Sobrevivendo à dor

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Primeiramente, tô de volta! o/Fiquei muito feliz com todos os comentários e apoio que recebi de vocês e me ajudou em um momento MUITO difícil, e tá ajudando pq ainda to passando por ele.
Espero que gostem do cap, por favor deixem um comentário e façam essa autora feliz


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Dizem que a dor depende do grau de importância que um indivíduo dá a ela, quanto tempo é gasto pensando ou falando sobre ela; a afirmativa, é claro, era totalmente falsa e isso pode ser atestado por qualquer ser vivente neste mundo. Seja humano ou animal, racional oi irracional, qualquer ser que ande sobre esta terra é movido pela dor sem importar qual a sua natureza; a perda de alguém querido podia queimar de dentro para fora em uma agonia inimaginável, o medo de ter a carne rasgada e arrancada dos ossos faz com que ânimos corram mesmo com as patas quebradas e vertendo sangue, o instinto de sobreviver e afastar a dor faz com que sigam em frente até que não possam mais.


É curioso como seres humanos não passam de animais que detém alguma racionalidade, aprenderam a utilizar ferramentas e dominaram o mundo moderno, mas ainda continuam submetidos aos instintos de sobrevivência primordiais.


A dor rasgou a carne de Ella tantas vezes que não soube precisar quantas ou como havia sobrevivido. Enquanto estava correndo pelo vilarejo abatendo uma fera após outra sentiu-se viva, podia sentir o coração em disparada no peito ao bombear sangue por todo o seu corpo para mantê-la viva, seus membros e músculos trabalharam como uma máquina perfeita agindo com o instinto para superar o obstáculo; Ella não pensou, tentou não fazer isso, e apenas confiou em suas habilidades que a salvaram tantas vezes, mas então a dor irradiou por todo seu corpo e o tormento começou.


As garras dos lycans rasgaram sua carne, queimou como o inferno e qualquer sentimento de racionalidade foi expulso do seu ser, o mundo escureceu quando a inconsciência a assaltou e tudo desapareceu. Ella teve pequenos momentos de lucidez e conseguia lembrar-se de Klaus a carregando nos braços, pessoas gritando e chorando em algum lugar do vilarejo que não conseguiu reconhecer, seu amigo gritando por alguém que se chamava Luiza... Sua consciência ia e vinha como uma vela tremeluzindo na escuridão, e a cada vez que abria os olhos Klaus lhe pedia que não voltasse a fechá-los, que ficasse acordada e que iriam ajudá-la.


A dor lancinante a fazia desejar fechar os olhos e não abri-los novamente, seu único pensamento claro era na segurança de Judith e se ela havia ou não conseguido se esconder com as outras crianças, encontrava-se fraca demais para verbalizar suas preocupações mas conseguiu esboçar um sorriso quando Klaus contou que Judy estava à caminho do castelo; desde então foi difícil explicar a situação em que se encontrava, no liminar da consciência e sem conseguir controlar seus pensamentos; foi tomada pelo pavor de não conseguir voltar para casa, nunca mais participaria das brincadeiras de Daniela ou ouviria o humor sarcástico de Cassandra, não teria a chance de incentivar Bela a perseguir seus sentimentos ou ver Judith crescer... E Alcina... Ella temeu não ter a chance de se despedir, de dizer que a amava uma última vez, e foi esse pensamento que a fez lutar com todas as forças para conseguir voltar para casa.


Ao acordar novamente, dessa vez após um período maior de inconsciência, notou que estava deitada em algo macio e Alcina permanecia ao seu lado, a visão da mulher que amava a acalmou o suficiente para conseguir ordenar os pensamentos o suficiente para entender que havia sido resgatada pela condessa. Ainda doía, mas era uma dor que começava a se tornar familiar, os quatro grandes cortes rasgavam suas costas mas isso Ella conhecia, era o ferimento responsável por sua queda; Alcina tentou avisá-la de algo, mas foi como se não conseguisse compreender todas as suas palavras, não havia sentido no que seus belos lábios produziam, até que Ella entendeu.

Belas Criaturas (fanfic Lady Dimitrescu)Onde histórias criam vida. Descubra agora