A Gênese é o primeiro livro, de uma série de cinco, por isso mesmo
denominada Pentateuco, escrito pelo profeta, em épocas diferentes da sua longa e
trabalhosa peregrinação terrena. Para muitos historiadores e exegetas, Moisés não escreveu pessoalmente
estes cinco livros, mas somente o primeiro; seus ensinamentos, segundo dizem,
foram deturpados e acomodados pelo sacerdócio hebreu, segundo suas
conveniências de dominação religiosa, exatamente como aconteceu e ainda acontece
com os ensinamentos de Jesus. A Gênese trata da criação do mundo e dos primeiros acontecimentos;
historia as primeiras gerações do povo hebreu e os fatos que com ele se deram até
seu estabelecimento no Egito. Quanto aos demais, a saber: Êxodo, Levítico, Os Números e o
Deuteronômio narram os episódios da libertação do cativeiro egípcio, das marchas e
acontecimentos que, a partir daí, se deram até a chegada à terra de Canaã, como
também da legislação, dos ritos, das regras de administração e do culto, que o
grande Enviado estabeleceu como norma e diretrizes para a vida social e religiosa
desse povo. Por essas obras se vê que Moisés, além de sua elevada condição espiritual, era, por todos os respeitos, uma personalidade notável, admirável condutor de
homens, digno da tarefa planetária que lhe foi atribuída pelo Senhor; essas são as
razões pelas quais a tradição mosaica merece toda fé, principalmente no que se
refere à autenticidade dos acontecimentos históricos ou iniciáticos que revela. Entretanto é necessário dizer que o Gênese possui, também, contraditores, no que se refere à sua autoria, pois que, segundo uns, ao escrevêlo, o profeta valeu
se de tradições correntes entre outros povos orientais como caldeus, persas e hindus,
já existentes muito antes da época em que ele mesmo viveu.
Segundo outros, o profeta não copiou propriamente essas tradições, mas
foram elas introduzidas no livro, em épocas diferentes, conforme ia evoluindo entre
os próprios hebreus a concepção que faziam da divindade criadora, concepção essa
que, cronologicamente, passou de “eloísta” (muitos deuses), para “javista” (mais de
um deus) e desta para “jeovista” (um só deus).
Realmente, há muitas semelhanças em algumas dessas tradições, mormente
no que se refere, por exemplo, ao dilúvio asiático, à criação do primeiro casal
humano, etc. Também não há dúvida que as interrupções, mudanças de estilo e as
repetições observadas nos capítulos VII e VIII dão fundamento a essa suposição de
duplicidade de autores.
Vejamse, por exemplo, no Cap. VII, do Gênese, as repetições dos
versículos: 6 e 11; 7 e 13; 12 e 17; 21 e 23 e no cap. VIII, versículos: 3 e 5; 4 e 5,
etc. Cap. VII – Repetições:
6 “e era Noé da idade de seiscentos anos quando o dilúvio das águas veio
sobre a terra”. 11 “no ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, as janelas dos
céus se abriram.” 7 “E entrou Noé e seus filhos, e sua mulher e as mulheres de seus filhos
com ele na arca. 13 “E no mesmo dia entrou Noé e Sem e Cam e Japhet, os filhos de Noé, como também a mulher de Noé e as três mulheres de seus filhos com ele na arca.” 12 “E houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites.” 17 “E esteve o dilúvio quarenta dias sobre a terra e cresceram as águas...” 21 “E expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como
de gado e de feras e de todo réptil que se roja sobre a terra e todo homem...” 23 – “Assim foi desfeita toda substância que havia sobre a face da terra, desde o homem até o animal, até o réptil, e até as aves do céu.”
Cap. VIII:
3 – “E as águas tornaram de sobre a terra continuamente e ao cabo de cento
e cinqüenta dias minguaram.” 5 – “E foram as águas indo e minguando até o décimo mês...”
Como se vê destas ligeiras citações, as repetições com estilo e redação
diferentes são sobejamente evidentes para se admitir que houve realmente,
interpolações e acrescentamentos nestes textos. Mas, como quer que seja, isto é, tenha o profeta copiado as tradições
orientais (no que, aliás, não há nada a estranhar, porque as verdades não se
inventam, mas, unicamente, se constatam e perpetuam) ou tenha o livro sido escrito
em épocas diferentes, por acréscimos trazidos por outras gerações de interessados, de qualquer forma estas tradições são veneráveis, e a obra de Moisés, até hoje, nunca
foi desmerecida, mas, ao contrário, cada dia ganha mais prestígio e autoridade, podendo nos oferecer valioso testemunho dos acontecimentos que estamos
comentando. Ultimamente tem surgido também documentação de caráter mediúnico, segundo a qual os ensinamentos verdadeiros do profeta, após sua morte no Monte
Nebo, foram recolhidos por seu discípulo ESSEN e conservados religiosamente por
seus continuadores — os essênios — nos diferentes santuários que possuíam na
Palestina e na Síria, como sejam o do Monte Hermon, do Monte Carmelo, de
Quarantana, do Monte Nebo e de Moab. Mas, quanto à Gênese o testemunho da descida dos capelinos está ali bem
claro e patente nos seus primeiros capítulos e, por isso, estamos nos apoiando neles
com perfeita confiança, como base remota de documentação históricoreligiosa.
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OS EXILADOS DA CAPELA
SpiritualOs Exilados da Capela é uma das obras de Edgard Armond que trata de forma abrangente a evolução espiritual da humanidade terrestre segundo tradições proféticas e religiosas, apoiadas em considerações de natureza histórica e científica. Além d...