XII SETH ­ O CAPELINO

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Vimos, no capítulo dez, qual a significação simbólica dos primeiros filhos
de Adão — Caim e Abel —, e diremos agora que, do ponto de vista propriamente
histórico ou  cronológico, a descida dos exilados é representada na Gênese pelo 
nascimento de Seth — o terceiro filho — que Adão, como diz o texto: “gerou à sua
semelhança, conforme sua imagem”.
Isto é: aquele que com ele mesmo, Adão, se confunde, é­lhe análogo. Se Adão, no símbolo, representa o acontecimento da descida, a queda das
legiões de emigrados, e os dois primeiros filhos, o caráter dessas legiões, Seth, no 
tempo, representa a época do acontecimento, época essa que no próprio texto está
bem definida com o seguinte esclarecimento:
Os homens, então, começaram a evocar o nome do Senhor.
Isso quer dizer que a geração de Seth é a de espíritos não já habitantes da
Terra — os das raças primitivas, bárbaros, selvagens, ignorantes, virgens ainda de
sentimentos e conhecimentos religiosos — mas outros, diferentes, mais evoluídos, que já conheciam seus deveres espirituais suas ligações com o céu; espíritos já
conscientes de sua filiação divina, que já sabiam estabelecer comunhão espiritual
com o Senhor. Por tudo isso é que Moisés, como se vê no texto, desenvolve em primeiro 
lugar a genealogia de Caim e a interrompe logo para mostrar que ela não tem
seguimento — Cap. 4­8 a 24; nela só se refere a profissões, crimes e castigos, para
deixar claro que só se trata de demonstrar o temperamento, a capacidade intelectual
e o caráter moral dos indivíduos que já formaram a corrente de Caim das legiões de
exilados, como já dissemos; ao passo que desenvolve em seguida a genealogia de
Seth, a saber: a dos exilados em geral —  enumerando­lhes as gerações até Noé e
prosseguindo daí para diante sem interrupção, como a dizer que dessa linhagem de
Seth é que se perpetuou  o gênero humano, cumprindo­se, assim, a vontade do 
Senhor, quando disse: “frutificai e multiplicai e enchei a Terra.” A passagem referente a Noé daquela narrativa simboliza o juízo periódico 
de Deus, que, como já dissemos, ocorre em todos os períodos de transição, em todos
os fins de ciclo  evolutivo, a separação dos bodes e das ovelhas, o expurgo de
gerações degeneradas, acontecimento espiritual a que o Divino Mestre também se
referiu  mais tarde, no Sermão  do Monte, quando disse, em relação aos tempos
vindouros, que são os nossos:E  quando  o  Filho  do  Homem vier na sua majestade e todos  os santos  anjos com ele, então se assentará no trono de sua glória: e todas as nações serão 
reunidas diante dele e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as  ovelhas. À humanidade daquela época tocou  um acontecimento desses, com os
cataclismos que então se verificaram, que mais para diante relataremos.

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