“E aconteceu que, como os homens começaram a se multiplicar sobre a
face da Terra e lhes nasceram filhas; viram os Filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.”
Isto quer dizer que os degredados — aqui mencionados como Filhos de
Deus — encarnando no seio de habitantes selvagens do planeta, não levaram em
conta as melhores possibilidades que possuíam, como conhecedores de uma vida
mais perfeita e, ao desposarem as mulheres primitivas, adotaram seus costumes
desregrados e deixaramse dominar pelos impulsos inferiores que lhes eram naturais. Chegaram numa época em que as raças primitivas viviam mergulhadas nos
instintos animalizados da carne e, sem se guardarem, afundaram na impureza, não
resistindo ao império das leis naturais que se cumpriam irrevogavelmente como
sempre sucede. Já vimos que a encarnação dos capelinos se deu, em sua primeira fase e
mais profundamente entre os Rutas, habitantes da Lemúria e demais regiões do
Oriente, povos estes que apresentavam elevada estatura, cor escura, porte simiesco e
mentalidade rudimentar.
Esses detalhes, mormente a compleição física, ficaram também assinalados
na Gênese. Assim ela conta:
Havia naqueles dias gigantes na Terra; e também depois, quando os Filhos de Deus tiveram comércio com as filhas dos homens e delas geraram
filhos. 14
Este trecho da narrativa bíblica tem sido comentado por vários autores com
fundo interesse, servindo mesmo a divagações de literatura fantasiosa que afirma ter
havido naquela época um estranho conúbio entre seres celestes e terrestres, de cujo
contato carnal nasceram gigantes e monstros. Porém, como se vê, não se deu, nem teve o fato nenhum aspecto
sobrenatural, pois gigantes haviam, conforme o próprio texto esclarece, tanto antes
como depois que os capelinos — Filhos de Deus — encarnaram; nem podia ser de
outra forma, considerandose que eles encarnaram em tipos humanos já existentes, com as características biológicas que na época lhes eram próprias. E é sabido que os tipos primitivos, de homens e animais, eram agigantados
em relação aos tipos atuais.
14 Nephelim é o termo hebraico que os designa.
Nada há que estranhar, porque nos tempos primitivos tudo era gigantesco:
as plantas, os animais, os homens. Estes, principalmente, tinham que se adaptar ao
meio agreste e hostil em que viviam e se defender das feras existentes e da
inclemência da própria Natureza; por isso, deviam possuir estatura e força fora do
comum. Os Lemurianos e os Atlantes tinham estatura elevada e os homens do Cro Magnon, que já estudamos, a julgar pelos esqueletos encontrados numa caverna
perto do povoado do mesmo nome, na França, possuíam, em média, 1,83 m, ombros
muito largos e braços muito curtos e fortes, bem menores que as pernas, o que prova
serem já bem distanciados dos símios. As construções préhistóricas, como os dólmens, menires, pirâmides etc. eram de dimensões e peso verdadeiramente extraordinários, e somente homens de
muita desenvoltura física poderiam realizálas e utilizálas porque, na realidade, eram túmulos gigantescos para homens gigantescos, que ainda se encontram em
várias partes do mundo e em todas as partes têm, mesmo, o nome de “túmulos de
gigantes”.
*
Mas sigamos a narrativa bíblica no ponto em que ela se refere a essa
mistura de raças de orbes diferentes:
Então, disse o Senhor, não contenderá o meu espírito para sempre com o homem; porque ele é carne; porém, os seus dias serão cento e vinte anos.
Isso nos leva a compreender que a fusão então estabelecida, o cruzamento
verificado, foi tolerado pelo Senhor, sem embargo dos fatores de imoralidade que
prevaleciam e isso porque os exilados, conquanto fossem espíritos mais evoluídos
em relação aos habitantes terrestres, vindo agora habitar esse mundo primitivo onde
as paixões, como já dissemos, imperavam livremente, não resistiram à tentação e se
submeteram às condições ambientes; isso, aliás, não admira e era mesmo natural que
acontecesse, não só pelo grande império que a carne exerce sobre o homem nos
mundos inferiores, como também pelo fato de os exilados terem sido expulsos da
Capela justamente por serem propensos ao mal, falíveis na moralidade. Entretanto, mesmo tolerando, a justiça divina lhes criava limitações,
restrições; as leis para eles inexoravelmente se cumpririam, fazendo com que
colhessem os frutos dos próprios atos; suas vidas seriam mais curtas; seus corpos
físicos definhariam, como quaisquer outros que abusem das paixões, e seriam pasto
de moléstias dizimadoras. Vejase na própria Bíblia que para as primeiras gerações de homens após
Seth (tempo da descida) e até Noé (dilúvio asiático) considerável é o número de
anos atribuídos à existência humana, enquanto a delimitação de cento e vinte anos
estabelecida para os descendentes dos homens da corrupção representa uma
diminuição considerável, de quase dois terços.
Isso do ponto de vista físico, porque, quanto à moral, as conseqüências
foram tremendas e lamentáveis: com o correr do tempo uma corrupção geral se
alastrou e generalizouse de tal forma que provocou punições imediatas.
É quando a narrativa bíblica diz:
E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos do seu coração era má continuamente.
E mais adiante:
A terra estava corrompida diante da face do Senhor; encheuse a terra de violência, porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra.
*
Assim, pois, a experiência punitiva dos capelinos, do ponto de vista moral, malograra, porque eles, ao invés de sanear o ambiente planetário elevandoo a níveis
mais altos, de acordo com o maior entendimento espiritual que possuíam, ao
contrário concorreram para generalizar as paixões inferiores, saturando o mundo de
maldade e com a agravante de arrastarem na corrupção os infelizes habitantes
primitivos, ingênuos e ignorantes, cuja tutela e aperfeiçoamento lhes coubera como
tarefa redentora. E, então, havendo se esgotado a tolerância divina, segundo as leis
universais da justiça, sobrevieram as medidas reparadoras, para que a Terra fosse
purificada e os espíritos culposos recolhessem, em suas próprias consciências, os
dolorosos frutos de seus desvarios.
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OS EXILADOS DA CAPELA
SpiritualOs Exilados da Capela é uma das obras de Edgard Armond que trata de forma abrangente a evolução espiritual da humanidade terrestre segundo tradições proféticas e religiosas, apoiadas em considerações de natureza histórica e científica. Além d...