sobre o colo débil de sua mãe. Vendo­lhe o corpo dessangrado 
Ela sofre profundo golpe. Ei­lo! Está morto! 
Sem Ele nós morreríamos em nossos próprios pecados.
27 Estas profecias foram rigorosamente cumpridas, o que demonstra o sublime encadeamento dos eventos  da vida espiritual  planetária,  como também prova o quanto eram iluminados pela  Verdade os 
instrumentos humanos que as proferiram.

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⏰ Última atualização: Oct 05, 2021 ⏰

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